Dia da Mãe e Menos de Ecrãs

dia da mãe 2025

Olá! Sê bem-vindo a esta [pausa de domingo].

Ena! Há tanto tempo que não escrevia aqui, que acho que estou um pouco fora da rotina. Algo que não é mau. É só esquisito…

Primeiro, começo por desejar um Feliz Dia da Mãe.

Diz que por cá, em Portugal, é Dia da Mãe. Este, que calha sempre no primeiro domingo do mês de Maio. Ou seja, o número do dia pode mudar mas, o dia em si, não muda.

Por isso, hoje, é domingo e dia da mãe.

Agora, como assunto menos apetitoso neste domingo… ando um pouco chateada com estas versões de influenciadores, comentadores e, basicamente, pessoas que, não tendo habilitações nenhumas especiais para dar palpites, acabam a sugerir, manipular, e empurrar, as pessoas para ideias erradas, incorrectas e, mesmo, perigosas.

Eu, que estou incluída nestas pessoas que são influenciadas e que, muitas vezes, não conseguem discernir o que é verdade do que é manobra de influenciação.

E, não quero ser arrogante e ignorar a minha contribuição no processo. Afinal, não me passa despercebido que publico neste blog, e noutras plataformas públicas e sociais. Posso sempre ser acusada do mesmo que aponto aos outros. Contudo, não acredito que seja assim, por vários motivos, o principal deles, a motivação que tenho, e as contrapartidas que não tenho (e não estou em busca).

Quando fazemos algo, seja o que for, todos nós nos expomos a uma certa crítica, mais ou menos merecida. Só erra quem faz, não é? Mas quero estar atenta ao que faço e, mais importante, ao que não faço. A verdade é que sinto, e sempre senti, a responsabilidade de medir aquilo que escrevo. Tanto que, por vezes, edito o que escrevo, em autênticos blocos de parágrafos, porque não consigo percepcionar se algo irá dar a ideia errada

Preocupa-me que, aquilo que escrevo, possa ser mal entendido. Mas, no entanto, não tenho nenhuma agenda por trás do que escrevo e publico. Recomendo, apenas, aquilo que funciona comigo ou sugiro livros, e afins, quando acho que podem interessar a outros. E, quando tenho opiniões sobre assuntos, tento moderar o que escrevo porque sei que todos falhamos e, sem intenção, podemos causar mais mal do que bem. E, não quero isto!

Não me pagam para divulgar isto ou aquilo. Aliás, quando usam o espaço virtual que eu tenho para empurrarem os seus anúncios, tendo a ficar um pouco incomodada com o assunto… que foi o que me levou a deixar de usar a plataforma de wordpress gratuita e passar a pagar por todos estes serviços que me permitem manter o blog livre de publicidades que não aprovo. Esta foi uma decisão que tomei, há cerca de uma década, e da qual não me arrependo.

Odeio que, ao registar-me nestes sítios online, tenham vendido os meus dados a sabe o universo quem e que continue a receber chamadas telefónicas automáticas e cenas que tal. E, por mais que bloqueie um número, amanhã usam outro. Mas, também nisto, fui eu que dei os meus dados e, na ausência de regras, pessoas com menos escrúpulos se aproveitem de toda e qualquer lacuna legal para tentar fazer um tostão à minha custa.

Os emails são escrutinados de outra forma, e consigo ter um crivo mais apurado do que recebo… e, cedo aprendi que, não se abre nenhum email que pareça suspeito e nunca, mas mesmo nunca, se abre um anexo não verificado num email.

E, nem vou tocar na parte em que nos viciaram em certas aplicações/serviços, e que se aproveitam disso, para disseminar tudo o que existe de pior no ser humano… esta, sou eu, a tentar medir o que escrevo. Não avanço nomes, não especifico… mas, acho que, sabem do que falo.

