Todos aqueles que pensam em escrever uma história, independentemente do formato escolhido deparam-se com alguns contratempos como: ideias desconexas, em excesso ou em falta, excertos de diálogos ou de cenas aleatórias, dúvidas e inspirações momentâneas e uma série de outros pensamentos úteis ou desestabilizadores.
Pessoalmente acho que estes contratempos são as pedras basilares do processo criativo. É a confluência de ideias e o tratamento que lhes damos que produzem uma obra. Mas também acredito que se não soubermos colocar esses pensamentos em ordem, nunca atingiremos o objectivo de criar algo satisfatório ou mesmo exemplar.
Para organizar o excesso ou a escassez de informação podemos usar algumas técnicas. Deixo aqui as que uso:
1. Tempestade de Ideias (Brainstorming)
É a primeira técnica e a que utilizo com maior frequência. Esta consiste em criar uma lista de ideias sobre um tema, apontando tudo aquilo em que conseguimos pensar sobre um determinado tópico. Esta técnica, inicialmente criada como exercício de grupo, obtém bons resultados quando é aplicada por uma só pessoa. O Brainstorming funciona através da associação livre de ideias, dispensando o pensamento crítico e a auto-edição, permite que nos foquemos na quantidade e em última instância na qualidade (só possível por pensarmos exaustivamente sobre um tema).
2. Colocar questões
Outra das técnicas que uso frequentemente consiste em colocar questões sobre aquilo que pretendo concretizar com determinada cena ou capítulo. Esta técnica exige que questões e respostas sejam aplicáveis ao objecto do texto, por exemplo: Qual o ambiente que melhor transmitirá o objectivo da cena? O que os personagens desejam? Que sentimentos quero evocar? A acção contribui para mostrar o estado de espírito da personagem? Qual o efeito que a cena deve ter sobre os leitores?
3. Mapa Mental (Mind Mapping)
Consiste em criar um diagrama que represente as diversas ideias que queremos incluir na história. Numa folha de papel (ou em software específico, ex: FreeMind) colocamos o conceito central da história e a partir daí expandimos anotando ideias, palavras, acções, em ordem hierárquica, usando cores e símbolos que nos permitam estruturar os elementos de uma história. É uma técnica valiosa para lidar com grandes quantidades de informação, privilegiando a associação organizada de ideias e a representação visual de conceitos importantes.
4. Escrita Livre (Free Writing)
Há quem a chame de ‘Fluxo de escrita inconsciente’ e consiste em definir um limite de tempo (5 ou 10 minutos) durante o qual se escreve num papel todas as frases que nos ocorrem naquele momento, sem nos preocuparmos com a correcção ortográfica, a gramática ou o tema. Estes textos devem ser escritos rapidamente, não permitindo que haja a tentação de reler antes do tempo terminar. Esta técnica é um desbloqueador de ideias que não se destina a produzir textos de qualidade mas a ultrapassar os bloqueios mentais em que por vezes nos encontramos. Não é técnica que use com frequência mas já foi útil em situações específicas.
5. Diário
Manter um registo detalhado das ideias que surgem quando pensamos em escrever uma história é uma técnica que ajuda a manter a informação acessível e organizada. Criar uma espécie de diário onde figurem as ideias e os pensamentos sobre a história, as personagens, a acção, os diálogos, entre outras, pode ser uma evolução natural das técnicas anteriores e possibilitar novas ligações entre os conceitos criados.
6. Plano
Definir à partida um plano aplicável ao texto que pretendemos escrever é um desbloqueador importante. Definir: Quem, O quê? Onde? Quando? Porquê? Como? Em quantas cenas? Com quantos capítulos? Qual a mensagem? São respostas que impulsionam a escrever e a corrigir aquilo que deve ser corrigido à partida, poupando tempo e consolidando a história. Uso o Plano quando escrevo Contos porque sinto que me ajuda a ter uma visão global do texto e a modificar aquilo que poderiam vir a ser erros crassos.
7. Falar/Ouvir
Acontece-me ter ideias interessantes quando estou a discutir algo com alguém. Falar com outras pessoas e apontar ideias que surjam e melhorias a fazer é uma técnica que tem impacto positivo naquilo que escrevo. Isto não significa discutir tudo aquilo que faço ou as ideias que quero usar em determinada história, mas ouvir outras opiniões sobre determinados temas, é uma valiosa contribuição para o processo criativo.
Estas são as principais técnicas às quais recorro nas diferentes fases de criação de um texto. Muitas mais existem mas partilho estas porque acredito que funcionam.
Usam alguma que não conste desta lista? Qual é? Partilhem connosco as vossas ferramentas úteis 🙂
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Aprendo muito com estes 7 técnicas de escritor
Gostei muito do seu blog Sara, sou brasileiro, atualmente trabalho com copywriting e gestão de e-mail marketing, estava procurando por algo mais “raiz” e dai te encontrei.
Aproveitei e me inscrevi na sua newsletter pra poder acompanhar um pouco mais sobre escrita e também poder ler alguns bons textos.
Grato pelo conteúdo das 7 técnicas de escrita!
Obrigada, Felipe. Bem-vindo a este cantinho sobre escrita.
Até breve!