Este é o aspecto do meu exemplar de ‘Fábulas’ após leitura… as cores não têm qualquer significado, apenas a marcação das pequenas histórias que, por este ou aquele motivo, mais me agradaram.
Não posso falar desta ou daquela mini-história porque cada uma delas tem um significado muito próprio para quem o lê. Posso citar alguns desfechos que reúnem a essência de algumas Fábulas.
… Rapaz, vamos como dantes, Sirvam-nos estas lições: É mais que tolo quem dá Ao mundo satisfações. (Fábula LXVII, ‘O velho, o rapaz e o burro’, p.121, Curvo Semedo
Cada leitor, em cada fase da vida, encontra enterrados nos livros algumas pérolas de sabedoria. Alguns trechos com os quais se identifica e outros que passa a vê-los e compreendê-los melhor. A cada um, os seus significados.
Podemos opinar sobre eles, discuti-los, argumentar em favor ou desfavor deste ou daquele mas, no final, interessa aquilo que levamos de nós próprios para a observação e a forma como experienciamos o mundo. É isso que confirma ou desmente aquilo que lemos e que nos ajuda a fazer encaixar as peças deste grande Mundo.
… Há muitos que, por mal pagos, Choram benefícios seus, Porém se as partes se ouvissem, Seriam eles os réus: Dando pouco, exigem muito, E até mesmo a escravidão; Quem faz bem por seu proveito, Perde o jus à gratidão. (Fábula LXXIX, ‘O Homem e a cobra’. p.138, Costa e Silva)
Não posso falar de Fábulas sem transmitir que estas fazem parte da sabedoria popular. Muitas das suas partes, excertos e ideias, encontramo-las no dia-a-dia das pessoas comuns. São as eternamente repetidas, e gastas, que perdem o seu sentido de tão repetidas. São os vislumbres de um conhecimento mais profundo que se desgasta no corriqueiro do diálogo diário.
Foi reflexão mui subida Esta que fez a raposa; Que é loucura desmedida Entrarmos em qualquer coisa Sem ver se temos saída. (Fábula XLIII, ‘O leão doente’, p.89, Curvo Semedo
São pequenas histórias que exemplificam e personificam a natureza humana. Textos para serem degustados e apreciados.
A mil iguais fulanejos Lance a Parca a dura foice: Querem encher-nos de beijos, E o que dão, por fim, é coice! (Fábula XCII, ‘O urso e o amador de jardins’, p.157, José Inácio de Araújo)
Gostei e aconselho. E, na loucura, sugiro que experimentem criar algo do género (para os meus leitores-escritores). É difícil… Muito difícil.
Uma doçura afectada É fruto da hipocrisia. Sirva ao mundo esta lição: Quem de aparências se fia, Gosta da sua ilusão. (Fábula CXXV, ‘O ratinho e a mãe’, p.212, Curvo Semedo)
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