Às vezes, é difícil escrever um artigo. Em especial, quando a paixão que sentimos que devemos seguir nos complica a vida.
O que temos de fazer e o que desejamos fazer costumam antagonizar-se com frequência…
Às vezes, misturo o que um blog deve ser, e o que desejo que este blog seja, e devo relembrar quais são as minhas prioridades.
Por um lado, um blog é um sítio onde colocamos o que nos vai na alma. Onde escrevemos sobre um dado tema, que nos é querido, e como temos progredido ou regredido a esse respeito.
No meu caso, empreendi uma espécie de diário de bordo onde registo o que vou aprendendo sobre a Escrita, Escrever, a Criatividade e a Vida que quero que seja criativa e cheia de livros e letras.
Mas, por outro lado, tenho construído uma espécie de repositório de conhecimentos sobre aqueles temas que, como escritora, me coloca mais problemas e me empurra a contemplar como resolver os assuntos.
Neste domínio, procuro expor algumas bases e incentivar-vos a seguirem a vossa própria linha de investigação nesses assuntos. Afinal, escrevo sobre mim mas, acima de tudo, escrevo para vós.
E, é por isto que, por vezes se torna complicado escrever um artigo.
Não obedeço a métricas, estudos de mercado, SEO e, salvo raras excepções em que procuro escrever sobre uma qualquer data especial, não costumo obedecer a um calendário.
Esta é a minha veia contrariadora. Sim, blogues com milhões de visitas são um negócio, esmiuçado à ciência por trás dos colectores de números e vendas de publicidade. Há 14 anos que esse não é o objectivo deste espaço.
Alimento-o com a energia e os recursos que possuo. E, não. Não me vou queixar da vida… Adoro escrever estes blogues (os meus e para outros).
Passo os dias a relembrar-me porque escrevo. Porque escrevo ficção que ninguém lê. Porque escrevo um blogue para os 1072 espectaculares subscritores (no momento). Porque escrevo micro, mini e outros tamanhos de contos.
Passo os dias a relembrar-me porque gosto de aprender mais sobre Escrita, nos seus diversos formatos… comecei uma empreitada sobre screenwriting que aconselho e estou a praticar de uma outra forma mais formal (que vou guardar para a Newsletter desta semana. Subscrevam o blog e saibam mais sobre isto).
Passo os períodos mais produtivos do meu dia a Escrever, e passo os melhores momentos do dia a fazê-lo. Fora do horário da nossa vida que pertence a outros…
Mas, o que fazemos quando nos deixamos consumir pelas nossas paixões? Quando é uma luta constante discernir entre o que devíamos estar a fazer e o que nos apetece fazer?
Como usamos o que alimenta as nossas paixões naquilo que escrevemos?
E, se as nossas paixões nos fazem mal?
Às vezes, é mais fácil viver de forma despreocupada. Seguir as regras dos outros, manter o nariz limpo e a cabeça nas nossas obrigações formais. É mais fácil viver como os outros entendem que devemos viver, e manter-nos passivos nas paixões, que nos poderiam animar, se as deixássemos.
Seria mais fácil encontrar escapes temporários, que aliviassem a culpa de não fazer o que se gosta, e retirar-nos da responsabilidade de aparecer para escrever e nunca se ser nada digno de se ser notado.
Seria mais fácil não pensar com clareza no que temos de ser e de fazer. Viver ao sabor da maré global, que nos impele para aqui e para ali, sem um remo que possamos usar para manobrar.
Seria mais fácil?
Não sei. Às vezes penso que sim. Noutras, acredito que não seria mais fácil.
Usamos o que nos anima, o que nos dá vida, mesmo que nos complique a vida. E, somos mais loucos por isso. Agarramos as paixões que sentimos para encher as páginas que escrevemos. Fazemo-lo porque, para escrever com sentimentos, precisamos sentir.
E, quando a paixão que sentimos que devemos seguir nos complica a vida?
Não sei. Não tenho resposta. Mas é uma boa pergunta!