Parabéns Fernando Pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa, nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888, há 123 anos. O seu nome é uma homenagem a Santo António, cujo nome de baptismo é Fernando de Bulhões, com quem a sua família alegava ligações genealógicas. Nascido em Portugal, mas educado na África do Sul para onde a sua família se mudou após novo casamento de sua mãe, Fernando Pessoa começou a sua vida literária expressando-se na língua Inglesa.

Em 1934 publica a primeira obra em Português, depois de ter publicado três colectâneas de poemas em Inglês, que foram as únicas obras a vir a público ainda durante a sua vida. Falece aos 47 anos, a 30 de Novembro de 1935. O seu contributo para a Língua e cultura Portuguesa foi inestimável, e a sua natureza bilingue ajudou a divulgar a sua obra no Mundo.

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Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê.
Quem sente não é quem é.

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo,
É do que nasce, e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só.
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo, «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

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I don’t know how many souls I have.
I’ve changed at every moment.
I always feel like a stranger.
I’ve never seen or found myself.
From being so much, I have only soul.
A man who has soul has no calm.
A man who sees is just what he sees.
A man who feels is not who he is.

Attentive to what I am and see,
I become them and stop being I.
Each of my dreams and each desire
Belongs to whoever had it, not me.
I am my own landscape,
I watch myself journey –
Various, mobile, and alone.
Here where I am I can’t feel myself.

That’s why I read, as a stranger,
My being as if it were pages.
Not knowing what will come
And forgetting what has passed,
I note in the margin of my reading
What I thought I felt.
Rereading, I wonder: “Was that me?”
God knows, because he wrote it.

Fernando Pessoa

© Translation: 1998, Richard Zenith
From: Fernando Pessoa & Co. – Selected Poems
Publisher: Grove Press, New York, 1998

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