Olá! Sê bem-vindo a este [recursos do construtor criativo].
Este era um artigo sobre escrever em quantidade. A ideia era potenciar uma visão sobre a necessidade de ir apontando tudo o que povoa os nossos dias.
Mas, entretanto, mudou para um artigo sobre a minha experiência com as redes sociais, uma em maior detalhe, e os argumentos que me têm levado a ponderar eliminar o meu perfil em algumas.
Posto isto, e após um grande interlúdio temporal com uma das ditas…
… em que fui escrever um artigo, a explicar porque estava a considerar encerrar a minha conta, e me deparei com os problemas do costume, que só reforçaram porque é esta a última rede social que eu frequento, há já vários anos, e só quando não tenho escolha. Reforço a minha convicção que certas plataformas morreram, mas ainda não deram conta. Adeus, zombie social! Ou será, muito em breve.
Redes Sociais… a alimentar a loucura colectiva desde o século passado!
Não planeei escrever sobre as redes sociais. Mas, aqui estamos! De facto, como mencionei acima, tinha um artigo alinhavado aqui sobre o tampo da minha mesa, um primeiro rascunho em papel, para revisão e posterior publicação.
Mas, eis que me confronto com uma sessão de ‘redes sociais’ (não importa qual a plataforma) e, após uns dias de tentar ignorar uma certa subida ao poder (no plural, porque foram vários os homens que subiram ao poder, ao abrigo do mesmo espectáculo deprimente), no palco internacional, diz que fui espreitar qual era a minha real necessidade de manter essas presenças tóxicas na minha realidade virtual (não são jogos, mas parecem!), ou melhor, na realidade-real, que é servida através das plataformas digitais.
Um pensamento ganhou força, não forma, porque essa ele já tem há uns anos: e é uma forma de eliminar os meus perfis nas redes sociais.
Eliminar, ou não, os meus perfis nas redes sociais?
Ainda sou do tempo, em que não se podia apagar o nosso perfil de certas redes sociais. O campo, simplesmente, não existia. Ahhh! Lembras-te disso?
Até aqui, a ideia de eliminar a minha, errática, negligente e omissa, presença nas redes sociais era sempre acompanhada por FOMO (fear of missing out), ou o receio de “estar a perder alguma coisa que se está a passar”.
Mas, o que mais sinto que vou perder é o alimento para a minha ansiedade, provocada por tudo aquilo que leio, vejo, e com que me cruzo online, e que mexe com os meus instintos mais básicos. E, sei que, dar alimento ao meu “animal irracional” é… bom!, irracional.
Se as notícias dos órgãos de comunicação social oficiais são curadas de formas, por vezes, opacas e tendenciosas, o que podemos dizer daquelas que são criadas por qualquer um?… ergo, redes sociais.
Mais ainda, quando se pretende terminar com a verificação dos factos e substituí-la por comentários dos utilizadores… preciso Comentar isto? Acho que não.
E, se quero saber o que se passa no mundo… bom, é só ligar a tv. Agora, até já temos uma mão cheia de canais que só passam notícias e, mesmo, acesso aos canais noticiosos dos outros países!
Ter a consciência que é a manipulação que tolda as pessoas, que são os argumentos oh-tão-razoáveis, cheios de não-factos, inverdades, com objectivos muito claros, sobre o produto de certa desinformação, faz-me perguntar se tenho escolhido não ver o que estava bem na minha frente.
Porque as redes sociais serviam para ver as notícias, ou só certos sites que me interessavam, ou novidades… Não! O algoritmo não permite que assim seja. Só vejo o que me mostram, e 90% dos artigos, provêm de utilizadores dos quais não sou seguidora, pelo que não posso dizer que vejo o que escolhi.
Vejo o que me aparece nos feeds. E, só vejo as “notícias” que são escolhidas para mim, pelo meu historial de gostos e afins. Ora, não gosto.
Na semana passada, disse à minha filha para não subscrever um certo canal (não importa qual, ou onde) que ela gosta de ver, porque era uma forma certa de os vídeos deixarem de aparecer no feed, e ela não se ia lembrar de procurar nos subscritos. O que, acho que diz muito sobre o que penso da situação actual.
