Amargura

Assume, diz a verdade.

Ou mente, preciso de algo.

Em tantas palavras, não há saudade?

O que me deixas? Desaire.

 –

Grita, cospe tudo o que te engasga,

Não te remetas ao silêncio!

Este não é um momento de calma,

É dor que se espalha e gasta. Desalento.

 –

Enraivece-te e dispara,

Não posso admitir que o guardes.

A coragem não é falha,

É vício de quem não sabe.

 –

Diz qualquer coisa,

Assume, grita, cospe, desembucha.

O nada que levas repousa

O que te consome puxa.

 –

E mesmo assim, nada tens a dizer?

Descobriste a cura?

Ou é outro tipo de poder?

O da amargura…

Sara Farinha

……………

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