Olá! Sê bem-vindo a este [vida criativa].
Às vezes, é tão difícil escrever um destes artigos. É como se, cada vez que se desenhasse um tema, dentro da minha cabeça, este fosse arruinado por rabiscos feitos a marcador preto, de tinta permanente. Rabiscos que eu faço, de propósito, sobre qualquer ideia que se assemelhe a uma imagem a desenhar… com palavras.
Nestes momentos, em que não consigo imaginar nada que possa ser relevante, útil ou, sequer, de entretenimento, sinto-me desorientada. Foi o que me aconteceu nestas últimas semanas.
Sim, pode ser pelo facto de ter deixado passar o 18º aniversário deste blog, sem me recordar que ele acontecia. Diz 13 de fevereiro… eu, que não gosto de dias 13’s, logo calhou publicar o primeiro artigo no dia 13 de fevereiro. É! E, diz que este espaço é, agora, um jovem adulto.
Pode ter sido este o motivo da minha relutância em escrever um artigo habitual.
Ou, pode ter apenas sido porque continuo, extremamente, frustrada com a leitura mais esperada do ano (podem ler tudo sobre isto no artigo Loop mental em ‘Onyx Storm’). Continuo em sofrimentos e já estou a ponderar reler só para tirar teimas (posso ter-me enganado?! li mal?! alguma coisa que salve esta série para mim?!)
Também não descarto o facto de andar a remoer umas ideias, incluindo a minha incapacidade de regressar ao projecto ‘The Shapeshifters’, e ter começado a cozinhar uma outra história. Sim, fartei-me de tropeçar nos meus próprios pés e, vou avançar para o projecto que me está a chamar neste momento.
Sei que me sinto em baixo, quando não consigo escrever para este blog, ou avançar com uma das minhas histórias.
Aquela vozinha interior, que me atira para fora do meu caminho, adora intrometer-se e ajudar a extender estes momentos dolorosos.
Mas, aqui estou eu. Confiante que, também nestes momentos de falta de concretização, encontro quem reconheça este estado e, talvez até, partilhe um momento semelhante ao meu. (Estou aqui e consigo ver-te.)
Porque, não acredito que, todos os que criam, todos os que imaginam algo, seja o que esse algo for, estejam sempre devidamente inspirados e motivados, e que consigam sempre produzir como se fosse um trabalho de churrasqueira qualquer, a virar e revirar o frango, sem qualquer necessidade de parar.
Não. E, mesmo se pensarmos nos criadores que estabelecem aquelas rotinas mirabolantes, em que precisam passar uma certa quantidade de horas a escrever, e mais umas quantas a descansar, a ler, a correr, ou qualquer outra coisa, não estão sempre a criar o seu melhor trabalho.
Desconfio que, por vezes, estarão só a inventar trabalho.
E, por vezes, estão até a reproduzir a mesma fórmula, uma e outra vez (a revirar o frango?!).
Aceito, e incentivo, a que faças o que funciona para ti.
Mesmo que, em certos momentos, eu não consiga deslindar o que isso pode significar para mim, e para tudo aquilo que tento escrever e, simplesmente, não consigo.
Faz parte. Só preciso aceitar que funciono melhor quando sou verdadeira comigo mesma. Quando determino o que faço, o que não faço, e o que me serve de alimento para o que farei.
Tenho procurado muitas visões sobre este assunto, e estratégias para o resolver. A única conclusão certa a que cheguei é que: tudo muda (e que o sofrimento não ajuda ao acto de criação). O que resolve um certo soluço, um buraco no meio da estrada que me esteja a complicar o caminho, é respirar fundo e aceitar que, hoje é assim e, amanhã, pode ser de outra maneira.
Os períodos do dia em que faço melhor isto, ou aquilo, não são determinados pelo meu relógio biológico. Sim, sei que estou mais atenta em certas horas, mais cansada noutras, com obrigações específicas noutras. Mas, a verdade é que uma rotina exemplar, saber que hoje gasto x horas a escrever, e que até posso escrever mais, e com facilidade de manhã, não é garantia de que amanhã seja igual.
Amanhã posso ter um soluço qualquer, e precisar de fazer algo nesse momento e, ser ao final do dia que me motivo/inspiro a escrever. E, está tudo bem.
A única parte que não está bem consiste em querer obrigar-se a fazer tudo, como a imaginativa doida e perfeccionista que sou, acha que deve ser feito. E, quando isto não acontece (que é o tempo quase todo), ficar tão chateada que, depois, não consegue fazer nada de útil ou positivo. Exceptuando, passar as próximas semanas a tentar reconstruir tudo o que destruiu, durante a birra de não ser capaz de produzir nas condições que desejava.
E, é assim que se desiste de projectos perfeitamente aceitáveis: deixando que o tempo faça a dúvida entrar, alastrar e, por fim, conquistar.
18 anos deste espaço. Não posso dizer que seja uma desistente, ou posso? E, outros tantos a criar histórias para os outros lerem… ou para enfiar na gaveta.
Assim, hoje trago-vos a seguinte afirmação: não faz mal.
Não agir como os outros. Não produzir da mesma forma. Não obedecer às regras do que deve ser. Não faz mal.
Se levam algo deste artigo que seja: escolhe os teus momentos. Faz a tua arte. Persiste. Não corresponder aos cânones, à tradição, ao habitual, ao que devia ser, não faz mal.
Por mim, cá continuarei a convencer-me que não faz mal. Que cada projecto tem o seu ritmo. Que cada objectivo tem a sua duração. Que cada momento tem o seu tempo. Que faço o que consigo, e que dou tudo o que posso, a cada momento criativo.
Aliás, desperdiço muito tempo em contemplação, só porque não sei parar para descansar por um bocado… com receio de não conseguir regressar. Enfim…
Que bonita e genuína partilha.
Acredito que as criações não se fazem às fornadas. São bênçãos que nos são dadas quando têm de o ser. E talvez surjam mais quando estamos tranquilas e relaxadas sem a pressão de ter de produzir algo.
Obrigada pelas tuas palavras. Ressoaram deste lado.
Um abraço
Olá, Sónia.
Obrigada por comentares e pelas tuas palavras. Concordo contigo quando dizes que criações são bençãos e que surgem, de uma forma mais natural, quando estamos tranquilas.
Até Breve!
Sara