– “Why don’t you like to be touched?”
– “Because I’m fifty shades of fucked-up, Anastasia”
‘Fifty Shades of Grey‘ de E.L. James
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Adiei esta leitura por puro preconceito. Não só pela exaltação da BDSM, mas porque fui acometida por aquela coisa que me assola, quando algo está na moda é o último no qual eu quero pegar. As vívidas opiniões dos outros, mais ou menos fundamentadas, provocam destas coisas.
Estou satisfeita por ter ignorado o crítico infundado que há dentro de mim. Se julgasse o livro pelas opiniões dos outros nunca iria conhecer a realidade e estou convencida que esta história representa um bom entretenimento.
Das inúmeras críticas literárias, e opiniões pessoais que li, concordo com alguns pontos básicos. Não é uma obra literária completa, um exemplo primoroso da arte ou um candidato ao prémio Nobel da literatura. É, sim, uma história surpreendente com uma forte carga psicológica e emocionalmente complexa.
Grey é um imbróglio pegado. Ao longo dos três livros observamo-lo evoluir dum estereótipo para um exemplo de complexidade humana. Um homem que tinha tudo para se tornar num assassino em série e, no entanto, ressurge do outro lado dos acontecimentos como o exacto oposto.
Quanto a Anastasia Steele, para quem era tão inocente, lidou excepcionalmente bem com um mundo tão novo. Encarou o desafio, cresceu como personagem e tornou-se adulta por mérito próprio.
Esta é uma trilogia cheia de mistério, acção e emoção, que consegue chocar o leitor com algumas das suas cenas e trazê-lo para o outro lado da questão, forçando-o a encarar preconceitos e a reflectir sobre algumas convicções pessoais. Penso que exagerou-se bastante nos rumores de cenas BDSM. Já li pior, infelizmente, por escritores mais conceituados que não se importaram com contexto, enredo ou mensagem.
Pessoalmente, acredito que o choque relaciona-se com a confrontação do leitor com estilos de vida alternativos que fogem à definição de amor romântico. A frustração da predisposição do leitor para a tradicional história de amor abala mais do que qualquer cena descrita nestes livros.
Também não posso deixar de mencionar as referências musicais que ajudam a construir esta história. Há ali muito boa música, de vários géneros e épocas diferentes.
Percebo porque suscita tanta controvérsia e concordo com algumas das críticas feitas mas, e no rescaldo da leitura, afirmo que é um bom entretenimento. Uma leitura linguisticamente mais leve mas humanamente complexa. Uma trilogia para quem gosta de uma história de amor fora do convencional.
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Não é de facto uma obra literária. Mas a autora merece que lhe tirem o chapéu, pela capacidade que demonstrou em “agarrar” o leitor a cada palavra, a cada frase, a cada pagina da sua primeira obra, provocando-nos inumeras sensações á medida que a história corre.
Eu simplesmente, adorei!