Somos um produto — instrumento — da nossa realidade

produto da realidade

Olá a todos. Sejam bem-vindos a esta [pausa de Domingo].

Este é um artigo que é feito de vários temas que tenho vindo a considerar: O meio ambiente, as alterações climáticas, a abordagem do Homem ao mundo natural que o rodeia, a necessidade de enquadrar as histórias que nos chegam, acontecimentos recentes — como o tremor de terra do mês passado —, os interesses económicos em constante vigor, e a necessidade de compreendermos uma nova forma de viver, para que as gerações futuras não tenham de fazer uso constante dos simulacros de desastres naturais.

Abstive-me de comentar as guerras, a religião e os governos da actualidade. Consigo envolver-me demasiado nos sentimentos, que as opiniões sobre estes temas me trazem, mas, hoje não.

Quero que, nesta [pausa de domingo], vão em busca dos grandes temas da Humanidade. Porque os meus Construtores Criativos fazem-se de grandes temas e de humanidade. Precisamos deles nas nossas artes…

E, neste momento, em que muitos romantizam a chegada do Outono, e da ambiência coincidente com esta estação do ano, deparamo-nos aqui com o regresso do calor abrasador. Olá, Verão!… outra vez.

Nos últimos dois dias, parecia que tínhamos voltado ao pico de Agosto, em hora de maior calor. Os apartamentos voltaram a aquecer até ao ponto de retirar a motivação para mexer um dedo. Os carros, estacionados na rua, atingem os 50 graus no interior sem qualquer problema. Fogos acendem-se, e são difíceis de controlar, tendo em conta o tempo quente e seco, e o vento que se tem feito sentir a acompanhar. E, nós, que nos preparávamos para caminhar em direcção à progressão natural da época, voltamos a ficar incertas do que vamos encontrar ao longo do dia.

Mas, o Planeta não pára. E, as rotinas são para os incautos. Nada de Outono a começar.

No final do mês passado, sentimos um tremor de terra, cujo epicentro foi a uma curta distância do sítio onde me encontro. Um 5.3 na escala de Richter, que nos fez dançar enquanto estávamos a dormir. Fomos sacudidos, e atordoados, pelo evento. Foi tão inesperado que, a maioria de nós não teve qualquer instinto para seguir as regras dos procedimentos de segurança (dinheiro bem gasto em todos os simulacros de desastre natural em que participámos!).

Não sendo o primeiro tremor de terra que experienciei, foi o maior e, foi assustador. Ainda ontem, a minha miúda perguntava se eu me lembrava dele, e se iriamos ter mais algum… coibi-me de partilhar com ela que, após aquele que sentimos, houve mais uma centena e meia de pequenos abalos, todos dentro da mesma falha que percorre o Oceano até aqui  assim li nas notícias).

Entretanto, as notícias continuam a reportar, de forma menos dramática (e, no entanto, acredito que esteja correlacionada), não só um evento vulcânico num dos países mais a norte, como centenas de pequenos sismos que continuam a descer pelo Oceano Atlântico e, até, o desaparecimento de um dos cumes de gelo no pólo.

Não sou especialista em nenhum destes temas, apenas me sinto curiosa com as notícias que parecem relacionar-se entre si, mesmo que sejam apresentadas em momentos distintos.

Mas, parece não haver nada que preocupe os Homens, e que os faça ponderar se haverá uma maneira menos destrutiva de viver.

A lógica será: Viver envolve custos e nós só podemos aceitá-los. Esta é a forma como o Universo funciona. Evolui, muda e faz perecer os maiores seres que por cá andam, e andaram (diz que os dinossauros eram grandes). Os Homens podem lutar pelo seu pedaço de destruição ambiental à vontade. O planeta (o Universo) reagirá como tiver de reagir.

Chegámos ao sítios em que a natureza ainda é (ou parece ser) indomável. Mas não pretendemos domá-la, mas sim viver dos seus recursos, até que estes desapareçam. Mesmo sem pormos um pé nas suas terras geladas, destruímo-las sem esforço.

Darwin ficaria abismado com tanta possibilidade de descoberta. O equilíbrio natural, que depende da diversidade de criaturas e espécies, desaparece. Tem agora casas, e esgotos, e condutas, e toda a espécie de outros elementos que impedem que os ciclos naturais se façam.

Diz que as praias têm quilómetros de dunas, e areais, e vegetação que protege a restante terra da progressão do mar. Ou, diz que tinha. A construção ajuda à erosão, e a casa à beira-mar é essencial a uns, mesmo que gastem horrores em água potável a regar o relvado. Mas, exemplos destes, há mais do que temos noção que existam. A maioria deles não pertence ao nosso nível salarial, e não conseguimos sequer imaginar a sua existência.

As distopias surgiram, de facto, no momento mais propício da História. Só aqueles que conseguem ver, podem extrapolar o que vêem, para o que seria uma realidade completamente manipulada pelo ser humano e em modo sobrevivência do mais forte.

Era miúda, e ouvia dizer (em revistas e programas da National Geographic) que as Maldivas iriam desaparecer. Os atóis seriam tomados pelas águas, e um ecossistema delicado iria acabar por submergir. A grande barreira de coral estava a morrer. Fizeram-se inúmeros esforços para que as pessoas compreendessem o que significava perder essa protecção natural.

