Olá a todos. Sejam bem-vindos a esta [pausa de Domingo].
…ou pausa de Agosto, como será o caso de muitos. Por aqui, este mês foi de leituras, estudos e busca de referências. Escrever fez, também, parte desta rotina de verão.
Por motivos que não consigo bem explicar, agosto foi vivido sem grandes pensamentos para com este blog. Escrevi algumas coisas, que ainda não publiquei, mas mantive-me focada em encher a minha caixinha criativa (em substituição da palavra poço, de que nunca gostei em particular).
Achei importante desligar, de facto, e dedicar-me ao descanso e ao re-abastecer da minha caixinha criativa.
Durante a pausa de Julho, li um artigo da revista Super Interessante (n.º315), que partia da questão “Os planetas podem evoluir?” escrito por Vicente Bustillo.
Partindo de premissas que orientaram Charles Darwin e a sua, bem conhecida e estimada, obra “A Origem das Espécies” (1859) — há, neste momento, uma reedição deste livro nos escaparates principais das livrarias, — Bustillo relatando a perspectiva de alguns cientistas (provenientes de variadas instituições educativas norte-americanas a trabalhar em conjunto) reúne os argumentos sobre a evolução e adaptação das espécies para sistemas mais complexos.
Ou seja, não são apenas os sistemas naturais, que se referem às espécies que vivem sobre este princípio. Por outras palavras, argumenta-se que só sobrevivem as espécies que melhor se adaptam ao seu meio ambiente (em que os homens são grandes vencedores pela complexidade da sua evolução). Mas, também os sistemas naturais mais complexos, evoluem para estados com maior diversidade e complexidade, fenómeno descrito por Darwin em “A Origem das Espécies“.
Não apenas o Homem se adapta e sobrevive, como o mundo em que ele vive também o faz.
Se os sistemas são constituídos por variados elementos, por componentes diferentes que interagem entre si, que se agregam ou separam por formas evolutivas próprias, é natural que alguns elementos se adaptem e persistam enquanto outros se separem, ou caminhem para outras variantes, talvez um pouco naquela lógica de Lavoisier em que,
“Na Natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”.
Afinal, tudo é uma questão de massa (átomos). A forma como uns permanecem e, outros se agregam de outras formas, ou desaparecem…
Não há muito, vi o meu primeiro Moa. Empalhado, claro, uma vez que a espécie extinguiu-se há 500 anos. Ele e nós, a partilhar o espaço neste planeta? Era uma coisa de espanto. Encontram uma versão conservada deste animal no Museu Nacional de História Natural e da Ciência.
E, como diz Henry (em “The Secret History” de Donna Tartt, quando questionado sobre como pode justificar o homicídio a sangue frio:
‘I prefer to think of it’, he had said, ‘as redistribution of matter’.
Os sistemas que persistem fazem-no, tal como Darwin demonstrou, através de processos de selecção em que, apenas a forma mais forte se adapta, e sobrevive. Este é um processo de selecção para a função.
Outro ponto refere-se não apenas à evolução do sistema, mas que nesse processo de sobrevivência evoluem para outro mais complexo, com mais elementos que se desenvolvem com o decorrer do tempo.
Isto faz-me lembrar os processos de amadurecimento humano. Também nós, com o tempo, só nos adaptamos e sobrevivemos, se optarmos por estados pessoais mais complexos.
Sobreviver implica, segundo Darwin, viver tempo suficiente para produzir descendência.
Para a comunidade científica que produziu este estudo, sobreviver implica outras funções:
- a estabilidade do sistema. Quanto mais estável um sistema, mais durabilidade tem);
- o fornecimento contínuo de energia para manter os processos fundamentais;
- a novidade. Sistemas em evolução exploram novas configurações e podem dar origem a comportamentos surpreendentes.
Nesta lei natural, que se admite ser mais filosófica do que científica (com impossibilidade de quantificar factores de base), e mesmo com o estudo da própria evolução terrestre (o planeta Terra é um sistema que se complexificou desde a sua aurora até ao momento presente), não há uma formulação matemática que permita a previsão.
E, sem Previsão, a comunidade científica não valida a teoria, mesmo na sua incapacidade de formulação de leis para muitos acontecimentos.
Utilidades práticas?
Noutros domínios, tem variadas. E, pode mesmo servir de base ao desenvolvimento futuro. Nenhum conhecimento nasce de forma instantânea. Este vai sendo cumulativo, investigado, proposto e refutado, ao longo do tempo e por contributo de variadas pessoas.
A evolução é feita através de elementos que não mudam (estáticos), mas também de elementos que mudam (dinâmicos).
Se olharmos para nós, pessoas, e para a nossa evolução, criativa e pessoal, encontramos comparações relevantes entre esta lei de evolução de sistemas e a nossa própria história.
Cada um de nós é um sistema complexo. Cada um de nós tem características-chave que permitem a evolução do construtor criativo que somos, para aquele que nos esforçamos para ser.
- somos formados por uma diversidade de componentes diferentes, único para cada um de nós, que se organizam de diferentes formas.
- temos uma diversidade de configurações que os próprios processos naturais que nos formaram nos permitem, gerando uma variedade de disposições diferentes.
- as formas que persistem (nós), fazem-no por força própria, os que melhor se adaptam e sobrevivem, numa selecção para a função.
Continuamos à procura da matéria que nos permita imaginar/criar.
E, se as estrelas estão cada vez mais complexas, mesmo que seja por incapacidade de incluirem outros elementos que não aqueles de que dispõem, é também verdade que, o factor evolução dependente da necessidade de adaptação ao meio, é determinante para a crescente evolução e complexificação.
Para nós, construtores criativos, no nosso sistema pessoal complexo, significa que evoluímos não apenas ao queimar (trabalhar) os elementos que temos, mas também, através da necessidade de nos adaptarmos ao meio que nos rodeia.
Só que no nosso caso, em oposição às estrelas, temos vontade para isso. E, usamo-la.
Somos elementos deste universo que evoluem, procurando novas referências e saberes, e que enchem as suas caixinhas pessoais criativas.
Persistimos, como verdadeiros Construtores Criativos. Evoluímos, como sistemas complexos que somos. Adaptamo-nos, e dedicamo-nos ao Trabalho Criativo.
Uma pausa para renovações dos pensamentos e coração. É o resultado após leitura. Obrigada!
Olá, Maria.
Certamente. Uma pausa para renovação e crescimento pessoal através de novas experiências. Obrigada pelas suas palavras.
Até Breve!
Sara