Olá a todos. Sejam bem-vindos a esta [pausa de Domingo].
Ansiar por plantas e natureza… que sensação tão estranha, mas que me acomete com frequência.
… Isto, vindo da pessoa que, não tem paciência para cuidar de flores ou plantas em vasos, e que até cactos mata. Água. O meu problema é esquecer-me de regar… ou afogá-las.
E, no entanto, a ânsia de estar em contacto com plantas, ao ar livre, na natureza, é real.
Suponho que se deva `à vinda da primavera, nos seus momentos mais bonitos de calor húmido que me enchem o espírito. Nas manhãs frescas, e musicais, que nos convidam a sair e andar. Nas dezenas de pássaros que se ouvem a cantarolar lá fora e na realização de que o mundo explode de cor, cheiros e vitalidade.
Comecei a ansiar ter (de novo) plantas em casa. Mas, como isto é algo que não acontece sem variadas espécies de insectos escolherem a invasão doméstica (motivo pelo qual vivemos sem plantas, e sem mosquitos enlouquecedores, que nos sobem pelo nariz acima quando estamos activos) não posso ceder a este impulso.
Olho pela janela e, à disposição dos meus olhos e espírito, tenho um grande pedaço de natureza não manicurada, que se apresenta tão selvagem como intransitável. Olho para ela com frequência. Afinal, a posição da minha secretária foi escolhida nesta relação de proximidade, e aprecio ver as árvores, as flores selvagens e os pequenos animais que aqui vivem.
Em criança, vivi bastante o ambiente exterior. Brinquei na rua, trepei árvores, corri nos caminhos pedestres, pelo meio de terrenos baldios, muros de pedra que desmoronavam e riachos onde comi amoras silvestres, picava dedos, raspava joelhos e era mordida por insectos.
Aprendi que não se passeia de calçado aberto nos campos, por mais motivos do que um.
Cuidar que a pedra, ou a árvore caída, não é banco infestado de aranhas ou formigas. Que não perturbamos ninhos de pássaros pendurados nos ramos das árvores. Que não levamos à boca nada que não seja seguro para comer. Que não caímos dentro de nenhum poço decrépito. Que sabemos, exactamente, onde podemos brincar à sombra, e onde encontramos barro, conchas fossilizadas, pedras bonitas ou outros tesouros naturais (ou abandonados… assim tipo lixo).
Conhecer as épocas de caça (e manter-nos livres dos parvalhões que andam armados por esses caminhos sem visibilidade, a disparar sobre tudo o que faz uma sebe tremer). E, conhecer os sítios onde as cobras se escondem, e os lagartos descansam ao sol.
Foi uma infância muito natural e, de brincadeira feliz, na natureza. Também me recordo de me aborrecer com muita facilidade… mesmo, muita facilidade.
À noite, as estrelas eram magníficas. Viam-se no céu e, apesar de não ter sido o céu mais estrelado que vi, viam-se. Hoje, e para minha absoluta tristeza, pouco delas se vislumbram nos céus.
É nesta época do ano que mais sinto este desejo de estar na natureza.
E, apesar de não gostar de ser mordida, picada, afugentada por um qualquer bicho menos simpático, a verdade é que estar na rua, na natureza, é uma terapia… se deixar que assim seja.
Sem esquecer água. Estar perto de grandes corpos de água é algo que me pacifica. Mesmo para alguém que, não sabe nadar como deve ser, a essência da água é maravilhosa.
Numa altura em que os eventos ao ar livre se multiplicam, e que a cidade em que me encontro, vibra de plantas silvestres a brotar por entre todos os espaços possíveis (incluindo betão e alcatrão), ir até à beira-rio e respirar é especial.
Foi o que fiz. Vim… em paz e satisfeita com o momento.