OK, tivemos a ideia, escrevemos o plano, arranjámos um daqueles métodos de explanar e avaliar a nossa história, escrevemos “o texto”, revemos, reescrevemos e avaliámos o resultado final (conciliação de promessa com a realidade). Passámos meses embrenhados numa história, e agora?
Agora é tempo de deixar que outros olhos o vejam. Toda a arte é uma contribuição social, é uma coisa de pessoas, por isso elas serão a última medida da concretização da nossa ideia.
Inúmeras são as obras que não sendo do gosto comercial público, se tornaram ícones de cultura e desenvolvimento. E muitas mais existem que, sendo do agrado do público, não passam de tentativas de sublimação de pessoas e interesses. A diferença entre estas reside na técnica. Saber as regras é a única forma de poder quebrá-las com sucesso (vejam os exemplos espalhados por esse mundo fora).
Uma estratégia consiste em colocar o nosso projecto à apreciação de beta-leitores, uma amostra do público-alvo, que contribua para a sua melhoria.
Esta é uma técnica largamente divulgada e que funciona. É o escrutínio de uma mente “fresca” que detecta as inconsistências, os erros, as confusões, os significados perdidos e as situações mal concretizadas. É a ajuda externa que nos dá as ferramentas para reescrever/editar com confiança. É um contributo precioso, apesar de escasso, que nos permite avaliar se afinal a conciliação de promessas e realidades é facto ou ficcional.
Aqui a dificuldade reside em encontrar pessoas com vontade de prestar um contributo valioso e na nossa capacidade de confiar a partilha das nossas obras (e dos nossos erros) com terceiros.
Outra estratégia, muito popular em alguns países do mundo, consiste em contratar um editor profissional.
Habitualmente estas pessoas estão ligadas às grandes editoras tradicionais e podem trabalhar em mais do que um regime com essas empresas.
Verdadeiras pontes entre os criadores das ideias e a indústria literária, são estes agentes que contribuem com uma leitura crítica e a perspectiva do que mais se adequa ao mercado (uma afirmação que dava pano para mangas mas que não se enquadra na realidade portuguesa).
Outra possibilidade consiste na contratação de revisores em regime de freelancer.
Uma ideia interessante que merece ser explorada atentamente, apesar das contrapartidas financeiras que envolve. Esta é estratégia que pode ser aquilo que o autor precisa mas que envolve custos e a confiança de que o profissional contratado é o indicado para o trabalho.
A última estratégia consiste em recorrer às pessoas que conhecemos e em quem confiamos para lerem e opinarem sobre a obra em questão.
Claro que aqui a qualidade dessas opiniões pode estar directamente afectada pela proximidade afectiva dessas pessoas.
Um autor cujos amigos/familiares estejam, directa ou indirectamente, ligados à área tem acesso a cobaias de luxo que podem ser determinantes para o sucesso da obra. Uma verdadeira rede de networking que pode funcionar.
Mas, em simultâneo, não posso deixar de ponderar na qualidade dessas opiniões. O envolvimento emocional e pessoal daqueles que consideramos amigos implica que existe uma parcialidade que pode não ser totalmente abonatória. Há mesmo casos em que estas relações podem prejudicar o autor e os relacionamentos entre as pessoas em quem confia.
Estas são 4 estratégias que merecem a nossa atenção quando planeamos a revisão de uma obra. Apostar numa destas opções é, em noventa e nove por cento dos casos, imprescindível para produzir uma história de qualidade.
Os resultados de uma revisão profissional garantem um resultado polido, aperfeiçoado até à exaustão, transformando-se num exemplar perfeito daquilo que somos capazes de criar. Uma boa revisão pode não ser condição sine qua non mas é, sem dúvida alguma, um empurrão na direcção certa.
Usam alguma destas estratégias? O que pensam sobre usar revisores profissionais?
ΦΦ
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