Criar e Sofrimento não combinam

criar e sofrimento não combinam

Olá a todos. Sejam bem-vindos aos [recursos criativos do escritor].

No presente, afirmo que o acto criativo não necessita, ou deve ter, sofrimento. Não precisamos estar em sofrimento para escrever sobre ele. E, uma pessoa em sofrimento, não possui os recursos mentais para se dedicar ao acto criativo com intenção e acção. Aqui pelo meio, partilho partes de algumas experiências pessoais e como estas me afectaram/afectam, e ao que crio.

Quero alertar para as citações introduzidas e incentivar-vos a procurarem os textos completos. Cada um deles é um pedaço de sabedoria.

Nalgum canto da nossa mente está presente, e sem qualquer margem para dúvida, que criar não combina com sofrer. Repito:

Criar não combina com sofrer.

Ou seja, nos momentos de sofrimento, de dor, de grandes alterações emocionais, o trabalho criativo (artístico) torna-se quase impossível. Deturpamos o que estamos a fazer. Construímos, agarrados à crença que é preciso sofrer para mostrar sofrimento.

stay light and unburdened

Quando nos agarramos ao sofrimento, criamos arte que não nos representa como pessoas completas.

E, ao fim de uns tempos, apresenta-se-nos um dos dois caminhos: a incapacidade de criar seja o que for OU a constatação recorrente que aquilo que criámos não é bom o suficiente.

Acredita que sei do que falo. Já lá estive e, para dizer a verdade, sinto sempre que ainda estou no caminho de volta. Porque o caminho para estar bem é longo, árduo e cheio de reviravoltas inesperadas. Mas, se desejo Criar, e Construir, é algo que preciso ir resolvendo.

Atesto com convicção que, quando me sinto bem, o acto criativo é melhor. E, quando me dedico ao acto criativo, também me sinto melhor. É um ouroboros entre Vida e Criatividade.

Durante muito tempo, aquela imagem de artista sofredor e auto-destrutivo permaneceu comigo. Era giro ver uma qualquer biografia, ou registo aparentemente biográfico, e encontrarmos o artista-herói a descobrir a razão de criação da sua arte após o sofrimento intenso e o total abandono da racionalidade para poder criar aquela obra que, finalmente após anos de trabalho, e de abandono da vida “normal”, o transformasse no sucesso que deveria ser. Mesmo se póstumo… e, assim se justificam todas as acções questionáveis cometidas em vida.

negativity and suffering

Não temos falta de exemplos, de pessoas que criaram grandes obras de arte e que eram, em última análise, estranhas a uma vida feliz.

Ou, nesses documentários, só nos mostram o sofrimento: ahhh sofreu tanto, passou fome, teve uma infância difícil… mas deixou-nos esta obra.

Porque uma biografia, à imagem de uma qualquer compilação ficcional, também necessita dos elementos mais dramáticos, para que as pessoas não deixem de os consumir. Algo que, preciso recordar cada vez que eu consumo algo do género.

A negatividade, o sofrimento, o cinismo que se desenvolve como mecanismo de defesa, entre outros sentimentos com uma assoberbante magnitude de envolvência cognitiva, não me ajudam quando me sento na cadeira e procuro algo que goste/precise para escrever.

find joy in all

Sei que Criar não combina com Sofrer. Senti-o na pele. E, mesmo quando penso no estado de espírito com que comecei a escrever ‘Percepção’ (e que partilhei noutros artigos), a verdade é que escrevê-lo foi a minha salvação. Eu já estava no Caminho de volta, em busca de me sentir melhor. Já tinha terminado com o que me andava a fazer mal, parado de ouvir o “aguenta!” e tomado a decisão de mudar.

Assim como, quando comecei a escrever ‘Os Metamorfos’, já estava de regresso a mim própria, neste Universo mais positivo. Tinha, por fim, aceitado que podia ser quem eu quisesse ser e, nunca mais, quem eu não era.

Não menciono todos os livros de treino, entre um (Percepção) e outro (Metamorfos), porque estes foram aprendizagens necessárias.

Impedir-me de Criar é negativo. É uma espécie de punição que me atribuo quando me sinto menos bem. Impeço-me de escrever porque me impeço de ver o Positivo.

