Esta é uma história muito pessoal.
A ideia original era uma coisa tipo ‘Promptuarium‘… Mas, ao escolher uma imagem para este artigo deparei-me com algumas coisas que faziam sentido colocar aqui. Coisas que me deixaram a pensar… (esquisito era se assim não fosse – e neste momento estou a revirar os olhos).
Neste sétimo dia de celebração do 12º aniversário do blog.sarafarinha.com optei por uma fotografia/imagem sobre a qual pudéssemos contar uma história… Um mote, uma inspiração, um incentivo.
Vasculhei uma parte das minhas centenas de fotos, porque fazia sentido usar uma fotografia (imagem, para os preciosistas das máquinas fotográficas) que fosse captada por mim.
Há poucas semanas tirei (mais uma) fotografia a um candeeiro de rua. E, reparei que, é um tema recorrente e sensível.
Aqui fica a minha imagem e o convite para escreverem algo sob o mote “Sou um candeeiro de rua…”
Recordo-me de escrever umas coisas ainda em pequena. Como já mencionei aqui no blog, tenho memórias muito específicas sobre alguns destes escritos. Uma delas aconteceu com um mote “Sou um candeeiro de rua…” (Quem me conhece, pode estar a dizer: “Já ouvi esta história”)
Numa aula de Português, a professora lançou um concurso em que escrevíamos uma composição, usando um dos três motes fornecidos. No final, o vencedor iria ler o seu texto para a turma.
Ao longo dos anos aprendi que, assim que tenho uma ideia para uma criação qualquer, não adianta refrear os meus impulsos porque, ou escrevo/crio aquilo que sai expontaneamente, ou acabo a ser incapaz de inventar o que quer que seja que faça sentido. Naquela altura, eu tinha 11 ou 12 anos e, não sabia disto ou sequer que teria de defender o meu direito de ser criativa.
Comecei com o “Sou um candeeiro de rua…” e, o que via um candeeiro, numa esquina de uma rua escura, no meio da grande cidade? Para mim, um candeeiro sentiente via um assassinato de um homem a acontecer.
A história que julguei ser uma potencial vencedora, (quer dizer, eu ainda acreditava que o padrão expectável era ser o melhor e mais imaginativo que nos fosse possível ser, na arrogância dos meus 11 ou 12 anos), valeu-me uma reprimenda e um pedido para o meu pai ir à escola. Porque, de acordo com a professora, eu tinha de ter um problema psicológico.
Felizmente, tenho um pai criativo, que sempre me defendeu quando era preciso. E, que acabou por explicar à professora que a filha dele tinha muita imaginação… e via muitos filmes…
Tendo em conta que o conto vencedor foi a descrição pormenorizada da decoração natalícia de uma montra de uma loja de rua, coisa que me deixou estupefacta porque achei que ia aprender alguma coisa e, afinal, aborreceu-me de morte, acho que percebo o que era aceitável naquele exercício cor-de-rosa-ó-criativo.
O que me custou aceitar não foi o facto da história ser má, porque vamos ser sinceros, tenho a certeza que a história era má. E, provavelmente, pouco adequada para o público em questão.
O que me custou foi a presunção de que a criatividade não pode existir fora dos moldes que uma pessoa literada em Língua Portuguesa, com um suposto conhecimento de Literatura, entende. E, que ela preferisse arriscar a explicação de problema psicológico… Sempre fui uma aluna mediana, nunca tive problemas na escola, não era problemática… aquela apreciação era baseada em quê?
E: Porque continua isto a ser tão importante/recorrente para mim?
Eu avisei que era uma história muito pessoal…
Compreendo parte dos meus temas recorrentes e espero conseguir a paz para arrumar este assunto também. Um deles, aceitar que o meu valor não depende da forma como os outros vêm a minha arte, seja ela qual for (as muitas que pratico).
Rejeição e crítica em tão tenra idade, porque não é a única ocasião de que me lembro, sem possuir as ferramentas cognitivas para lidar com ela é assustador.
Assim, deixo-vos o mote e a imagem. E, mais uma pergunta: O que vais tu ser? Aquilo que a Sociedade te disser para ser ou aquilo que queres Ser?
Acompanhem os artigos comemorativos do 12º Aniversário do Blog.
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