Para escrever, assim como para falar, é preciso saber o que se quer dizer. Qual a mensagem que se pretende passar, qual a melhor estratégia para comunicar a mensagem, qual o meio que desejamos utilizar. Comunicar sob a forma escrita pode obedecer a muitas regras. Se deixarmos que assim o seja!
Dezenas, ou mesmo centenas, de pessoas tentam explicar racionalmente como compor aquela pequena obra de arte que nos assombra o espírito. Tentam ensinar, por A+B, porque devemos saber isto, aquilo ou o outro. Tentam incentivar, desmotivar, ou mesmo usar quem os lê.
Criam frases marcantes, grandes textos supostamente inspirados pelo saber académico sobre como escrever um livro, uma história, um conto, ou qualquer outra obra escrita. “Pequenas ajudas” que podem fazer a diferença, tanto em incentivo como em destruição do acto de criação.
E quando te sentas em frente a uma folha em branco e percebes que não precisas daquilo que te foi “ensinado”?
Não é que não precises de aprender, de ler, de criar as tuas próprias ideias, de te sentires inspirado com algo que alguém já escreveu. Não falo disso, mas sim daqueles momentos em que tudo sai naturalmente (o método preferido de qualquer mortal), as palavras ganham forma, as frases dão sentido às ideias, as histórias fluem livremente, como se já existissem algures num outro plano metafísico.
Aqueles momentos a que chamamos de inspiração, de musa ou de génio. Aqueles em que o resultado final, polido e organizado, não é importante. O que é absolutamente indispensável é a história em si, trazida para a luz do dia, pelas mãos de um qualquer ser humano, imperfeito e desejoso de a partilhar.
As histórias que retratam a vida, real ou imaginária. As histórias que servem de escape às do dia-a-dia, mas que se baseiam nelas. As histórias que se formam na mente de alguém que, querendo reinventar a vida, a usa em seu benefício, e no de outros se a sociedade o permitir.
Podem ser histórias reais, de ficção, poemas ou letras de músicas, todas elas contam algo, ensinam algo, e com elas aprendemos a separar-nos do nosso “eu” mesquinho, e a abarcar os milhões de outros “eu” tão diferentes e tão iguais de nós próprios.
Nem sempre sabemos o que queremos dizer. E nem sempre sabemos o que queremos escrever. E se a mensagem que queremos passar, for tão simples como: Estou aqui. E vocês, onde estão?