Todas estas realidades actuais dependem de quanto acreditamos nas pessoas e nos sistemas que criámos. E, todas estas mudanças, e pressões para mudanças extremas, têm-se centrado no desacreditar das pessoas, e da necessidade de promovermos os bons valores, mesmo se, nisto, as opiniões diferem sobre o que são boas acções. E, sem associações religiosas, por favor.

Ou seja, o sistema funciona porque acreditamos que ele funciona, e trabalhamos todos juntos, como sociedade, para que ele funcione. Quando se desestabiliza a balança de poder, e de distribuição de riqueza, surgem fenómenos que nos impedem de manter o sistema a funcionar. E, o sistema que o vem substituir, quando inspirado em iniquidade e violência, é pior para todos… excepto para os que têm grandes interesses económicos no assunto.

Há uns tempos, vi um documentário que ficou comigo de formas que nunca antevi. Nele, vi algumas das estratégias como corporações, indivíduos, países e mesmo forças inesperadas, tomaram conta do mundo das redes sociais e do mundo real. A informação não me era desconhecida, numa parte que considero essencial mas, colocou certas experiências online em perspectiva.

Fez-me lembrar algo da minha história pessoal. Porque, quando era miúda, diziam-me que eu via muita televisão, e cheguei a sofrer consequências sociais por ter uma imaginação algo sangrenta (fruto dos filmes e séries policiais, e afins, que via?!).

Hoje, sou mãe e, claro que tenho uma miúda que adora jogos e filmes e séries e vídeos de YouTube. Por um lado, vejo-a desenvolver competências linguísticas, e o potencial de tanta imaginação recolhida de diferentes fontes. Por outro lado, e mesmo com todos os bloqueios que temos nos conteúdos que ela pode ver, há sempre algo de pernicioso na forma como as brincadeiras online são transmitidas. À semelhança do que me diziam quando eu era miúda, os meus pais tinham a responsabilidade de me ensinarem valores para que, no momento da escolha, eu pudesse fazer a correcta. Tento fazer o mesmo pela minha filha. Não posso isolá-la do mundo, mas posso tentar passar-lhe os valores que considero essenciais: o respeito, a entre-ajuda, a amizade, a tolerância mesmo em situações difíceis, e a capacidade de se defender quando é preciso.

E, irei falhar, espectacularmente, tal como todas as pessoas, mas tento, e dou o meu melhor.

Mas, penso se é possível ensinar a tratar o outro com respeito, quando os outros não o fazem? Ou, ensinar que não se bate, quando tudo é resolvido à pancada e, online, ninguém se magoa… excepto o ego ferido, que pode ser um ferida da pior espécie, mas adiante. Ou seja, há forças conflituosas, sempre a funcionar.

Voltando ao documentário… Não consegui esquecer a parte em que pagavam a pessoas “normais”, para criarem posts com um tema específico de desinformação e, do outro lado do mundo, seguíamos os recipientes dessa informação fabricada, que acreditavam, e agiam (protestavam) como se fosse verdade.

E, nem sequer podemos dizer que a pessoa que criava os conteúdos temáticos fosse mal formada. Era médica, cuja profissão não lhe permitia viver com a retribuição que ela necessitava, e que até tinha sido defensora de ideais que colidiam agora com esta actividade secundária, de criar conteúdos, abertamente, desinformativos.

Este comportamento é novo? Não. Mas o alcance é, agora, planetário e as consequências são brutais.

Vi este documentário num momento, em que eu punha em causa uma série de comportamentos pessoais, de crenças e, como sentia a saúde declinar, e acho que este conhecimento deu-me o empurrão final para me fechar ao consumo de conteúdos. No final, o próprio que criou o filme, e que ia em busca de respostas para si próprio, não se viu melhor por saber tudo aquilo que se encontrava a funcionar, e não foi capaz de mudar a própria experiência. Algo que me fez pensar que a capacidade de decidir sobre algo, tão importante como a saúde mental, deve ser preservada.

