Olá a todos. Sejam bem-vindos a este [recursos do escritor].
No momento dos regressos, porque as férias de verão acabaram, ou estão prestes a acabar… porque a escola dos miúdos começou, ou está prestes a começar… porque a temperatura mudou, e continua a mudar… olhamos para o ano que se inicia, e perguntamo-nos: Como vamos voltar a fazer isto tudo?
Diz que os regressos, quando estamos de volta de momentos de descontracção, e liberdade de escolha, são difíceis.
E, no entanto, é preciso encontrar recursos mentais e força para regressar à rotina (que se deseja) produtiva. Nos primeiros dias, os esforços feitos para organizar as bases do que é necessário para o regresso (roupas, materiais escolares, comidas, limpezas várias…), parece exequível e até que, desta vez, evitou-se o grande impacto da mudança.
Mas, tenho por experiência que, esta sensação, só permanece nos primeiros dias. Depois, vem a necessidade de repetição e, no caso dos miúdos, a necessidade da infindável pressão para que as coisas aconteçam… até as mais simples, o que me deixa, ligeiramente, desmotivada.
Mas, como ´e tudo por um bem maior, cá nos ajeitamos e persistimos, melhor ou pior, não importa, de facto. Importa saber por onde queremos ir, e continuarmos a caminhar nessa direcção.
Que os conhecimentos antigos sejam iluminados pela luz da razão. Que não se perturbe a conversa com quem detém conhecimentos importantes. Que estejamos bem acompanhados, caso as coisas corram mal. — Isto, numa perspectiva muito solta, e pessoal, da interpretação do início deste poema.
Porque, para perseverar é preciso motivar-nos. E, é o conjunto de ambas, Perseverança e Motivação, que nos impulsiona a ir, a fazer, a procurar a melhor forma.
Neste momento, de regresso às rotinas dos estudos pessoais e dos esforços na minha escrita, tenho-me feito acompanhar de bons recursos (leiam os dois artigos anteriores para compreenderem melhor em que ando a trabalhar).
Porque acredito que são bons? Porque sinto que me motivam, e inspiram, e me ajudam a compreender melhor os meus próprios processos criativos e a perseverar.
E, se servem para mim, devo partilhá-los convosco, para que vos possam servir também.
E, como todos os meus construtores criativos sabem, auto-motivar-nos a fazer algo, quando não temos barreiras que nos mantenham interessados em dar o nosso melhor, de forma real, é a tarefa mais difícil que já tivemos. Por isso, fazer-nos acompanhar pelos melhores, nos seus campos de conhecimento, é essencial.
Porque estou interessada em compreender como certos processos motivacionais funcionam, e quais as premissas que guiam os melhores, tendo vindo a dedicar parte do meu tempo ao ensaio ‘O Papel da Prática Deliberada na Aquisição do Desempenho de Especialista’ (Ericsson, Krampe e Tesch-Romer) — encontram este documento numa das bibliotecas online para leitura.
Intimamente ligado a este tema, está o livro “Deep Work” por Cal Newport que, de certa forma complementa as conclusões chegadas pelo ensaio mencionado em cima, e que me ajudou a compreender melhor os conceitos de distracção pura, de trabalho mental superficial, e de como a nossa sociedade se tem organizado em redor deste tipo de mentalidade, produtora de tarefas superficiais e de pouco valor.
Encontro-me a reler este livro para anotar… porque, na primeira leitura, em que achei que seria mais do mesmo, encontrei uma premissa de muito valor que preciso considerar.
Escrever um livro requer trabalho profundo e, ao longo de vários meses, senão anos, e é incompatível com trabalho superficial.
A aprendizagem requer recursos mentais específicos, e o esforço cognitivo para aprendermos temas complexos requer concentração intensa e ininterrupta… algo impossível de atingir quando temos os emails a pingar e a social media a prometer oblívio e recompensa rápida.
