Olá! Sê bem-vindo a este [vida criativa].
Neste artigo encontram: recursos que inspiram ideais na vida de um (escritor) criativo.
O que é uma vivência criativa? O que nos impele a alimentar essa parte de nós, como seres humanos, com vista a criamos uma obra melhor? Para que nos serve uma vida de construção criativa, literária, ou outra?
Vamos perguntar a todos aqueles que viveram antes de nós. E, a todos aqueles que vivem assim, no momento presente. O que os distingue? O que faz com que seja possível viver uma vida de criação?
Escolhas.
Acredito que são as escolhas que transformam a nossa realidade.
As escolhas que fazemos, diariamente. As escolhas que fazemos, quase minuto a minuto. As escolhas e a nossa capacidade de escolher.
Este tema fez-me recordar uma formação, sobre o conhecimento básico da Procrastinação, chamado Procrastination Solution – Beat Procrastination, que podem ver na alison.com (não patrocinado).
[Esta formação é em Inglês, tem a duração de 3 horas, o conteúdo é gratuito, mas é necessário o registo na plataforma de aprendizagem, e tem opção de receber uma certificação mediante pagamento. Espreitem, se vos interessar o conteúdo, ou o conceito, deste tipo de formações.]
Quais são as vivências que precisamos promover nos nossos momentos criativos?
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Tempo
Escolher ter tempo. Fazer o tempo. Encontrar os nossos tempos. Começar a viver como um criador — escritor — vive. Definir horários de trabalho. Identificar os projectos em que estamos a trabalhar. Construir uma rotina (de vida) que suporte o acto da escrita. Organizar o tempo que temos, para podermos ir em busca de conhecimentos, de vivências e de experiências sobre as quais escrever. Escolher viver o Tempo de uma forma que suporte o nosso trabalho criativo.
— este ponto inspira-se nos vídeos de uma jovem, que muito tem ensinado outros jovens (e não tão jovens assim), sobre o poder de organizar o nosso tempo, e de perseguir sonhos (de vida, literários e educacionais), apoiando-nos na perseguição dos nossos objectivos. Falo de Ruby Granger.
Tempo… Não vos digo onde o podem ir buscar porque, se não têm tempo para arranjar o tempo para dedicar à arte em que desejam criar, então não têm tempo para viver a vida de criação artística que dizem desejar. E, isto, digo-o a mim.
Pessoalmente, esta é uma luta constante. Quando tenho tempo, tenho escolhas. E, o trabalho noutras frentes existe sempre, e está sempre pronto para ser utilizado como ferramenta de procrastinação. Por isso, acreditem que sei do que falo, quando falo de ter de escolher o que desejamos fazer, em contraposição com as noções de “não tenho tempo” que arranjamos para nós próprios, só como Resistência ao trabalho criativo que deveríamos estar a fazer.
E, sobre a Resistência, remeto para Steven Pressfield, que cunho o termo no contexto literário: Opinião: ‘Turning Pro’ de Steven Pressfield.
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Espaço
Viver como se a vida fosse uma construção cuidada da actividade que desejamos ter. Curar os nossos dias, o sítio, ou sítios, onde escrevemos. Trazer os meios que mais nos ajudam a escrever para esses locais designados (ou sempre connosco). Transformar o espaço em que vivemos na nossa própria versão de Reino Criativo. Na nossa versão especial, que se adequa à nossa vida real.
— este ponto inspira-se nos vídeos da escultora em papel Laetitia Miéral, no canal Merveilles En Papier. Goste-se do estilo, ou não, a verdade é que acredito que se encontra muita inspiração na forma como ela escolhe interligar arte, espaços e vida criativa.
Como é que isto se materializa para mim?
Há uns tempos, a minha filha de 8 anos na altura, pergunta-me: “Mãe, dirias que o vosso estilo de decoração é classy minimalist?” Escusado será dizer que, ia-me cuspindo toda, com a gargalhada que saltou. E, de lá para cá, tenho-me recordado disto porque, olhei em volta, e achei que ela estava a ser bastante perspicaz. E, apesar de um minimalista discordar da categorização, afinal as estantes de livros estão cheias e mantenho CD’s e DVD’s, que não tenho onde os ouvir/ver… a verdade é que sempre preferi ter um uso prático para as coisas que tenho (mesmo que seja apenas satisfação pessoal ou recordações especiais).
Há uns anos, fiz escolhas que mudaram a minha vida quase por completo. E, uns anos depois, novas escolhas levaram-me a optar por minimalizar o que havia cá em casa. Um bebé é um maximalismo que admite pouco mais de excessos. Por isso, a mobília quer-se simples, pouca e prática. E, desde a pandemia que, as secretárias substituíram a mesa de jantar, e deixei ir os objectos mais decorativos, em detrimento daqueles que são, de facto, necessários.
