Este artigo é uma espécie de cruzamento entre ‘Diário de Bordo‘ e ‘Recurso de Escritor‘.
‘Diário de Bordo’ é uma das rubricas deste blogue onde apresento algumas opiniões pessoais sobre diversos temas. ‘Recursos do Escritor’ é outra categoria em que apresento diversos recursos, sejam livros, sites, artigos e textos, que considero relevantes para o desenvolvimento da actividade do escritor.
Considero-o um cruzamento entre as duas rúbricas, pois acrescento a minha experiência pessoal à descrição das tácticas apresentadas no artigo ‘Advanced Fiction Writing E-zine’ de Randy Ingermanson (subscrevam a E-zine no site AdvancedFictionWriting.com).
Estas são as 5 tácticas que, apesar de óbvias são muitas vezes ignoradas. Pessoalmente adoptei algumas, outras são um pouco mais difíceis de encaixar nos meus ritmos e na minha personalidade, como podem ler em baixo:
1. Mantém um horário de escrita definido – Decide quantas horas por semana irás dedicar à escrita. Não é pesquisar, nem ler emails, nem estudar como se escreve, nem utilizar as redes sociais, é Escrever.
Sinto alguma dificuldade em definir horas concretas de escrita porque a minha vida aglomera muitas coisas e muitas pessoas que, não devo acomodar à volta da minha escrita. E também não pretendo acomodar a minha escrita às pessoas à minha volta. Estão a ver o problema??? Por isso não sei bem se devo definir este tipo de regras. Contudo aqui fica a fasquia mínima: 5 horas por semana.
2. Mantém um Diário sobre o tempo e o número de palavras que escreves – Os escritores profissionais sabem qual o seu ritmo de escrita e mantêm um controlo apertado sobre o tempo que é passado a escrever e nos resultados que têm.
Decidi seguir este conselho e iniciar um Diário de Bordo da minha escrita. Apelidado de ‘Diário de Bordo do Escritor’, será uma forma de me disciplinar, incentivar e manter-me responsável por tudo aquilo que produzo neste âmbito.
3. Estabelece uma quota semanal de palavras – Intimamente ligado aos dois objectivos anteriores, estabelecer uma contagem de palavras implica saber o que somos capazes de produzir quando escrevemos um rascunho de um livro. E mantermo-nos responsáveis pela quantidade produzida, através de castigos e de prestar contas a alguém.
Um pouco como o NaNoWriMo, mas a longo prazo. Assim, preciso de saber quantas horas escrevo por semana e quantas palavras produzo por cada uma dessas horas. Tendo como base de comparação o desafio literário mencionado acima: se para atingir as 50 000 palavras num mês preciso de escrever 7 dias por semana, 2 horas por dia, cerca de 1800 palavras, matematicamente falando, o total seria 54 000 palavras em 30 dias.
Se definir 5 dias por semana, 1 hora por dia, a 1800 palavras daria um total de 9000 palavras por semana. Parece-me um bocadinho puxado mas vale a pena tentar. Claro que estou a estipular horas de escrita para vários projectos em simultâneo, portanto a contagem de palavras inclui todos esses textos e não apenas o rascunho de um livro. Quanto à punição, prefiro chamá-la de incentivo: vou colocar os meus objectivos e a quota num quadro na parede, onde irei colocar um símbolo de vitória ou derrota consoante o caso, uma espécie de emoticon adequado ao resultado.
4. Encontra alguém (grupo ou indivíduo) que critique o teu trabalho – “Most writers believe their work is either unutterably brilliant or wretchedly awful. Generally, they’re wrong on both counts. All writers are delusional. That’s part of the job description.” por Randy Ingermanson. Ter alguém que leia o nosso trabalho (os leitores beta), compreendendo a escrita ficcional, que seja honesto e amável, proporcionando-nos uma perspectiva sobre a obra que de outra forma não teríamos. A ideia é corrigir o que está mal e melhorar a obra, não é destruir a auto-estima do autor.
Este é um daqueles pontos sobre o qual compreendo e acredito na necessidade mas, neste momento não tenho os meios necessários para tal. Quem diria que, no meio de tantas pessoas, poucas são aquelas que consideramos isentas e cuja opinião acatamos. Um blogue interessante sobre leitores beta aqui...
5. Nunca pares de estudar a Arte de escrever Ficção – O papel dos leitores beta não é dizer como escrever melhor mas apontar num texto, aquilo que está bem feito e o que não está bom. O nosso papel como escritores é ouvir essas críticas e aprender a melhorar não só o que está mau, mas também a tornar os nossos pontos fortes em algo melhor. Se precisamos de aprender sobre um tema devemos usar todos os meios ao nosso dispor para o fazermos, aplicar o que aprendemos à nossa escrita e voltar a submetê-la aos leitores beta para percebermos se fomos bem sucedidos na aprendizagem e na aplicação.
Isto é fácil de dizer mas, difícil de executar. Às vezes há coisas que não estamos preparados para aprender sozinhos, ideias que demoramos a interiorizar e processos aos quais teimosamente resistimos. Ter licença para aprender sozinho é sinónimo de obstáculos redobrados, mas também de conquistas que sabem bem melhor.
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Comentem: Usam estas tácticas? Acham que se adequam à vossa rotina diária? Usam alguma outra estratégia que queiram partilhar?
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E aqui vão mais 800 palavras para o ‘Diário de Bordo do Escritor’, apesar de um artigo de blogue obedecer a regras diferentes dum conto ou romance, não deixam de ser palavras e, são sem dúvida algo que crio com prazer, recorrendo a doses q.b. de imaginação.
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