Dia 12 de Outubro. Deduzo que já começaram a pensar na história que querem pôr no papel no próximo mês de Novembro. Se ainda não o fizeram, não desesperem, ainda há tempo. (Pareço suficientemente convicta?)
Tal como apontei, no primeiro artigo dedicado à série ‘NaNoWriMo 2013’, é preciso definir o enredo, o objecto, o objectivo, as personagens, os conflitos, o tipo de narrador, entre outras pequenas-grandes coisas.
Há um exercício que ajuda a desbloquear esta informação (e que, sem qualquer dúvida, vou usar), que nos faz reflectir e registar o que será a base da nossa história. Este consiste em criar verdadeiras fichas psicológico-policiais sobre cada uma das personagens. Ao aprofundar aquilo que sabemos sobre cada personagem, o que ela é, deseja e despreza, estamos a criar a base de sustentação da história como um todo.
Neste ponto quero deixar-vos aqui uma pequena ajuda: a ‘Ficha de Personagem’ que podem fazer o download aqui… Um ficheiro que deve ser adaptado, de acordo com a necessidade, a cada personagem.
Com as noções de:
- não existe história sem personagens;
- a história é feita de personagens em conflito;
- a história é a mudança almejada pelas personagens;
- essa mudança pode ser, ou não, alcançável;
Convido-vos a preencher uma ficha destas para cada um dos vossos protagonistas (e algo menos elaborado para as personagens de menor relevo).
Ao construir uma história é preciso saber que cada personagem tem um passado, um presente e um futuro. Aquilo que ela mais quer na vida e o que mais receia. Tem ambições e objectivos, desejos e medos, valores e motivações.
É essencial que a personagem acredite nos seus próprios valores, eles são a sua verdade, mesmo se coexistirem valores contraditórios. A contradição de valores é o que aprofunda emocionalmente a personagem, dotando-a de capacidade para agir de certa forma perante uma crise, e potenciando a capacidade de crescimento pessoal. O conhecimento destes valores advém de sabermos o que lhe aconteceu para que saibamos como se formaram esses valores e essas contradições.
É preciso conhecer as nossas personagens, passado/presente/futuro, para que o leitor também as conheça. E saber que, para a personagem, o passado serve de guia para o futuro que se aproxima. A escolha entre aquilo que ele foi e o que virá a ser só depende dele mesmo, e é essa escolha que nos é contada durante a história. A possibilidade ou a frustração em superar o desafio. É preciso perceber de onde a personagem vem, para compreender o que ela quer e porque age da forma que age.
Definem-se padrões ou arquétipos de forma mais, ou menos, involuntária. Temos sempre o Herói, o Vilão, o Confidente, entre tantas outras possibilidades, mas é preciso evitar estereótipos, fugir da personagem típica de determinado grupo social ou étnico.
Construir uma personagem exige que o autor possua largos conhecimentos sobre ela, o que não significa que tenhamos de usar tudo aquilo que sabemos na história. É preciso escolher quais os pormenores que ajudam a criar a história, e em que momentos é que eles devem ser introduzidos.
Espero que a ficha vos seja útil e que ponderem aperfeiçoá-la e adaptá-la às vossas necessidades de escrita.
Sobre o meu NaNoWriMo 2013:
Construir personagens… Acordei a pensar (entre outras coisas) que o nome da minha personagem principal não serve e, no meio de tudo, que ainda não tenho nome para a meia dúzia dos habitantes mais proeminentes.
Acordei, também, com um sentimento de que devia largar tudo, que não vou ter tempo para construir esta base em Outubro, que nem sei o que quero contar (mesmo depois da cambada de excertos em que andei a trabalhar). Entretanto, agarrei-me ao que sempre me agarro nestes momentos de pânico: É um primeiro rascunho. Borrifa-te para o resto. Tens direito a errar. Importante é tentar.
Acho que vou colar isto à frente da testa e ver se arranjo inspiração para construir umas personagens durante este fim-de-semana.
Chega de procrastinar!
Enfim… era tão bom se bastasse afirmar 🙂
ΦΦ
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As personagens são pessoas normais
ΦΦΦΦΦ
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“…a história é a mudança almejada pelas personagens;”
A história não é o conjunto de acções que leva à mudança almejada (ou não) pelas personagens?
Beijinhos!
A história é o conjunto de acções que leva à mudança, sim. Ou podes dizer que a história é composta por todas as pequenas mudanças que vão ocorrendo durante aquele espaço de tempo definido (a obra), e que culmina na “batalha final”, em que as vontades são testadas e a personagem é capaz de se superar (ou não). Ou, a história é o contar da Mudança que ocorre naquele “tempo de vida” das personagens.
Acho que é esta a beleza de quem brinca com as palavras. Poder dizer o mesmo de inúmeras formas.
Bjs 😉
Este ano não tenho exactamente uma história, vou deixar que as personagens me levam aonde quiserem. Mas há um singular problema: não conheço as personagens de lado nenhum!
Estas fichas vão dar-me imenso jeito. Quem sabe se não surgem cenas interessantes enquanto as preencho.
Vão surgir, de certeza. 😀