Palavras Soltas: A (minha) Síndrome do Impostor

síndrome de impostor

Como escritores debatemo-nos amiúde com as complicações da mente. Da nossa e dos outros.

A nossa arte manifesta-se, exactamente, sobre as questões que colocamos, e as diferentes respostas que encontramos para as nossas escolhas tão humanas.

De tudo aquilo que pudesse causar impacto na minha escrita houve uma coisa que não antecipei: o sentimento de que nada do que já fiz tenha algum valor.

Publiquei um livro… grande coisa. Escrevi mais uns quantos… e? Acumulo contos… para quê? Mantenho três blogues publicando vários artigos por semana… para que serve?

Este é o perigo do síndrome do impostor. Nunca, nada, jamais, será suficiente para nós próprios.

Se escrevo, não fiz o suficiente, ou não fiz mais do que a minha obrigação.

Publique, não publique. Escreva, não escreva. Apareça todos os dias para a labuta, ou não. Nunca, nada, me faz sentir mais escritora… Dá vontade de rir.

É difícil libertar-mo-nos da sensação de que sem reconhecimento alheio, não produzimos nada de jeito. Sem validação externa, nunca nos poderemos apresentar como escritores. E, é fácil andar à deriva, sem objectivos concretos e planos concretizáveis.

Eu escrevo. Muito. Tenho um calo no dedo e um alto nas costas que o prova (se os textos não o fazem).

Criei mais ficção, ou não ficção. Artigos de blog ou contos. Prosa ou poesia. Deixei inúmeros projectos a meio. Terminei outros quantos apenas para os arrumar na gaveta.

Contudo, faz parte de mim sentir que nunca nada chega.

Em dias bons, há uma sensação de alguns passos dados, mas nunca de dever cumprido.

Enfim, cá estou eu para mais uns bocadinhos roubados ao dia.

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Prosperar cópia

4 comentários em “Palavras Soltas: A (minha) Síndrome do Impostor”

  1. Saiba que você não está sozinha. Eu tento explicar isso a um colega, ele pensa que é só fazer e pronto, mas replico que eu faço, as vezes fica pronto, as vezes não. É um trabalho interminável. Às vezes sinto que regredi, pois considero textos antigos melhores que os atuais, como se o fator maior fosse mais a sorte do que a habilidade.

    Pra você ter uma ideia, meu dilema atual é se escrevo à mão ou no computador. No computador escrevo mais e mais rápido, à mão escrevo digo mais com menos palavras. O mal entre um e outro é a vida: gostaria de escrever mais à mão, que é onde tenho mais desenvoltura narrativa e literária apesar do trabalho dado, porém me consome tanto tempo que um texto de 4 folhas, escrito sob a ausência de inspiraçao, me custa 2 horas ou mais. E nem mil palavras são escritas.

    1. Olá Lucas. É bom saber que não sou só eu que sofro disto. E é mesmo difícil explicar a quem não vive no nosso mundo de escritores. Desejo-te muita força para os teus escritos e obrigada pelo comentário 🙂

  2. Na minha visão, a essência de alguém que escreve para o mundo é comunicar e partilhar o seu Ser, o que sente, o que experimenta, o que vivência, o que observa em consciência.
    Pelo que já li, tu fazes isso de um modo admirável e genuíno, com uma grande qualidade de escrita, com muito coração e sentimento transportados nas tuas palavras, os quais se percebem facilmente e nos tocam profundamente.
    Para mim, o carácter mais nobre do ser humano, define-se muito pela sua capacidade de uma auto critica desnudada e sincera, num humilde reconhecimento que perante o Todo nada somos e o que fazemos, nada representa nesta imensidão que nos envolve e nos inunda.
    No entanto, na Verdade somos absolutamente tudo, tudo o que realmente existe, o Ser.

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