Recursos do Escritor: O que queres dizer? O Tema/Mensagem

yin-yang‘You may be wary of “message-driven art” (…) But you should also be wary of meaningless art. Art has meaning, just as food has flavor. It’s a mistake to make that flavor either too strong or too weak.’ In ‘Writing Fiction for Dummies’

Nesta busca constante por aperfeiçoar a arte da escrita, tenho procurado aprofundar a Mensagem ou o Tema como motor de produção de textos. Uma pesquisa, que dura há algum tempo, sobre os meandros dos significados, mensagens e referências, adensou a vontade de perceber como funciona este processo de transpor para os nossos escritos aquilo que realmente procuramos partilhar com os leitores.

A arte é uma forma de comunicar. Através dela passamos uma, ou várias, mensagens. A ficção é arte. Logo, toda a ficção tem uma mensagem. E, a boa ficção, tem uma mensagem profunda.

A mensagem é o Tema da nossa história. O significado profundo da obra.

Descobrir o Tema não é tarefa fácil. Na maioria das vezes, escrevemos um rascunho inteiro antes de conseguirmos identificar qual o tema da nossa história. E, isto, é perfeitamente normal. Por vezes, temos de escrever inúmeros rascunhos, de rever várias vezes, antes de sermos capazes de identificar o Tema. Mesmo que tenhamos desenvolvido o primeiro rascunho com uma qualquer ideia formada.

Descobrir o que a nossa história significa faz parte da nossa função de escritores.

O Tema é o significado mais profundo da obra, a mensagem principal que tentamos passar ao leitor. Essa mensagem pode ser a tua opinião sobre um livro, a receita do teu doce favorito, a tua visão do mundo ou a tua filosofia de vida. A ficção não deve ser criada apenas para passar uma mensagem. Mas, também não devemos criá-la sem qualquer mensagem. Como em tudo, é preciso encontrar a medida certa.

Um Tema deve ser:

  1. Verdadeiro – a frase que sumariza o tema deve expressar algo de verdadeiro sobre o mundo.
  2. Importante – o tema deve focar algo com significado na vida.
  3. Curto – o tema deve resumir-se numa frase (nunca num manifesto).

É imperativo que primeiro desenvolvas a história, as personagens, o enredos e os sub-enredos e, só depois, o Tema. Este só deve ser trabalhado no fim, depois da criação da história e de várias revisões efectuadas. Isto porque, os temas tendem a surgir de forma orgânica, intrínsecos à história das suas personagens. O que fazemos no final é ajudá-lo a sobressair e torná-lo coerente.

Estes Temas que surgem imbuídos na ficção são os mais fortes porque possuem algo de natural que se revela ao longo das páginas. Se condicionarmos o enredo ao Tema, construindo uma história cujo objectivo é provar a sua veracidade, arriscamos torná-la num sermão ou em algo vazio com o qual o leitor não se identifica.

Cada leitor preocupa-se apenas com o que a história significa para si e não poderia estar mais distante da preocupação que o escritor tem pela existência dum Tema. Mas, no final, se o leitor não captar o Tema é porque não lhe demos pistas suficientes para que ele o descobrisse, nem conseguimos envolvê-lo realmente na história. Quando isto acontece pode ser porque o tema é fraco ou inexistente.

Quantos livros devoramos e, ao fim duns dias, constatamos que já nos esquecemos por completo da história? Quais são aqueles que permanecem connosco? Cada leitor tira algo diferente dum texto. Cabe ao escritor definir o que deseja comunicar e esforçar-se para que essa mensagem seja entregue da melhor forma possível.

Alguns exemplos de temas:

O Senhor dos Anéis’ de J.R.R. Tolkien – Na luta entre o Bem e o Mal, o Bem é sempre vencedor porque o Mal derrota-se a si próprio.

‘Entrevista com o vampiro’ de Anne Rice – A vida rouba a inocência, destrói o espírito e endurece coração do Homem, transformando-o num cínico.

‘O Grande Gatsby’ de F. Scott Fitzgerald – A recusa em reconhecer as tuas circunstâncias deixa-te exposto às consequências da leviandade alheia.

‘1984’ de George Orwell – Não há nada mais importante do que o poder.

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