Adoro Julho. Porque está calor. Porque é o mês do meu aniversário. Porque é o meio do ano que decorre e, por isso, altura de fazer uma pausa e avaliar o que foi, e o que será. Porque podemos ir à praia ou fazer qualquer outra actividade cujo céu azulinho torne mais prazerosa… Até ler na rua se torna mais especial.
Sinto que, durante os meses de Verão, existem mais oportunidades para actividades diferentes. Espaços para outras formas de encher o poço criativo e uma predisposição para a felicidade que não se manifesta, desta exacta maneira, no resto do ano.
É no Verão que, a maioria das pessoas, se permite extravagâncias com a sua gestão de tempo, e experiências novas ou renovadas anualmente, que lhes permitem recarregar baterias até às próximas férias, habitualmente, por volta do final do ano.
O que são férias para um escritor/criativo?
- As oportunidades de encher o poço criativo com experiências novas.
- Um foco certeiro nas estratégias que permitam perseguir a sua escrita:
- Adaptando/mantendo um horário produtivo
- Diversificando as experiências de vida
- Atentando às estratégias de absorção de ideias/inspiração
- Tempo e espaço para contemplar os planos que se encontram em movimento.
- Redefinir o foco, ajustando ao que pretende fazer até ao final do ano.
Porque acredito que devemos contemplar estes períodos de transição como espaços para crescer como criativos profissionais?
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É quando descansamos que a nossa criatividade ganha vida.
Descansar permite-nos aproveitar ao máximo o treino a que nos submetemos. Acho que muitos de nós experienciámos burnout, porque não nos permitimos o equilíbrio vivencial que o mantivesse longe.
Uma grande parte da nossa força de trabalho vive imersa em medicação para controle dos efeitos desta situação. A mesma parte que desistiu dos seus sonhos pessoais, que trabalha apenas por dinheiro, que apresenta muitas evidências de descontrolo emocional e debilitada saúde mental e que parou de pensar na sua vida preciosa a necessitar de um plano pessoal de crescimento, aprendizagem e fortalecimento. A parte que testa a humanidade do próximo sem compunção ou justificação… e, que acredita que “Olho por olho…” deve ser o mote de vida.
Crescemos quando temos tempos de aprendizagem equilibrados com tempos de descanso. As ligações mentais entre “isto” e “aquilo” que vão gerar o “outro”, só acontecem quando lhes proporcionamos o espaço suficiente para se desenvolverem.
Podemos ver isto assim: juntamos água, fogo e umas folhas de camomila para fazer um chá. Pomos a água a aquecer até ferver. Mas, se não desligarmos a chaleira após ferver (daí o desligar automático), a água ferve até evaporar por completo e desaparecer. E, ficamos sem água para juntar às folhinhas do chá.
Criamos algo, um chá de camomila, depois de juntarmos os componentes, água e fogo, e de os deixarmos descansar, infusão das folhas de camomila, para que façam o seu efeito e cumpram a sua função, um chá para nos acalmar.
Primeiro, perdemos a capacidade de descansar. Com ela, vai-se a criatividade. E, por fim, a produtividade cai a pique. Muito tempo sem reverter esta situação, e os seus efeitos tornam-se, devastadoramente, presentes.
O valor que trazemos para a nossa vida depende de reabastecer as nossas energias periodicamente. Manter a Criatividade, o Descanso e a Produtividade, é imperativo.
O equilíbrio entre Trabalho e Descanso é importante. O equilíbrio parece diferente para cada um de nós. Descobri-lo é a nossa tarefa pessoal de maior valor.
Acho que cada um de nós quer ser o melhor que pudermos ser, nas actividades que escolhemos fazer. O descanso deve ser uma dessas actividades e obter a mesma consideração. Descansar o melhor que soubermos para equilibrar a balança.
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É quando nos permitimos afastar do tema que precisa de uma solução criativa, que a descobrimos.
Descansar, e/ou brincar, alimenta a nossa vida e a nossa arte. Não é por acaso que um dos motes mais recentes, por essas startups pelo mundo fora, é “Work hard. Play hard.”
Descobrir a solução só pode vir de nos afastarmos do problema e contemplá-lo de outra forma. Mudar a forma como o vemos é mais uma oferenda do tempo de descanso com que equilibramos o nosso trabalho.
Os tempos de descanso e as actividades de brincadeira, “encher o poço”, é para ser vivido com magia, não como uma obrigação.
Seria muito parvo, admitir que, nisto também preciso de ajuda? É como se não possuísse autorização pessoal para desfrutar dos tempos de lazer, da oportunidade de abastecer de ideias e actividades boas… Sempre temos temas pessoais em que trabalhar, não é? Eu, continuo na luta do “segue as tuas paixões”.
Caminhar para descobrir as respostas costuma ser um bom, e amplamente difundido, conselho.
Acreditamos que não precisamos de incentivos para ir descansar. Acreditamos que são os momentos de procrastinação, de preguiça pura, de “não me apetece fazer nada” que são o descanso.
Precisamos de todos estes momentos. Acima de tudo, precisamos de momentos vividos ao máximo. Precisamos de actividades que desejámos fazer e que não reunimos a coragem para perseguir. Precisamos de momentos de ócio, sem sentimentos de culpa.
Vivemos acicatados por um chicote imaginário: há sempre um e-mail para ler, uma quantidade de roupa para lavar, um cabaz de comida para ir comprar, uma despesa para conferir, um assunto para ir estudar, um telefonema para fazer…
Aprendemos a associar esses tempos de trabalho-não-trabalho com os momentos de ócio. Não o são. Não devem ser.
As pausas servem-nos de diferentes formas. Servem para trabalharmos melhor, para criarmos mais, para sermos felizes.
Que Julho, Agosto e Setembro nos tragam a inspiração, o espaço e as novidades para a nossa escrita ou outra actividade artística à vossa escolha. Que estejamos disponíveis para reabastecer energias, perseguir magias e reabastecer o poço criativo a fazer o que gostamos.
Boas Férias para os que vão… E, vamos continuando por cá, focados em criar um mundo melhor.