Olá a todos. Sejam bem-vindos a este [recursos do escritor].
Posso manter um janela de YouTube aberta durante todo o dia… mas, incomoda-me ter um ficheiro com a minha escrita?
Sim. Não. Às vezes…
Mas, começo pelo princípio… ou, pelo meu princípio, neste momento. Escrever 100 ensaios, sem pausa, e com propósito. Serve?
Há largos meses que dei como terminado o primeiro volume de uma série de livros, passados num universo de metamorfos. Entretanto, comecei a escrever o segundo volume e… dei comigo a precisar de me assegurar de forma compulsiva que o primeiro livro estaria de acordo com os meus desejos.
Avanço um pouco nesta história (se costumam ler este blog, recordam que ‘The Shapeshifters’ é um projecto sobre o qual tenho falado nos últimos anos), para o momento em que percebi que o planeamento dos três primeiros livros precisa de mais trabalho.
Aliás, neste momento, passou tanto tempo desde a pesquisa que retomei a actividade. Agora, com um pouco mais de direcção para certos aspectos que desejo ver esclarecidos.
Uma vez que tenho a certeza que sou eu que entrei em Circuito de Evitação… ou seja, estou a evitar o desconforto de submeter esta história, e este Universo, a um outro tipo de escrutínio, decidi aproximar-se do segundo livro deste projecto de outra forma.
Assim, mantenho os dois ficheiros comigo. Abertos. Prontos a serem escrutinados e a apaziguar a minha ansiedade. E, em simultâneo, arranjei um cadernito A5 daqueles baratos (80 folhas, pautado, da Firmo), onde me comprometi a cuspir tudo o que me ocorra sobre esta empreitada. Sem pudores sobre o que é, ou para o que pode servir, ou como entrará, ou não, no manuscrito final.
Só me preocupa retirar as ansiedades da cabeça, e enfiá-las numa página, onde posso considerá-las, e fazer algo com elas, ou arrumá-las de vez.
Mas, e no espírito de que a minha prática de journaling me trouxe de novidade, mantenho diferentes apontamentos e pesquisa nessa agenda(?!) que me acompanha.
Ainda descontente com a resistência brutal que este projecto (The Shapeshifters’) me tem provocado, decidi começar um outro tipo de aproximação a esta prática de escrita.
Há uns anos, curiosamente, no sítio que viu nascer este projecto, participei no #100dayproject. Este era um desafio em que, todos os dias, durante 100 dias consecutivos, nos propunhamos a construir uma iteração artística de algo. A maioria dos projectos envolviam artes manuais, pintura, ou outros tipos de criações artísticas que privilegiavam a reimaginação de um objecto.
Nesse projecto, e durante 100 dias, escrevi algo inspirado numa citação (mais ou menos) famosa. Algures, por volta do dia 40, começou a nascer o livro The Shapeshifters’ #1… a meio. Claro que não podia aparecer de forma organizada. Mas, não me queixo. Os momentos mais importantes estavam lá. As personagens também. O desenrolar e os temas apareceram.
Mais tarde, nesse mesmo ano, aproveitei o NaNoWriMo para reescrever o primeiro rascunho. Agora, de uma forma mais coerente e organizada.
Neste momento, e dado o bloqueio (em que me encontro a trabalhar para compreender e dissolver) volto ao momento inicial. Assim, comecei uma espécie de desafio em que me proponho a escrever 100 ensaios (mais 100 😅 ) sobre certos temas específicos.
Comecei a reunir temas e, ontem, escrevi o segundo ensaio.
Preciso dedicar mais tempo à indicação dos temas a escrever, porque ainda só reuni 30 — e já escrevi sobre dois, — e faltam 70 temas para o total. E, eu sei que o sucesso destas empreitadas passa pelo bom, e atempado, planeamento que garanta a regularidade da execução.
No entanto, marquei este projecto como, um daqueles, cuja página estará aberta em todos os momentos do tempo que passo em frente a este ecrã.
E, mesmo não estipulando uma quantidade certa de palavras a produzir, estabeleci alguns critérios:
- escrever, preferencialmente, mais de 500 palavras em cada ensaio
- permitir a liberdade criativa do género em que estou a escrever. Chamo-lhe ensaio, mas não será material em formato escolástico.
- manter os temas abstractos e filosóficos em suficiência (tal como eu gosto), mas com uma vertente construtiva, em que me proponho a analisar os temas e encontrar soluções para o que me aflige no momento.
Em análise da obra de Margaret Atwood, de Neil Gaiman e de Haruki Murakami, percebi que, todos eles mantêm este tipo de práticas, para além dos projectos literários em que estão a trabalhar. O que contou como mais um incentivo para este desafio.
Assim, acredito que me permito um espaço constante que posso (e devo) utilizar, sem preocupações com as opiniões da minha ego-editora, aberto aos devaneios menos publicáveis, ou que não desejo ver públicos.
Para os ensaios públicos, podem ler os artigos aqui no blog.
Entretanto, e logo no primeiro dia de prática, possibilitou-me um espaço em que resolvi umas coisas (que apontei no cadernito barato) e a vontade de lidar com este projecto que, sendo grande, me assustou um pouco.
Ainda não sei se consigo sair do Circuito de Evitação… mas, confesso que já dei um ou dois passos nesse sentido.
O meu caminho faço-o com os meus passos, não é? E, não reconhecer o trilho faz parte, e é inseguro, e desconfortável… é.
Mas, se posso ter uma janela de YouTube aberta durante todo o dia… porque me incomoda ter um ficheiro com a minha escrita? Um, onde possa apontar aquilo que me cruza o espírito. Um, onde possa rever e acalmar ansiedades. Um, onde possa ver o que fiz e o que desejo fazer daquilo que já fiz.
E, hoje, junto-lhe este artigo… uma página que está aberta de formas diferentes.
Acompanham-me? Juntam um bloco de notas? Uma página de texto aberta? Ou várias? Experimentam os 100 dias ininterruptos de prática? Espero que sim.
Assim como, espero que sintam a mesma diferença que sinto, cada vez que me proponho a um destes desafios.