Olá a todos. Sejam bem-vindos a estas [palavras soltas].
Entrei neste 25 de Abril como se fosse passagem de ano.
A partir da meia-noite ouviam-se foguetes, e barulhos vários, como se fosse outro novo ano que estivesse aí… espero que não seja uma premonição para mais um “início de ano”. Não sinto saudades dos January Blues e, estou mais que pronta para uma Primavera decente. E, ainda não passaram muitos meses desde que modernizámos (e pacificámos) o conceito de Golpe de Estado… por isso, calma lá!
Universo, estamos combinados? Não queremos novidades relacionadas com regimes políticos, guerras e miscelâneas de relações humanas várias em busca de poder, tá?
Suponho que para os vizinhos que, por norma, fazem barulho fora de horas, tenha sido esquisito. Afinal, costuma haver barulho a vir de dentro das suas casas, não fora. E, sabendo que o número de crianças que vivem na rua não abunda, as que existem precisam dormir algures entre as 22h e as 8 da manhã.
Parecia que estávamos na passagem de ano… menos o bater das latas, que ontem não se ouviu. Tampas de tacho em vidro, ao poder!
Depois, aumentou-se o volume na música de baile. Felizmente, a minha miúda adormeceu. A mim, acordaram-me várias vezes… assim à laia de tortura de sono. Sabem? Aqueles momentos em que temos a noção de que estávamos mesmo a adormecer e, de repente, algo nos arranca do embalo do descanso, e acabamos com a dor desse processo interrompido.
Classificação oficial: tortura, na categoria Privação de Sono… Como mãe, é só mais uma noite de domingo para segunda.
Há uns dias, a miúda veio do evento local de celebração dos 50 anos do 25 de Abril cheia de vontade de fazer mais perguntas e celebrar. A iniciativa, organizada pela Junta de Freguesia, juntou as escolas locais para recriar o número 50 (vezes dois), através de fotografia aérea e, juntando aos conteúdos já dados em sala, e às várias perguntas que formulou ao longo das últimas semanas, declarou que hoje, dia 25 de Abril, queria celebrar a data.
Ainda não sei bem o que ela tem em mente, quando diz que quer celebrar. Até porque sei que ela ainda se debate com a compreensão deste tipo de conceitos… quantas vezes respondi à pergunta “Mãe, o que é o governo?” Ou, o que é a Liberdade? Perdi a conta.
Mas, venha de lá esse feriado!
Sem nos esquecermos de explicar (o que conseguirmos) sobre a necessidade real que temos dele. E, que ao explicarmos aquilo que entendemos ser a liberdade, não nos esqueçamos de incluir o respeito e a protecção devida às nossas crianças.
Afinal, basta uma geração para reescrever a História. Uma geração para esquecer o que foi. Uma geração confusa, e desinteressada, sobre o poder do verdadeiro Poder.
Basta uma representação deturpada da realidade para nos colocar a todos em perigo de perdermos a liberdade que temos, sob uma desculpa, ou outra, do que é melhor para ti.
Que toquem música nas ruas, e deitem foguetes. Que sejamos livres para irmos votar em quem queremos que nos represente, e que tenhamos voz para reclamar quando discordamos do que é acordado, e que entendemos que não nos serve. Que sejamos livres para ser, e respeitados porque existimos, e não apenas por quem somos. Que sejamos livres, por mais difícil que essa liberdade, por vezes, seja.
Poder, é poder escolher. Escolher e aceitar as consequências dessas escolhas. Tudo o resto, são cantigas… que não são de Abril.
Obrigada e Até Breve!
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