Escrever sobre a vida e a morte na sua essência é uma das histórias mais difíceis de contar. Podemos contar a vida de alguém, relatar os actos que levaram alguém à morte, divagar sobre o seu significado metafísico, mas relacionar viver e morrer na sua plenitude é uma tarefa árdua.
E se compreendemos a dificuldade de contar uma história cuja temática é esta verdade universal em que ‘toda a vida tem uma morte’, então apreciar a obra “Num Vento Diferente” de Ursula K. Le Guin é fácil.
Sei que este livro faz parte de uma série. Sei que ele se sustenta a si mesmo, não necessitando de qualquer obra introdutória. Sei que é uma obra que tanto tem de simples como de mágico.
As personagens e os seus caminhos são, no decorrer da acção, insondáveis. Os mistérios e a magia que envolvem estas páginas prendem o leitor na sua simplicidade e beleza.
Mesmo aqueles que podem à primeira vista parecer disformes, são exemplos de beleza em níveis muito mais profundos do que o aspecto exterior.
Tenar, Tehanu, o Amieiro, Lébannen, Seserakh e Gued guiam-nos num mundo em que os dragões existem (símbolo do transporte etéreo), em que as encruzilhadas e as escolhas (verw nadan) nos dividem, onde a Vida e a Morte são afinal dádivas, ambas com o mesmo valor.
O equilíbrio, o desejo de imortalidade, o amor parental, romântico e a amizade são-nos mostrados e não contados, tal como devem ser.
Um livro brilhante. E desconfio que, ainda virão outros dias em que a história irá revelar-me outras dimensões. Afinal, abarcar a Vida e a Morte num breve conjunto de páginas nunca seria tarefa fácil de executar, nem compreender.
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“Os mistérios e a magia que envolvem estas páginas prendem o leitor na sua simplicidade e beleza.” Exactamente aquilo que senti ao lê-lo.
Foi uma obra que me fez sentir uma estranha paz quando acabei, como se tivesse meditado.
É uma autora que quero experimentar há muito. Mas, não sei bem por onde começar. Parece que será boa ideia começar por este.