Pára a produção da última fábrica de máquinas de escrever do mundo, a Godrej and Boyce situada em Bombaim na Índia. Ou então não! No meio de rumores e divagações a informação que circula é que a Godrej and Boyce parou de fabricá-las (estranho é que o site nada menciona sobre isso…). Mas parece que lá para os outros lados do mundo elas ainda saem novinhas em folha de outras fábricas.
E apesar das vantagens do uso de um computador vs uma máquina de escrever, não deixa de ser com alguma nostalgia que vejo esta máquina deixar de ser produzida como produto de uso frequente e passar a ser item de coleccionador.
Sim, fazia um barulho infernal. Sim, os enganos eram dificilmente disfarçados. Sim, era pesada como chumbo. Sim, a fita acabava-se e os ferrinhos prendiam. Sim, era difícil manter uma linha a direito, as letras perfeitamente alinhadas e os espaços entre linhas à mesma distância entre si. Mas foi a minha primeira maquineta de escrita… Ainda a tenho, e ainda me lembro tão bem do quanto foi preciso em choraminguices e pedinchices para que me fosse oferecida pelos meus pais. E mais uma vez lá se ouviu a fatídica: “Tem de ser tudo como tu queres!”
Mas a máquina serviu horrores, trabalhou horas a fio e viu passar pelo seu rolo preto milhares de folhas. Mesmo depois de uma certa banalização dos computadores em Portugal, eu ainda a usava, inúmeros trabalhos de casa foram escritos através dela e, mesmo com todo o uso que teve, posso gabar-me de ainda estar como nova (excepto a tampa que se partiu, já não me recordo como…).
É com alguma nostalgia que me despeço de um dos meus primeiros “brinquedos”, mas fica a sensação de que algo precioso existiu, e que o tempo passa para tudo e todos. E aí fica a dica para quem gosta de coleccionar velharias e quinquilharias.
PS: A máquina da foto não é a minha, mas sim um desses itens perdidos algures numa garagem cheia de outras peças de colecção, com o qual me cruzei por acaso.
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