A satisfação connosco próprios, e com o que fazemos nesta vida, advém das acções que tomamos, do que consideramos ser o melhor para nós, e de valor, para os que nos rodeiam.
Enredados nesta realidade de rapidez, produtividade e ócio descontrolado, sentimo-nos mais ou menos satisfeitos connosco e com o que nos rodeia?
Há muito tempo que contemplava porque escrever um livro, ou qualquer outro trabalho equivalente, era associado a chatice ,e precisava obrigar-me a completar o objectivo estipulado (por mim!!!!).
Mesmo os períodos, em que o horário era definido para aquela tarefa em exclusivo, eram difíceis de manter, durante e, em especial, após o final de certo projecto específico.
Ainda não disponho de soluções para o assunto. Até porque, desconfio que, como sempre vivi assim (recordo-me de fazer TPC’s, com a TV como companhia, desde os primeiros anos de escola, e de não ter horários para dormir) será difícil mudar a fundo, todo este complexo conjunto de excesso de inputs em simultâneo. Mas, que remédio possuo senão persistir?
Entretanto, acredito que também descobri porque é que os jovens aprenderam a romantizar as suas realidades aparentes para se auto-motivarem a fazer melhor.
**Dentro dos vários motivos que podem ir desde o fraco acompanhamento familiar (encontrando as referências noutros sítios, que não no meio parental, cujos membros trabalham a tempo inteiro durante toda a vida do bebé/criança), ao excesso de pressão e expectativas (porque bons resultados escolares — não necessariamente estudar — são imprescindíveis), até ganhar a vida de formas mais artísticas (requer fazer algo que os outros desejem imitar… há miúdos a consumirem livros ao Kg só para poderem falar deles, independentemente da qualidade associada a essas obras)… mas, afastei-me do tema principal.**
Uma gestão equilibrada do nosso tempo…
Compreender quais são as tarefas que realmente acrescentam valor, a partir do momento em que descobrimos qual é o nosso objectivo final (por exemplo: escrever um livro = tempo para praticar a arte consciente da escrita), efectuar esforços que podem ser mais ou menos Prática Deliberada (obedecendo aos princípios do que se determinou ser prática deliberada: com o objectivo de melhorar o desempenho, lidar com fraquezas, monitorizada, envolvendo esforço, motivados, sem recompensa monetária e com custos associados), preocupar-nos com o produto final. E, em trabalho profundo (Deep Work), repetir tudo de novo.
Porque, como li no ensaio mencionado: Sem o objectivo de melhorar o desempenho, a motivação para praticar desaparece.
Assim, e de volta aos meandros dos Regressos e Rotinas, compreendo agora porque é preciso fechar a porta ao ruído exterior. Porque a nossa rotina pessoal é a mais importante. Como é tão difícil manter-nos regrados e motivados. Porque é essencial que, os Construtores Criativos construam as suas próprias realidades e momentos dedicados às suas artes. E, que persistir e motivar é essencial para desempenhar.
Cara Sara,
Apenas para agradecer todas as palavras que por aqui, aqui neste blogue, andam. Independentemente da categoria onde estejam integradas, seja a que “separador” pertençam, são (pequenas) partes de um (grande) todo.
E porque me apeteceu agora agradecer esta coisa de se partilharem palavras com os outros? Porque, após um período de ausência em que não “piquei” todas as publicações e as fui deixando para depois, percorri umas quantas delas de seguida. E, fazendo-o, dei por mim a pensar que, a mim em particular, me têm dado de tudo um pouco. Entretenimento, aprendizagem, introspecção. E, por isso, resolvi agradecer. As dicas para isto e para aquilo, a partilha de desabafos, a vontade em avançar mesmo quando o impulso é parar.
Obrigada!
Olá, Ana. Muito obrigada pelas suas palavras. É muito bom saber que as pessoas lêem e que, com sorte, encontram algo de positivo para si e para as suas vivências diárias.
Muito obrigada pelo seu agradecimento mas, eu é que agradeço a sua atenção e o comentário.
Até Breve!
Sara