
Olá! Sê bem-vindo a este [recursos criativos].
É fácil manter-nos como estamos. Sem desafios, sem aprendizagens deliberadas. É fácil, quando comparamos com o que a mudança requer de nós: resolução, incerteza, fragilidade, esforço e exposição.
Quando penso em dedicar-me a um plano de aprendizagem mais regrado, porque esta não é a minha primeira, ou segunda, ou terceira…, experiência com seguir um plano de estudos pessoais, encontro obstáculos, claro!
Pensar em estudar relembra-me sempre o esforço que exercia quando frequentava a escolaridade obrigatória. Tenho memórias vívidas de horas passadas, a tentar memorizar uma quantidade estúpida de matéria, quando partes importantes dela, não eram compreensíveis para mim. Por isso, e por mais uns factores, sempre gravitei para projectos independentes de aprendizagem. Estes satisfazem a minha curiosidade e ajudam-me a perseguir a arte da escrita.
Setembro é, por eleição da sociedade, a altura do regresso às aulas. Todos os que frequentam o ensino obrigatório, público e privado, regressam à escola neste mês. Também o ensino superior arranca agora. E, é nesta altura que, muitos de nós se sentem saudosos do regresso a um ambiente mais formal de aprendizagem.
Ditam as modas online que, muitos há a perseguirem, e a partilharem, planos pessoais de aprendizagem. Mas, o mais interessante neste facto é a variedade de actividades e recursos que estão disponíveis para esta nossa escolha de progressão educacional.
E, neste ponto, começo a colocar-me perguntas:
Como reúno o que preciso? Como sei o que há, e que se pode encaixar na minha rotina? Como decido sobre o que quero aprofundar? Como faço um esforço mais objectivo em torno do que desejo aprender? E, como me mantenho no plano que tracei para mim e para as minhas aprendizagens?
Há uns dias, após uma sessão de social media, — da qual trago variadas misérias para relembrar — ouvi/li algures o seguinte: “lá porque tu não sabes, não significa que a humanidade não disponha do conhecimento”. Tentei recuperar a fonte, mas claro que não consegui.
O que ficou comigo foi a ideia que o conhecimento existe.
Já foi estudado por outros, ao longo de muito tempo, por vezes até séculos. O conhecimento tem sido reunido por inúmeras pessoas, inventores, cientistas, estudiosos e curiosos, neste tempo em que andamos por cá, como humanos à procura de fazer sentido sobre o que nos rodeia.
Já se estudaram temáticas, de variadas formas. Já se provaram factos e eliminaram ilusões, já se seguiram métodos de apuramento de dados, e se chegaram a conclusões. Já se reviram conclusões, e fizeram-se mais estudos, com novos dados e mais meios de apoio. Como pessoas, já nos dedicámos a estudar, e a procurar compreender, o que faz parte das áreas de conhecimento que existem. E, cada vez que algo novo surge, combinatório de elementos, ou mesmo novo, logo existem investigadores dedicados a procurar novos dados, regras operatórias e ilações várias que nos permitem organizar melhor o conhecimento.
Mantenho o que escrevi no artigo ‘o dever de fazer melhor’. Não digam que o conhecimento não existe, ou que é de outra forma, só porque não se interessam por estudá-lo. Temos o dever de fazer melhor do que isto.
Porque não ir em busca de aprendizagens?
Para onde vai a curiosidade, quando pensamos em algo que gostávamos de fazer, mas que não sabemos bem por onde começar? Quais são os temas sobre os quais queremos saber mais? Onde estão as fontes primárias, e as secundárias, que nos informam sobre os temas que desejamos saber? Como organizar os recursos que temos — tempo, disponibilidade mental, meios físicos… — para encaixar o estudo?
Ou seja, como mantemos uma prática constante na busca pelo conhecimento?
Não é a minha primeira volta no carrossel de partilha desta prática de aprender por auto-recriação, ou manter um plano pessoal de estudos. Há um ano atrás, escrevi no artigo ‘regresso às aulas e ao estudo‘, sobre as necessidades de manter um plano pessoal de estudo. Este é, para mim, útil porque me proporciona uma orientação prática para pesquisar os temas sobre os quais desejo aprender.
Parte do que me move é compreender as minhas dinâmicas e necessidades e, no ano passado, notei que tinha perguntas bem imediatas, que precisavam de respostas. Aquilo que me suscitava curiosidade passava por:
- tentar compreender melhor a génese do auto-controlo e da auto-motivação;
- procurar perceber o que potencia um trabalho, na área do conhecimento, de maior qualidade e com regularidade;
- como os indivíduos viviam a exposição à tecnologia emergente e aos vícios de pensamento que nos são naturais;
- a atenção que é necessária, para produzir algo de real valor, e quão intencional o sujeito tem de ser para o concretizar.
Estudar as particularidades da Mudança, da Atenção, do Ritmo de Trabalho e da Interacção Humana neste contexto, foi valioso.
Recorri a artigos científicos e a livros da especialidade. E, estipulei que lia durante 30 minutos, assim que acordava.
Como resultado acessório, convenci-me a passar mais tempo com as leituras que considero importantes. Analisar, de outras formas, o material que consumo, encorajando-me a manter mais apontamentos, notas e ideias… em especial, aquelas aleatórias, que me saltam aos olhos, quando menos espero.
Por outro lado, definir um plano de estudos, com tempos e tarefas, ajudou-me a controlar a passividade com que a vivência online me seduz. Odeio o scroll infinito e, não aconselho o apodrecimento cerebral, que daí advém.
