Olá a todos. Sejam bem-vindos a esta [Vida Criativa].
Na semana passada, tive a oportunidade de visitar pela primeira vez o Centro de Arte Moderna na Gulbenkian (CAM).
Confesso que fui pela exploração do edifício, porque esta iteração foi inaugurada há poucas semanas e, apesar de ter vivido em constante passagem pela rua principal, poucas foram as visitas que fiz, exceptuando as idas à livraria, enquanto frequentava a faculdade mas, não quero afastar-me do tema.
A reimaginação do novo CAM é, maravilhosamente, linda. Os jardins mantém a beleza natural. E, o edifício principal nunca perde o charme mas, este novo edifício? É inspirador.
Choveu imenso, no dia da visita e, pareceu-me que existiam quedas de água que brotavam dum lado do telhado, e uma parede de água do outro lado. Maravilhoso. Estamos dentro de um edifício e, no entanto, o jardim está a dois passos, qualquer que seja a direcção em que olhamos.
Por baixo da pala exterior faz lembrar os barcos — como é da natureza portuguesa relembrar — com reminiscências à construção na Expo 98′ e da enorme pala do edifício de Portugal.
O CAM, redesenhado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, em colaboração com o arquiteto paisagista Vladimir Djurovic, e “Kuma inspirou-se na tipologia Engawa, um caminho protegido pelo beiral do telhado, que não é totalmente interior ou exterior e que se encontra frequentemente nas casas tradicionais japonesas.” — Novo Edifício
Mesmo se as minha referências são diferentes, verdade seja dita, olhamos para a simplicidade da entrada principal, os elementos estéticos reminiscences, e encontramos sentido e significado.
Gostei muito da experiência de visitar este novo espaço. E, fiz a visita interior necessária…
Onde concluí que: há muita arte moderna que não é a minha cena.
E, porquê? No caso específico, e não querendo entrar no aquém da curadoria da exposição, falta sentido. Quando olho para uma peça e não lhe reconheço qualquer significado, um sentido para a sua existência, uma explicação, perco o interesse.
Claro que os conhecedores de arte dirão que é falta de cultura sobre o tema, o autor, a obra em especial…
E, até concordo.
Contudo, uma obra de arte que não se esforça por nos suscitar curiosidade em ir procurar sentido, significado, para além daquele que, aparentemente, existe (mesmo para um leigo), fica aquém do seu propósito.
Vá, Arquitectura é uma Arte de pleno direito e, reconhece-se qualidade e inovação, e sentido, e raízes, quando se vê. Uma exposição (ou várias) no mesmo local, devia esforçar-se por atingir o mesmo resultado.
Mas, não tenho nada contra arte moderna, ou qualquer outro género, tendência, estilo… Cada um faz o que faz. Só não me revejo em certas exposições.
Em cada Arte, parece-me que é difícil atingir este ponto de demonstrar sentidos e significados. E, apesar de partirmos todos dum sítio em que somos humanos e criadores, a verdade é que é difícil suscitar empatia e mais ainda, acertar no sítio em que o outro se revê na obra que criámos.
E, no entanto, isto parece-me essencial… Sei que é essencial. E, sei que é algo que não determina o sucesso de uma obra.
Há uns anos, ouvi um podcast em que explicavam parte de como se mantinha o valor monetário de certas obras de arte, criadas pelos chamados mestres de outros tempos. Foi… revelador.
Havia um aspecto dos interesses económicos nas grandes — caras — obras de arte dos séculos passados, que não tinha percebido (A parte económico-financeira é sempre um calcanhar de Aquiles para mim). E, esse factor era como se mantém o valor absurdo de certas obras de arte, através do controlo absoluto da quantidade de obras no mercado, e de quem as adquire.
Saberão, aqueles que são da área, muito mais do que isto. No entanto, para o observador comum, para aquela pessoa que (como eu) acredita que uma obra de arte tem valor se tiver um significado profundo, e for capaz de conversar de formas muito particulares com a pessoa que a observa, isto é um desapontamento.
Enfim… que as vossas construções criativas possam ter a qualidade da significância e do significado. Assim como, a solvência necessária para persistir no tempo.