Infelizmente, faço-o com demasiada frequência. E, isto é uma chatice pegada! (understatement of the year)

objectivos smart

No entanto, os últimos anos ensinaram-me a ter paciência, a tentar aceitar os meus erros, a perseguir a vivência a que pertenço, a redescobrir o meu gosto por actividades, e a fechar-me a influências alheias. Algumas destas requerem trabalho constante, ou não fosse filha da minha geração.

Agora, sei que Criar não combina com Sofrer e, descobri formas de potenciar o primeiro, e ajudar o segundo a ser colocado em perspectiva.

Ajuda ter um Tema.

Acho que, em tudo, quando tenho um Tema, uma Palavra orientadora, uma Lista de regras pessoais, — estou intrigada com isto: NCIS: Origins — ou uma qualquer espécie de Guia, encontro o regresso ao Caminho com menos dificuldade.

Seja qual for o projecto, a actividade ou a emoção, pergunto-me ‘qual é o tema?’ O que me vai orientar quando preciso desempenhar algo. Inspiração? Livros? Respeito? Desgosto? Respirar? Continuar? Ensinar? Qual é o tema da actividade que enfrento?

accept and let it go

Ajuda ter um Escape.

Quando não encontro o Caminho, ajuda tentar compreender as ocorrências no Caminho. Ter um Escape, um sítio onde colocar aquilo que me confunde, e que gostaria de ver esclarecido em mim.

Como um qualquer pedaço de papel onde articular o que me corrói. Um filme que revisito com frequência? Um livro que leio com mais atenção?

Ajuda abandonar a sensação de culpa.

Olá, influências católicas! Culpa. Tudo era culpa. Em especial, se fosse alheia…

Ajuda definir um prazo.

Quando preciso de um momento para… esperar? pensar? reformular? porque não me concedo esse momento?

Sei que é difícil encontrar o limite para algo se não coloco uma barreira consciente para o seu fim. Mas, também, já me aconteceu colocar um prazo e continuar a adiá-lo, vezes sem fim. A preparação para o fim pode ser longa, mas arrastar o sofrimento é pior. O vício faz parte de nós, seres humanos, por isso é melhor não adiar muito os finais das coisas, ou não vá desenvolver-se o vício pelo sofrimento em si.

ficção de valor

Ajuda colocar em perspectiva

Há quem faça listas, quem coloque factores em colunas ‘a favor’ e ‘contra’, quem converse com outras pessoas sobre os assuntos… Ter noção do que desejamos fazer, em consistência com o que temos de fazer, e do que eliminar nesse processo de escolha.

Contemplar o panorama geral é importante, para que a acção individual faça sentido, e tenha o seu devido valor.  Naquela lógica de quantidade de minutos perdidos, numa qualquer rede social, que justificamos como tempo de “pausa” ou “descanso” (sobre isto, encontram o artigo Fora com as Redes Sociais…).

Segundos formam minutos, que formam horas, que se traduzem em dias… meses… anos. Quantos anos terei passado nas redes sociais? E, o que trago de positivo dessas experiências? Nos inícios… algumas pessoas, projectos, contactos e conhecimentos. Mas, este é tema para um outro tempo.

Aceitar que é preciso permitir-nos o tempo, para sentirmos o que estamos a sentir, para vivermos o que precisamos viver, para nos libertarmos do sofrimento mas, procurar não perder o rumo do Caminho de volta ao acto criativo.

Porque, para Criar precisamos estar despertos para o que nos rodeia e o sofrimento tolda essa visão. Não nos deixa ver para lá do tumulto interior.

Algo que é uma chatice mas que, por vezes, é tudo o que temos. E, está tudo bem. Voltamos ao Caminho em breve! Arranjamos uma lanterna. Compramos um mapa da zona. Contratamos um guia. Permitimo-nos um abraço. E, continuamos a viver e a criar.

Arranjamos uma forma de fazê-lo.

get it done

Há um vídeo com esta Masterclass no YouTube. Recomendo.

O que pensam sobre a relação ‘Criar’ e ‘Sofrimento’? Deixem os vossos comentários em baixo.

Obrigada e Até Breve!

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