Faz mal à nossa saúde mental, como podemos observar em qualquer ambiente da actualidade.
Um plano de estudos pessoal parece-me a melhor opção para combater estas coisitas chatas. Porquê?
- Porque é divertido. Ou pode ser divertido, consoante o vosso desejo de aprendizagem.
Imaginem, querem aprender sobre a história da ilustração pelo mundo. Conseguem imaginar a quantidade de referências que se apresentam como fundamentais? BD, Disney, Manga, Estúdios Ghibli e afins… um mundo a pesquisar e horas de filmes de pesquisa.
Ou, querem aprender a tricotar? Há cursos online, e vídeos, e toda uma panóplia de recursos, incluindo grupos presenciais e via zoom. Aprender a tricotar com um tutor, via zoom. Há melhor?
- Porque contactam com conceitos, e ideias, desconhecidas até aí.
A minha surpresa, quando descobri que há teorias históricas, muito para além daquilo que eu já tinha ouvido (e sonhado, confesso), em temas tão importantes como a Cultura do Trabalho, o Capitalismo e a Escravatura. O mote ‘o capitalismo é um esquema em pirâmide‘… digam lá, se não tocam os sinos da curiosidade?
Peço cuidado com as teorias conspiracionais, sim? Em caso de dúvida, fico pelos livros de História.
Porque, mesmo sobre aquilo que julgamos que sabemos, há uma forte probabilidade, uma certeza mesmo, de que existem outros dados que desconhecemos. E, é sempre interessante procurar por eles.
- Porque podemos aprender novas aptidões.
Aptidões mais práticas como tricotar ou desenhar. Aptidões técnicas, numa multitude de recursos que estão ao nosso dispor, caso o empenho seja absoluto, como por exemplo aprender Gestão de Projectos, Programação, uma Língua Estrangeira ou Design Gráfico. E, Aptidões Comportamentais como Gestão de Emoções ou Saúde Mental.
- Porque estes projectos nutrem o indivíduo que somos.
Não há melhor remédio, para certas vicissitudes da vida, do que sentir que aquilo que fazemos tem significado e valor. É na acção que encontramos motivação, e a auto-confiança necessárias para continuar a fazer.
E, de umas ideias, nascem outras.
Sei que nos sentimos melhor quando olhamos para trás e temos um livro completado, um tema aprofundado ou um enigma desvendado. E, isto só se consegue quando agimos para que se torne realidade.
Algumas categorias de actividades que podemos escolher:
- Literatura e Aprendizagem
- Cozinhar e Pastelaria
- Artes Manuais e Criativas
- Saúde e Bem-estar
Como formar um Plano de Aprendizagem Pessoal?
- Escolhe um assunto, ou três, que te suscite curiosidade ou que desejes aprender.
- Estipula as tarefas a fazer para cada assunto.
- Determina qual o Objectivo (s) que pretendes atingir.
- Define um horário, quando e quanto tempo vais dedicar à actividade.
- Reúne as fontes que desejas consultar: deslocações a locais, livros, revistas, artigos, formações, documentários, filmes, entrevistas, conversas com profissionais… o que te ocorrer e que seja educativo.
Mas, se ainda precisas de mais orientações (tuas), responde às perguntas:
- O que desejo alcançar, realisticamente, com esta aprendizagem?
- Quanto tempo posso dedicar-lhe, sem me sentir assoberbada?
- Que projecto ou tema mais me entusiasma neste momento?
- O que fará com que me sinta recompensada, ao invés de sobrecarregada, com mais uma tarefa?
- O que são, para mim, pequenas vitórias a celebrar ao longo do caminho?
Mais, colocar a actividade no calendário e no planeamento diário, estipulando o que se faz, durante quanto tempo. Isto é importante porque, temos de ter a noção de que não precisa ser um bloco massivo de tempo. Uma “aula” pode ter a duração de um projecto de aprendizagem, que pode significar dez minutos de leitura, ou um passeio de 40 minutos num local relacionado com o tema.
Outra sugestão, projecta esta aprendizagem para um mês. No mês seguinte, evolui para outro tema, relacionado ou não.
Como começar o teu plano pessoal de aprendizagem?
- Segue os teus interesses. Ouve-te a ti próprio. Sabes o que te provoca curiosidade? Podes investigar os planos de outros, mas procura sempre aquilo que faz sentido para ti. Segue a tua curiosidade natural, mais do que aquilo que sentes que és obrigada a aprender.
- Visita a biblioteca local, a hemeroteca ou qualquer outro arquivo histórico relevante. Visitar um museu, ou uma experiência mais imediata, como juntar-se a um clube ou grupo. Procurar meios físicos para utilizar na aprendizagem pode ser muito divertido. E, é suposto ser divertido, sim?
- Utiliza pequenos blocos de tempo, que identificamos por acaso, como ler por 10 minutos, antes de começar o teu dia. Ou escrever algo, durante a hora de almoço. Ou enquanto, se viaja no comboio, ou se toma café…
Mas, nunca esquecer que aprender porque nos divertimos a fazê-lo é essencial. Encontrar a diversão, no contexto educacional é uma necessidade porque, ajuda-nos a manter uma prática constante e, é uma defesa contra um mundo que nos quer pouco conhecedores e menos educados.
Deixo-vos a ideia e vou ali trabalhar nesta minha reformulação do meu plano e do que desejo aprender.
Espero que tenham uma semana criativa.
Obrigada e Até Breve!
