Aviso: Este artigo contém algo sobre as vossas visitas a certos artigos, a minha motivação para os escrever, o que suponho que encontram quando os lêem, e as forças que impelem o processo de escrita criativa.
Na semana passada houve um pico esquisito de tráfego no blog. Claro que fui em busca do artigo especial que garantiu assim tantas visitas.
Foram dois. Um deles, através de acesso directo através dos motores de busca, cujo título é 7 formas de começar uma história.
Esta ocorrência fez-me pensar nos inícios deste blog e como certos conteúdos vieram a ser…
Comecei por aqui: Como não começar uma história, ou 7 formas de começar uma história… ou, ideias e inspiração para começar uma história.
Ponderei as minhas intenções, quando comecei a escrever este blogue, e no nascimento do conteúdo dos Recursos do Escritor (aquelas ferramentas que nos ajudam a obter conhecimentos que possamos usar na nossa escrita e investir no acto criativo).
Os inícios de escrever sobre escrita, as suas ferramentas essenciais e a motivação necessária para empreender este projecto.
Sei que são estes artigos que servem de porta de entrada aos conteúdos deste blogue.
Conheço o conjunto de artigos que são a entrada dos leitores neste espaço virtual. Conheço-o e gostava de alargá-lo a todos os temas respeitantes à motivação, inspiração e criatividade.
Sei que costumam ir ao motor de busca de preferência e teclar qualquer coisa como “ideias para começar uma história”. E, depois, aparecem todos aqueles artigos categorizados como Recursos do Escritor.
Um clique e estão a ler estes conteúdos. Semana após semana, costumam ser estes os que servem de boas-vindas aos visitantes deste sítio.
E, apesar de já não ser hábito escrever desta forma com ‘7 ideias para’, ou ‘3 coisas a ver’, ou algo do género, não porque tenha problemas com os números, ou com a simplificação através de uma espécie de regras, porque não tenho, mas descobri que cada uma destas formas de simplificar trazem outros temas interessantes e que não cabem na fórmula 5 regras para isto ou aquilo (até porque suspeito que estas regras todas advêm da nossa necessidade de encaixar peças de um puzzle que não pode ser finalizado desta forma).
É bom Começar…
Escrevo muito sobre Começar. Acredito que é bom querer começar. É excelente querer aprender como começar.
É óptimo querer começar, aprender a começar e a fazer o que é preciso para começar.
O que encontram nestes artigos procura ser um acto de descomplicar teorias que, para quem quer começar a escrever uma história, parecem difíceis de abarcar.
O que encontram aqui, nestes artigos mais ‘regrados‘ é o início de uma possível pesquisa. Informações que geram muitos outros resultados em livros, websites e afins.
Mas o que proponho com estes artigos é algo mais. O que encontram neles é pura vontade de vos inspirar. Aquela palavra, ou ideia, que vos desperte outros saberes, e vos leve a querer investigar mais… e, se possível, gerar outras ideias.
Como escreve Thomas C. Foster (ref.):
Sometimes a meal is just a meal, and eating with others is simply eating with others. More often than not, though, it’s not. – Thomas C. Foster
Num capítulo chamado ‘Nice to Eat with You: Acts of Communion’, vemos camadas sobre camadas de significados possíveis descritos num acto de comunhão tão simples como uma refeição em conjunto.
É um pouco disto que procuro imbuir em cada um destes artigos: a inspiração para querer investigar as diversas camadas de significados e instigar o desejo de querer saber mais.
Todos nós começamos por criar coisas simples, procurar entender as bases, descobrir o que nos faz querer escrever qualquer coisa.
Depois, se continuarmos investidos no progresso, desenvolvemos a aprendizagem, procuramos uma Prática Deliberada, e evoluímos para outra coisa qualquer, munidos dos nossos próprios significados.
Camadas de Significados
E, como relembrei esta semana, no podcast CREATIVE PEP TALK, que oiço há vários anos de forma, mais ou menos, constante (e que acredito já ter mencionado antes), são estas camadas de significados que procuro imbuir naquilo que escrevo, e inspirar-me a continuar.
