Experiência de vida e mitigar aquilo de que somos feitos

experiência de vida

Olá a todos. Sejam bem-vindos a este blog.

Aviso: este é um desabafo. Não tem nada a ver com a escrita ou a vida criativa, a não ser como material em bruto. Se não estão interessados em assuntos mais pessoais, ou olhar para experiências mais dolorosas, aconselho que sigam para o próximo link, e não leiam para além desta frase. 

Retomarei os artigos normais na próxima 5ª feira.

Todos temos certos assuntos delicados. Vivências que nos magoam, e definem quem somos, ao longo da vida. As nossas experiências, aquelas que nos empurram a optar por algo, em detrimento de outra coisa qualquer.

Os dedicados ao estudo da Psicologia são ensinados a relacionar certos aspectos dos comportamentos, e pensamentos das pessoas, com esses assuntos delicados. E, com os motivos para existirem.

A forma como cada um de nós experiencia esta vida, e como nos sentimos, ou a aparente ausência de sentimentos, é correlacionada com aspectos da nossa infância, relações com outros, e influências externas quando éramos demasiado novos para compreender.

Para os leigos, como eu, só posso procurar respostas nos meios que tenho ao dispôr. Livros, formações, artigos e outros recursos que me ajudem a compreender porquê.

Mas, com a perfeita noção de que certos temas são recorrentes, situações que causam sofrimento, uma e outra vez, sem nunca parecerem ter uma resolução, apenas aceitação ou negação total, é nesse momento que começo a reflectir a sério sobre quem sou, porque sou como sou, e como desejava que a minha experiência formativa tivesse sido.

Mas, o que fazemos quando compreendemos de onde vem, mas não temos meios para o resolver?

Como aceitamos aquilo que não tem solução? Como aceitamos o que é?

O meu pai costuma dizer que ‘aquilo que não tem solução, solucionado está‘. E, por mais que nos custe, é verdade. E, é esta compreensão que nos ajuda a decidir de forma imediata o que deveria ter sido claro desde o início e que, por barulho interno, deturpou-se.

Como aceitamos, quando as circunstâncias são socialmente normais, espalhadas por grande parte de nós e algo, relativamente, leve para o tipo de coisas que existem por aí? Porque há sempre alguém que recebeu tratamento pior.

Como aceitamos quando a noção de certo e errado é desfocada? Ou, porque existem por aí outro tipo de circunstâncias gravíssimas, que não se verificam neste caso específico? Como aceitamos o menos do que desejável, sabendo que há pior?

Já vi/ouvi pior. Muito pior. Outras pessoas, circunstâncias e realidades, que não são minhas para comentar ou partilhar, mas que me ajudam a enquadrar a minha experiência. Assim como o conhecimento de realidades melhores.

Não havendo esse extremo, como ultrapassamos aquilo que nos foi feito, não por maldade, nem mesmo por descuido, e sem dúvida que, nunca por negligência e, no entanto, nos marcou para a vida toda?

Como aceitamos aquilo que nos corta, profundamente, sabendo que não foi intencional? E, no entanto, existiu/existe.

Aceitando que damos o nosso melhor, sim. Aceitando que não há/houve capacidade cognitiva para algo diferente, sim. Aceitando que, como não é por maldade, está tudo bem.

Acredito que nada nos prepara para certas realizações. Nada nos abraça para a revelação de que, por mais que façamos, que sejamos, que tentemos ser, nunca seremos suficientes. Nunca seremos o que foi desejado e, por isso, amado para lá que qualquer erro ou razão.

Pouco há que nos sirva de amparo quando percebemos que nunca vão compreender, ou fazer sentir que pertencemos de facto.

Só podemos aceitar. Mas quão difícil é aceitar?

E, é quando nos vemos nesse papel, quando é a nossa vez de assumir essa função, que compreendemos o que gostaríamos que tivessem feito por nós. A compreensão, e aceitação, que desejávamos ter recebido. O amparo real que procuramos dar, porque não fomos alvo dele.

É quando nos vemos a tentar evitar ao máximo uma situação, a sair do nosso caminho para cuidar (porque o sacrifício é a única parte que faz sentido), é quando percebemos que estamos a tentar compensar, através de outrem, aquilo que precisámos e não tivemos. Ou, que tivemos de forma diferente, ou através de outras pessoas, aquém do que deveria ter sido.

É nesse momento que compreendemos a real necessidade de curar essa parte de nós.

Pior ainda, é quando começamos a ver certas escolhas que fizemos como reflexo dessa falta que sentíamos, mas que, até ali, não compreendíamos, e não sabíamos aceitar. Acabando por escolher aquilo que nos ia magoar, porque é tudo o que conhecemos, e que acreditamos que merecemos.

Nos piores momento, acordamos a chorar. Sonhamos em diferentes iterações do tema. Vivemos a mesma situação, uma e outra vez, sem nunca compreender como evitar, ou mitigar os efeitos do que vivemos.

Mas está tudo bem. Amanhã é outro dia. Esquecemos amiúde.

Procuramos encaixar. Curar. Encontramos o que nos apazigua a dor. Aceitamos o que é. Compreendemos que, quem somos, não é reflexo do que sentimos. E, o que pensam sobre nós, não é quem somos.

Custa. Dói. Passa. Tudo passa…

Seja qual for a forma que encontramos para fazer com que passe.

Parte positiva do assunto? Se aceitar o que é, talvez possa procurar sentir-me melhor com quem sou. E, continuar a contribuir para não perpetuar a cegueira.

O resto? Logo se arranja… e, talvez dê uma mão cheia de histórias.

Obrigada e Até Breve!

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