Olhando para trás, sempre estive algo convicta de que era difícil manipular-me. Rio-me, agora com vontade, da minha ignorância. Sou tão manipulável como o próximo e, em certas situações, serei mais manipulável do que a maioria. E, no tema das redes sociais, quero sempre acreditar que, aquilo com que começámos, pode ser ainda o que existe… LOL. Não é.
Ainda sou do tempo em que, uma certa aplicação, era o supra-sumo da edição fotográfica só porque permitia aplicar filtros nas fotos…
Mesmo que me esforce por não perseguir toda a parvoíce que é partilhada. Mesmo que não ligue às coisas com que discordo. Mesmo que tenha sempre acesso aos meus recursos pessoais, aos meus livros, às pesquisas, às aulas de História (estas são importantes, sim?!). Mesmo que me recuse a acreditar, ou agir, sob princípios que não considero meus, acabo sempre por deixar que certas informações permeiem a minha vivência. Afinal, não podemos apagar aquilo que nos entra pelos olhos dentro. E, temos de viver com o que não podemos apagar.
Mas, é isso que representam as redes sociais: disseminação de informação estratégica, para reforço de certas estruturas económicas, e de poder bem seguro nas mãos de uns poucos.
Não foi assim que começou, mas foi nisto que se tornou.
Para que os interesses humanitários sejam menos humanos. Para que a defesa do planeta em que habitamos seja (ainda mais) enfraquecida. Para que o Capital seja sempre o valor mais alto, em detrimento das nossas crianças, e da nossa sobrevivência como espécie. Para que uns possam ter tudo o que desejam no mundo, à custa dos milhões que padecem.
Parece exagero? Não é. É só verem o estado das maiores fortunas (declaradas), e como estas têm evoluído.
Em certos países, em que o dinheiro não é um problema, estão a construir cidades para viver no ar e, noutros projectam excursões para assentar raízes no espaço. Distopia, utopia, demagogia… chamem-lhe o que quiserem. Eu, chamo-lhe loucura, baseada em demasiada Ficção Científica, e numas aterragens de cabeça quando eram miúdos.
Portanto, posso em honestidade afirmar que as redes sociais são um Recurso para um Construtor Criativo?
Posso afirmar que, elas são a causa de muitos problemas de saúde física e mental da actualidade. Elas expõem-nos a irrealidades e alimentam os piores sentimentos que os humanos têm, como a inveja, a falta de empatia e a maldade indiscriminada.
O que vemos nos outros, o que imaginamos ser a vivência de desconhecidos, o que é partilhado como sendo verdadeiro, o que é usado para explorar a mente de quem vê, para fazerem com que as pessoas acreditem nas mentiras que lhes dão jeito… muitas têm sido as situações em que as pessoas, e os grupos de maior risco — como adolescentes e crianças — estão sempre na vanguarda, e são arrastadas para convicções (convicções como crenças, não realidades) que põem em risco a saúde.
E, que são usadas para extravasar ideias que nunca seriam ditas em voz alta, ou sequer imaginadas, se não tivessem acesso, exposição prolongada, e pouco sentido crítico, por parte dos seus emissores.
A verbalização pública de certos discursos é possibilitada por uma certa noção de protecção. Há a sensação que, por trás de um ecrã, é seguro comentar coisas impróprias, ou que há um anonimato, que não é real.
Poucos são os que têm conhecimentos técnicos para se esconderem, de verdade, atrás de um ecrã.
Que são um poço de desinformação e de mentiras mas, também, de acesso a conhecimentos que, podendo ser confirmados ou refutados, podem formar a base de alguns trabalhos criativos. Diria que, nas redes sociais as distopias ficcionais têm alimento criativo para décadas.
De certa forma, se considerarmos a parte de criação ficcional como tudo aquilo com que temos contacto, e que pode original uma peça de arte, o acesso directo às mentes conturbadas pode ser uma fonte de ideias.
Mas, é o preço a pagar justificável?
