Às vezes é particularmente difícil explicar porque as pessoas estão erradas ao afirmar que não gostam de determinado género literário.
É tarefa ingrata convencê-las que essas histórias que elas odeiam veementemente são construídas pelos elementos que elas afirmam amar.
A recusa (preconceito) em experimentar esse algo novo, inadvertidamente categorizado de determinada forma, é assumir o desconhecimento e aceitá-lo de forma resignada (e muitas vezes indignada).
A boa literatura diz algo de significativo sobre a vida. Um pressuposto que serve para definir uma boa história. Uma ideia que muitos recusam quando se fala de subgéneros específicos.
Ficção Científica Social é um subgénero da Ficção Científica que se dedica à especulação sociológica sobre a sociedade humana. Ela foca-se nos membros de uma determinada sociedade e nas suas interacções, preocupando-se menos com as características associadas à FC, como a tecnologia ou as naves espaciais, e mais com as actividades humanas e a interacção de grupos.
A Ficção Científica Social é frequentemente associada às Ciências ditas Sociais (ou Humanas) como a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia, a Arqueologia, a Ciência Política, a Teologia, a Linguística, os Estudos Culturais, a História entre outras, aplicando os seus princípios científicos nas histórias que gera.
Identificamos o subgénero quando:
– Aplica os conceitos científicos definidores de uma Ciência Social, mas recusa-se a usá-los de forma académica.
– Baseia-se nas Ciências menos técnicas, apelando facilmente a um público mais vasto, menos interessado na parte científica.
– Apresenta uma reacção à realidade social, uma tentativa de compreensão e mudança da sociedade em que o autor vive.
– Normalmente recorre a mais do que uma ciência social para contar a história.
Ao atribuirmos um rótulo de Ficção Científica devemos considerar que a obra em si pode, não quer dizer que o faça, contar uma história importante. Ao mantermos a mente aberta perante géneros menos convencionais asseguramos a possibilidade de nos cruzarmos com boa literatura, mesmo que esta não venha nos moldes a que fomos habituados. Ao fazê-lo impedimos a resignação, eliminamos a resistência à mudança e abraçamos o objectivo máximo do que significa ler.
Deixo-vos aqui o caminho para um artigo muito interessante intitulado “José Saramago: Escritor de Ficção Científica” (de 2003). Ele fala sobre a definição de Ficção Científica Social proposta por Isaac Asimov usando-a para justificar que “O Ensaio Sobre a Cegueira” de Saramago é uma obra que pode ser classificada dentro deste género literário. Ver artigo aqui…
Cito: “Já o escritor de ficção científica social iria examinar com detalhe meticuloso a cadeia de consequências do único acontecimento estranho que põe a história em andamento, olhando para elas com atenção aos efeitos que tal acontecimento teria sobre a sociedade humana.”
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