Nas redes sociais, já não há nada ali que se assemelhe ao que já foi e, após eliminar a minha conta de F (não sei precisar há quanto tempo), fiz um acordo comigo mesma, em que me restrinjo de consumir, mesmo que provenha de fontes que têm a responsabilidade de se manterem imparciais.

Mas, continuo a sentir as consequências de uma vida inteira de atenção dividida, e de diminuição da capacidade de concentração, por isso… oiço música, enquanto escrevo este artigo. Instrumental, clássica e moderna. Serve para me distrair dos barulhos circundantes, e gosto muito de algumas destas versões em piano.

Quanto ao que consumo online, mantenho-me atenta aos criadores que tenho acompanhado nos últimos anos. Essas pessoas que, com uma mão cheia de anos de experiências públicas, posso afirmar que sei o que fazem, de facto, e que aprendo algo com elas.

Há umas semanas fiz uma limpeza de canais que seguia, pois muitos deles não via e, outros, fora a miúda que os subscrevera… limpei o que pude, e tenho-me mantido afastada de novas subscrições.

E, tento ter outros cuidados como: se me sento a ver um filme, ou série, não tenho o telemóvel na mão. Se vou ao café, não recorro ao ecrã para evitar a solidão em público e, se estou com alguém, não estou a olhar para o telemóvel. Mas é uma luta. O desconforto é uma luta. E, por vezes, tiro uma foto com ele, ou respondo a uma mensagem, ou faço uma chamada, mas não o uso como escape ao sítio onde me encontro. E, sim, quando vou jogar (sou uma fã de Tetris e dos dois Candy-cenas), pego no telemóvel e jogo, mas não o faço em detrimento do que se passa à minha volta. Ou, tento não o fazer. Tento sempre. E, desde que me apercebi de certos padrões, tento tentar com muita força. Porque sei que me faz mal, a mim, e aos que me rodeiam.

E, não é que agarrar num bloco de apontamentos e rabiscar umas palavras, e não ceder à tentação de utilizar os ecrãs de forma banal, mas com Intenção quando o faço, fez a minha saúde melhorar? Eliminar o doom scrolling da minha vida fez um milagre. Dois, se contar com a quantidade de posts que evito, cozinhados em mentiras e deturpações.

E, apesar de ter a consciência de que esta é uma batalha constante, a par de tantas outras que a modernidade nos trouxe, a verdade é que sinto que, ser Intencional em como gasto os meus momentos, ao longo do dia (e o ecrã absorve horas!), ajuda a combater algumas das minhas maleitas da actualidade.

O que mudou para mim? Voltei a escrever, quase todos os dias. Voltei a ver séries na TV, mas daquelas que gosto, e que me fazem lembrar o sítio por onde comecei a aprender a contar histórias. Sinto-me melhor, sem a culpa que o doom scrolling provoca, e menos reactiva às injustiças deste mundo. Arranjei outros hobbies. E, comecei a coleccionar memórias de momentos especiais, que não teriam tido espaço para acontecerem.

E, este foi um dos motivos pelos quais estive ausente deste blog. Queria organizar a minha cabeça, e recuperar o motivo pelo qual mantenho este espaço: escrever para quem quiser ler sobre a necessidade da escrita, com tudo o que isso envolve, como pensar sobre o mundo que nos rodeia.

Assim, se posso sugerir alguma coisa, nesta pausa de domingo, que seja: controlem o ecrã, da forma que vos for possível.

Passem uns momentos com os vossos pensamentos. Escrevam-nos num papel.

Já que este é um blog sobre Escrita, Criatividade e a Vida do Escritor, usem as vossas melhores ferramentas: Escrevam.

As palavras, quando entregues com consciência, com os melhores valores, e com Intenções claras e idóneas, são as nossas defesas especiais.

Desejo-vos um excelente Domingo e um Feliz Dia da Mãe.

Obrigada e Até Breve!

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