Perdemos horas imersos no scroll down. Tenham coragem, e espreitem o vosso relatório de quantas horas semanais passam nas redes sociais. Os equipamentos fornecem essa informação, e é sempre um choque vê-la. Tento sempre dizer que “ah conta tudo, incluindo aquilo que deixo a miúda ver no meu telemóvel…“. Mas a verdade é que são muitas horas, em que não fiz (ou fez) nada em modo activo.
Ignoramos tudo (e todos) o que se passa à nossa volta só por mais uma “injecção” de dopamina. Porque sentimos que é importante ver o post que vem a seguir, e o a seguir, e os milhares de reels idiotas, que apagamos da memória assim que eles acabam. Se é que os deixamos acabar antes de avançar para o próximo.
E, saímos de lá, — do momento infindável de scroll down, que era suposto durar apenas 5 minutos, mas que se traduziu em horas — com a sensação de que não existimos de facto durante o tempo que perdemos agarrados ao ecrã do telemóvel (ou de outro aparelho similar).
Transferimos o valor das relações presenciais para contactos online que só existem no reino virtual. Fechamo-nos à natureza, à nossa e à que está lá fora, e preferimos ficar agarrados a um qualquer ecrã, à espera de ler a próxima mensagem que nos irrite, comova, ou faça rir.
E, se no princípio, as aplicações de chat eram divertidas e essenciais, a verdade é que, há muito tempo que esse contacto acabou, e que se tornou perigoso “dar conversa” a estranhos online.
Os nossos amigos reais têm o contacto de telemóvel, e acesso privilegiado, ao vivo e noutras aplicações, que não envolvem tantos riscos.
Em 2025, decidi que ia ser Intencional com a minha vida de uma forma mais… bem, Intencional. E, sobre isto podem ler tudo no artigo Primeiro Artigo — Intencional — de 2025. Sejam Bem-Vindos!
Assim, é a minha intenção por-te a pensar no que retiras de positivo, e de negativo, do uso de cada uma das redes sociais em que tens um perfil activo.
Algo que, eu própria estou a fazer.
O Universo sabe que eu tenho contas espalhadas por todo o lado (porque, durante muito tempo, assim que surgia uma nova, aderia para ver o que era. Felizmente, as que não me entusiasmavam, não adicionava nada, excepto os inputs que permitiam experimentar a conta. E, muitas delas suspendem o utilizador se não forem usadas), pelo que acho que posso falar sobre a experiência, e como esta tem evoluído ao longo das últimas duas décadas.
Ainda sou do tempo em que, a app que se tornou no supra-sumo do mundo do recrutamento, era de desconfiar… e, surpresa! Voltou a ser. (Verifiquem lá, se possível, quem anda a fingir ter negócios legítimos e está à procura de trabalhadores de verdade!)
Intencionalmente, deixei os nomes das plataformas de fora. Acho que não preciso “chamar os bois pelos nomes”, quando eles vivem connosco dentro de nossa casa e nos acompanham em todos os momentos mais íntimos. Tu sabes quem elas são.
E, não há muito tempo, deparei-me com uma app que acedia à câmera e ficava a transmitir ao vivo o que o utilizador estava a fazer. E, pior, era uma app direccionada a crianças, e bem novas, por sinal. Quando me apercebi, o que aconteceu, quase de imediato à sua instalação e subsequente desinstalação, ia-me explodindo um coágulo no cérebro, é só o que vos digo!
Enfim, muito mais havia a dizer sobre o assunto e relacionados, mas vou-me conter (foi?!?!).
Deixo-te o mote: repensa na importância das fontes da informação que dispões. O que serve melhor os teus projectos criativos? O que apoia a tua vida mais saudável? Qual o impacto que estás disposto a permitir na tua capacidade cognitiva?
Viva, Sara!
Sigo o teu blogue e leio as tuas publicações assim que me é possível, pois, por vezes, nem sempre me é possível fazê-lo de imediato.
Mas esta, pelo título sugestivo, captou logo a minha atenção e não pude deixar de a ler de imediato.
Isto porque, nem a propósito, há bem pouco tempo, numa conversa com amigos (frente a frente, sem ecrã pelo meio, que bom) num final de tarde, se falava precisamente sobre a transformação assustadora dos seres humanos, na sua eventual aniquilação, consequência de um desmesurado desrespeito pelo planeta azul, que cada vez mais, menos o é, e pelo próprio ser humano.