Os Oceanos, e qualquer curso de água, estão à mercê de tudo aquilo que não temos como despejar noutro sítio qualquer. Oceanos, sem oxigénio na sua composição, não suportam Vida e, não produzem comida. Oceanos onde se largam toneladas de elementos tóxicos são desastres de preço inestimável.

Acho que, no fundo, sinto que nos afastámos da vida natural. Enfiámos-nos em caixinhas de betão, levámos toda a nossa vontade para estas prisões de corpo e mente. Recusamos mexer-nos. Vivemos agarrados às coisas de que não gostamos, para podermos comprar tudo o que nos faz mal. E, já não concebemos viver de outras formas. Não uma forma, um molde, uma ditadura. Não! De outras formas mais adequadas às nossas sensibilidades humanas.

Eu sei que não consigo viver neste mundo natural, tal como ele é. O mundo natural é-me estranho, e difícil de viver com (aranhas, fujam de mim!… enquanto eu fujo delas). E, no entanto, tive uma infância de trepar às árvores e brincar na rua.

A carga de trabalho físico, foi aliviada por máquinas, mas já não é suficiente para o que as minhas costas aguentam. Anos de má postura, sentada em frente a um computador, fragilizaram-me a coluna de trazem-me dores constantes.

A comida criada, gerada, imaginada em laboratório e processada, faz-me mal. São tantas as doenças que perdemos a conta e, no entanto, não há uma causa para cada uma delas. É um conjunto de cenas, de coisas indistintas e inomináveis, que nos magoam, mas que não sabemos de onde vêm e como melhorar.

E, no entanto, os medicamentos que não tratam causas mas sintomas, são-nos empurrados pela goela abaixo, numa versão pensos rápidos que não tratam o corte na pele que está por baixo, mas que protegem do ar. E, não falo dos interesses dos vendedores da banha da cobra. Pesquisa e conhecimento só são importantes quando dão lucro. Como valores nunca dão lucro…

E, não quero começar sobre o tema separar a mente do corpo, quando se trata de saúde física. Como se o cérebro não comandasse tudo! E, não fizéssemos a mínima ideia de como ele funciona, e de como precisávamos que ele funcionasse, e das doenças que, como sociedade, sempre lhe atribuímos (reais ou inventadas). Acredito que, ansiedade, por exemplo, não é uma doença, é um sintoma de que algo está mal no meio ambiente em que a pessoa vive. Mas que, se lhe dermos tempo suficiente, transformar-se-á em muito mais do que uma pessoa consegue gerir.

O que podemos fazer, se não podemos viver num mundo sem Natureza, mas fazemos tudo para a matar, explorar, viver dela?

Há opções, dizem uns. Não faças isto ou aquilo, dizem outros. Se fizermos um bocadinho, ajuda. (Ajuda?) E, dentro da teoria, “vivo por pouco tempo, e nas melhores condições possíveis”, quem vier depois de mim (filhos, netos) que lide com aquilo que eu não soube lidar.

Nunca achei que este mundo fosse, particularmente, acolhedor. Dizem que os seres humanos aprendem a viver nesta balança valorosa. Que temos em nós a possibilidade de fazer, não apenas o pior, mas o melhor. Que esta simbiose nos torna em seres que persistem, que resistem, que inventam e permanecem. Sei que somos tudo isto e muito mais.

Também sei que, saímos à rua, e vemos no comportamento alheio (para além de um reflexo do nosso) um desagrado permanente, uma facilidade em ignorar o próximo, e passar-lhe por cima (atropelá-lo, mesmo) sem qualquer calor humano, uma loucura que nos tolda a vista para pouco mais do que o que “temos de fazer“.  Comparações, distrações, desmotivações…

Mas, sei que as gerações anteriores não eram mais felizes na sua forma de viver. Tinham outros problemas e realidades para gerir.

Desejava que as vindouras o fossem. E, na minha vivência, vi progredir o mundo e, quando acreditava que tudo era pelo melhor, mais tecnologia, mais conhecimentos, mais compreensão, só desejo que tivéssemos progredido de forma mais saudável, mais consciente do que devíamos estar a defender, mais instruída sobre os resultados de certas melhorias… ocorre-me o plástico.

O mundo acaba, e o plástico fica a pairar por aí… Assim, numa lógica:  “Se os sistemas são constituídos por variados elementos, por componentes diferentes que interagem entre si, que se agregam ou separam por formas evolutivas próprias, é natural que alguns elementos se adaptem e persistam enquanto outros se separem, ou caminhem para outras variantes…” — A Evolução dos Construtores Criativos.

E, o ser humano? É Plástico? Que vive à deriva por aí, em formatos degradados. Ou montanhas de gelo no pólo norte? Que se transformam e regressam ao ciclo?

Como Construtores Criativos é o nosso papel reflectir sobre os temas que alimentam as nossas artes. Todos somos um produto das nossas realidades. E a nossa arte é um produto nosso, de um ser individual, que vive em comunidade, e que experiencia a vida à sua maneira.

Deixo-vos o mote: reflictam. E, criem algo alusivo, se possível.

Obrigada e Até Breve!

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