São as peças de um puzzle, o nosso próprio puzzle, de vida gigantesco que vamos aprendendo a encaixar. Trabalhando, atentos ao que nos rodeia, inspirando-nos a continuar.
Aquela conversa toda de acompanhar a mudança, e continuar a aprender, de estarmos de pé sobre os ombros de gigantes (escrevi algo sobre isto aqui…), significa estarmos despertos para o que nos rodeia e como o usamos na nossa escrita… mesmo se de forma inadvertida.
São os significados das coisas com que contactamos que nos ajudam a compreender, não apenas as bases, mas as diversas camadas de significados possíveis.
Chegam a este blogue à procura de uma ideia para dar início à obra que vos anda a perturbar… o meu objectivo é que saiam dele (ou melhor, que vão regressando amiúde) com a inspiração, e o desejo, de continuar a procurar tudo o resto, em múltiplos sítios, que faz parte desse universo e que representa uma ideia inicial.
Ideias para Começar…
Nunca tive uma ideia para uma história que levasse menos de um ano a maturar. Por tradição, leva vários anos. Adorava apressar o processo mas não consigo.
A (minha) verdade é que só vejo as coisas quando estou preparada para elas. Só tenho ideias essenciais à prossecução de um projecto quando chega o momento certo. Só persigo e concretizo algo quando reuno o que considero essencial para o fazer (mesmo que o essencial resida na imensa e inextinguível vontade de procurar saber mais).
Era espectacular poder chegar a uma página, escrever tudo o que me vai na mente, e obter um resultado brilhante. Lamento informar-me mas…
sei que nunca vai acontecer!
Primeiro, pensamos nisso. Depois, somos assombrados por uma ideia, um conceito, uma noção ou cor. Depois, começamos a querer saber mais, a procurar e investigar. Depois decidimos que vamos perseguir a ideia em si. Depois fazemos tudo o que está ao nosso alcance para a executar… mesmo quando significa que ficar parado frente a uma parede metafísica de dúvida, medo e insatisfação.
Quando aprendemos o que nos for essencial, seguimos caminho, continuamos, apontamos, reunimos material. Depois, ou em simultâneo, escrevemos, apontamos, revemos, reescrevemos, idealizamos.
Quando completamos um projecto (criativo) deste tipo, costumam passar-se anos. E, depois, o que fazer com ele? Depende. Tudo depende do que queremos fazer com ele. E, entretanto, e mesmo em simultâneo, seguimos para outro projecto… ou vários… ou de outros tipos.
Não importa. Porque para criar, não importa em que ponto da criação estamos, apenas que estamos a fazer o que o nosso coração nos diz… e, abertos às forças criativas do Universo.
Forças que nos impelem a ir, a pensar, a escutar, a tentar ou… a falhar e desistir… para, apenas, pegar num novo projecto.
Falhar é…
Só falhamos quando paramos de perseguir o que desejamos, quando desistimos de tentar, quando nos recusamos a trabalhar com tudo o que temos nas ideias que nos surgem. Só falhamos quando nos perguntamos tantas coisas que nos colocamos em stress profundo sobre o que temos de fazer.
Só falhamos quando não somos verdadeiros para connosco próprios… quando não admitimos o que queremos ou o que não desejamos ter.
Tudo o resto são experiências e material a coleccionar para usar depois.
Ouvi uma frase brilhante, que achei que se enquadrava na perfeição:
O outro artigo celebrava um Dia do Pai passado. E, por vezes, uma imagem é suficiente.
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Referências:
- Creative Pep Talk – Ep.357 – 3 Psychological Principles That Will Make Your Art More Effective
- Recursos do Escritor: 7 formas de começar uma história
- “How to Read Literature Like a Professor“,Thomas C. Foster (ISBN: 9780060009427)
- Daily Jay ‘Fire Alarms’ in Calm