(Isto agora, fez-me lembrar a aniquilação do Houellebecq)
Na verdade, iniciei este 2025 com uma sensação de aperto no peito. Sinto uma preocupação quase que angustiante em relação ao mundo que nos rodeia e à realidade tal como a conhecemos. Para alguns esta preocupação será uma coisa parva, de gente que não tem mais em que pensar e dá-lhe para pensar nisto. Que pensa demais, devia era pensar menos, que é o que se quer, porque para pensar já temos a inteligência artificial que é para isso que ela serve. Para nos substituir nessa coisa de pensar, e já agora no que mais houver para seremos substituídos. Para outros, esta será uma preocupação legítima, face à sequência de acontecimentos dos últimos meses e anos.
Basta estarmos atentos a discursos, a atos, e a realidades (“realidades”) construídas por medida, estilo prêt-à-porter, via redes sociais, por ferramentas de IA, por quem não escrúpulos ou por quem não tem que fazer.
Não foi assim há tanto em que era impensável alguém atender um telemóvel à hora de refeição, fosse em casa, fosse no restaurante, porque esses eram momentos de “estar ali”. Agora, é ver famílias de quatro, no restaurante, agarrados ao scroll, seja ele, up or down, olhos postos no gadget que têm à frente. Ou ver crianças de dois anos com um tablet à frente, assim que são colocados nas cadeiras. Ora, toma lá e cala-te.
Eu sou do tempo (como dizias) em que entreter uma criança no restaurante se fazia com recurso a uns lápis e um pequeno bloco, ou um livro ou até, em que não era preciso entreter, porque os seus cérebros tinham ainda a capacidade de conseguirem estar “desocupados” sem que isso constituísse um problema (viva o mindfulness…).
A verdade é que, facilmente, somos levados a agir como o restante rebanho. Vamos atrás, sem disso nos apercebemos e não tarda nada estamos também nós a ser aquilo que reprovamos nos outros. O truque? Questionar. Questionar, sempre. E, após uma tomada de consciência, mudar o rumo, reajustar atitudes, (re)priorizar valores. E aí, porque não arriscar um pequeno brinquedo, em vez de um tablet com um cartoon viciante e vazio?
Enfim…
Deixo, então, a minha “ideação”.
Até breve!
Olá, Ana!
Primeiro, quero agradecer pelo teu comentário e por leres os meus artigos. Significa muito, para mim.
Consigo ver as tuas ideações, e é bom saber que há outras pessoas por aí a notar certas coisas, nesta nossa forma de viver o dia-a-dia, e a procurar outras abordagens.
Suponho que pessoas diferentes têm preocupações diferentes. E, costumamos odiar que nos chamem a atenção para temas mais complexos. Já reparaste que o argumento acaba sempre com uma afirmação do género: “se não posso resolver, e se fica sempre igual, para quê preocupar-me?!” Infelizmente, não consigo ter esta abordagem. Se puder fazer só uma coisa para “ajudar”, é melhor do que não fazer nada… ou afastar-me do processo de sentir que posso contribuir de forma positiva para o assunto. Como diz aquela frase (estou a parafrasear): só nos tiram o poder, quando nos convencem que não temos nenhum.
Esta semana, li um livro pequenito, mas que me está a “agarrar” de formas inesperadas, que argumenta sobre as mudanças que se verificaram na nossa sociedade actual, e como o desenvolvimento que temos sofrido nos conduziu a este tipo de relação social (e de poder) que temos no momento. Chama-se “The Burnout Society” por Byung Chul Han. Ele compara o que sabíamos sobre certos mecanismos de cognição humana, e como eles têm evoluído, comparando com o conhecimento de diferentes especialistas, ao longo das décadas em que se formularam. Fez sentido de uma forma inesperada. Estando interessada no tema (e ele não fala só sobre burnout), recomendo-te.
Obrigada, de novo, pelo comentário e espero ler-te em breve!
Até Breve!
Sara