Para mim, o branco é a cor cá em casa. O dourado, e o verde escuro, são os apontamentos de cor que prefiro. Os livros são o “wallpaper” de eleição. Uso um só perfume, porque adoro-o, e porque tem um significado especial para mim… E, é esta a abordagem que me deixa mais calma. A divisão da casa onde não consigo controlar o excesso é… o quarto dela, claro. Haja peluches!
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Silêncio
Trabalhar em silêncio, sem distracções. Ter o trabalho de executar o nosso trabalho em pura concentração. Ter uma prática regrada e dedicada, em especial quando se escreve para clientes. Não permitir distracções durante o período em que se faz o trabalho (é preferível agendar uma hora para as distracções e controlar esse tempo). O silêncio potencia o trabalho profundo e a optimização do que fazemos. A optimização das condições ideais para criarmos algo, para trabalharmos em algo sem interrupções não programadas.
— este ponto inspirou-se em Titus Meeuws, porque é um gosto ver o processo criativo deste pintor dos Países Baixos, que pinta num espaço em que eu consigo apreciar o silêncio (relativo). E, a quem desejo os maiores sucessos com a sua nova galeria de arte.
A minha versão deste silêncio?
Há uns anos atrás, acordava às 6h da manhã para escrever. Aí, há silêncio. Já fiz a versão de escrever em todos os períodos de um dia. Ou, bloqueio blocos de tempo para tarefas específicas, consoante requerem mais, ou menos, isolamento.
Neste momento, esforço-me por me fechar ao mundo com uns fones com cancelamento de ruído (em segunda mão, e que precisam de umas esponjas novas), afinal, as 6 da manhã estão fora de cogitação pois, também preciso dormir e, no momento, não tenho conseguido as horas de descanso essenciais. Claro que, ao longo do dia, há sempre distracções e ruídos vários.
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Vontade
A Vida é isto! É só isto. É o que escolhemos fazer em cada minuto do nosso dia. São todas as estratégias que encontramos, que nos permitem fazer o nosso trabalho. São todos os meios que nos encaminham para o objectivo, ou para os diferentes objectivos ao longo do tempo, e a concretização de cada uma das suas pequenas partes. Ter vontade de aparecer para as pequenas tarefas que compõem os nossos dias.
— este ponto inspira-se em Kate Cavanaugh, que tem sempre um plano, uma série de objectivos literários e pessoais, um conjunto de tarefas, uma forma animada de encarar as dificuldades da vida diária de uma autora. Uma inspiração e uma companhia, também, no Twitch.
Para mim, acho que este é o ponto mais sensível. Há muito lixo, a pairar por aqui, que deixo que polua a minha força de vontade. Assim, como os detritos que ficam a viver no espaço, sem sítio para onde irem, ou força motriz que os puxe e os faça deslocar. A força de vontade, a vontade em si, as escolhas constantes, o auto-controlo quando se está preocupado com outros temas… são obstáculos poderosos, com os quais preciso digladiar-me com frequência.
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Temas
Ter contexto para as ideias, obras que se criaram ao longo dos tempos, movimentos artísticos e civis, diferentes artes e criações. Investigar, pesquisar, aprofundar o que sabemos. Seguir um só nome, uma só obra, e deixar que a informação se construa sobre essa base. Escrever, sempre que possível, sobre o que se vê, o que se aprender, o que nos suscitou curiosidade, e porquê, o que pensamos sobre os temas, ou obras, que estamos a ver. Encontrar os temas, que animam as nossas artes, requer pensamento. O acto de pensar, e o registo daquilo em que pensamos, providenciam os temas que são importantes para cada um de nós.
— este ponto foi inspirado por… ninguém em especial, mas pela pletora de documentários que encontramos nas diferentes fontes.
Como lido com Temas? Para além da pesquisa constante, específica para cada projecto, ou arbitrária, porque vou em busca de saciar uma curiosidade qualquer do momento… há uns anos, li algures que devemos escrever sobre temas que são importantes para nós. Ocorrências que, por um motivo ou outro, têm grande significado para a pessoa que está a criar uma história. Isto significa que, por um lado, já temos bastante informação sobre o tema, porque há anos que nos preocupamos/focamos nele e, por outro lado, conseguimos escrever com uma emoção associada que é real, porque estamos ligados ao tema há muito e, é por isso difícil de fingir interesse… porque, já estávamos interessados no tema. Tenho procurado seguir esta orientação para tudo aquilo que escrevo.
Na passada terça-feira, publiquei um pequeno artigo sobre Albert Robida, um ilustrador e escritor que usou a sua criatividade da melhor forma. Se há algo que respeito é um ilustrador de periódicos, naquele tempo, que consegue estar tão atento à actualidade e representar passado, e futuro, em simultâneo. Robida ensina-nos como imaginar é uma porta para a arte futura.
Acho que, se não retiramos muito de uma obra em si mesma, que possamos reconhecer a importância de conhecer outros indivíduos, que se destacam pelos melhores motivos, e nos ensinam e ajudam, a persistir neste Caminho Criativo. Porque a Vida quer-se Criativa. E, devemos apreciar a Viagem.