Neste ciclo de artigos sobre inspiração e o chamado bloqueio de escritor (temas que, neste momento, me assentam que nem uma luva) quero partilhar convosco algumas estratégias que uso para combater a falta de motivação.
Em baixo, podem ler sobre 5 das minhas estratégias para controlar a musa birrenta que só aparece quando não dá jeito nenhum…
Há já algum tempo que descobri que funciono melhor com bocadinhos roubados. Multitasking é muito mais a minha cena do que esperar até poder concentrar-me totalmente na tarefa. Quanto mais me concentro mais tendo a deixar fugir aquela réstia de chama que surge sem pré-aviso e me inspira a produzir algo. A mente tem de estar em alinhamento constante com as histórias, os artigos que quero escrever, os poemas ou os projectos que estão em andamento.
Assim, é aquele bocadinho de tempo, encaixado entre isto e aquilo que é, afinal, a minha pedra filosofal.
Agarramo-nos a ideias que temos de guardar um tempo alargado do nosso dia, um período definido em que nos sentamos e fazemos tudo aquilo que não pudemos fazer (escrever, organizar, pesquisar, ter ideias…) durante o decorrer do dia, em que estivemos imersos em outras ocupações. E em circunstâncias ditas “normais”, seria assim que se produzia um bom volume de trabalho. Mas chegamos a essa hora, ao início do tempo em que é suposto produzirmos a nossa obra-prima, e… não sai nada. Achamos que tal se deve às ocupações diárias, à falta de tempo, à ausência de inspiração, ao cansaço e afins…
Atribuímos a incapacidade de acção à musa que se pôs a milhas sem termos dado por ela. Afinal, andámos o dia todo sem prestar, sequer, uns minutos de consideração ao que é realmente importante: As nossas histórias.
Durante o dia, surgem ideias que abafamos, que atiramos para mais logo, que adiamos e acabamos por esquecer. Bloqueamos qualquer fluxo de criatividade que pudéssemos ter, e depois, queremos sentir-nos inspirados. Certo…
Ou pior, quando tentamos encaixar tudo num grande bloco de tempo e acabamos por sentir que estamos a menosprezar outras pessoas e actividades, ou que esse tempo podia ser gasto de maneira melhor… Pois, tendemos a esquecer que, com o bloco de tempo a vontade não vem associada por inerência.
Pessoalmente, prefiro manter no córtex frontal a ideia permanente de que tudo é material e pode ser usado em qualquer momento (e sempre é melhor do que os monólogos interiores que debitamos ao longo do dia de trabalho). Mesmo que, na maioria do tempo, não o consiga, consigo sim roubar uns bocadinhos ao dia apontando o que me surge e aproveitando intervalos da melhor forma possível.
Estes bocadinhos, ao longo do dia, são a minha pedra filosofal. Aquilo que, se deixo de tocar, transforma-se em pedra e, por fim, em pó. Mas se lhes toco, podem transformar-se em ouro.
Estes bocadinhos roubados, aqui e ali, são o material de que os escritos são feitos. Porque não adianta querer escrever. Adianta, sim, termos a disposição mental necessária para o fazer e a vontade de superar os obstáculos.
Tempos houve em que me senti culpada por dar atenção a outras coisas que não a minha escrita. Que me limitei, editei e orientei tudo para escrever quando não houvesse ninguém por perto. Isto transformava tudo numa tarefa muito mais difícil.
Contudo, cheguei à conclusão que não editamos o decorrer do dia e não escolhemos quando as ideias surgem. Podemos optar é por estar atentos e sermos cuidadosos com elas ou ignorá-las até que sejam esquecidas. E, também aqui, prefiro a confusão da mente activa à inacção que uma coisa de cada vez potencia. E prefiro ajeitar tudo e ir escolhendo os bocadinhos que posso roubar.
Algumas estratégias que 2015 me trouxe encaixam perfeitamente nas que já usava, outras têm vindo a substituir as existentes. Assim, deixo-vos aqui algumas formas de ir encaixando as peças do puzzle e de transformar os bocadinhos de que dispõem em algo produtivo, sem culpas ou ressentimentos.
Aqui vão algumas estratégias para roubar bocadinhos ao dia em prol da criatividade:
- Espalhar blocos de notas, post-its, livros, o que for, por todos os sítios que se frequente. Ter sempre à mão uma fonte de inspiração (leituras diversas) e um repositório onde possamos apontar ideias.
- Em simultâneo, dispor de versões informáticas de blocos de notas. Isto significa ter toda a informação disponível a qualquer hora e em qualquer sítio, desde que se tenha um aparelho móvel adequado (telemóvel, ipad, pc, portátil…) e ligação à internet.
- Livros ou e-reader a postos. Se ler me inspira porque não andaria com a leitura sempre atrás?
- Ler outros blogs ou notícias nas variadas plataformas. E como não dispomos de acessos ilimitados aos conteúdos online (eu, pelo menos, não disponho disso durante todo o dia) uso o acesso ao e-mail para subscrever os blogues que me interessam e ler aí, ao invés de no browser, as aventuras e desventuras dos outros.
- Aproveitar pausas para café, horas de almoço, intervalos durante períodos de fluxo inexistente de trabalho para pôr os neurónios a mexer e agitar as ideias. É um bocado como aquela música do Variações ‘só estou bem onde não estou’ e, muitas vezes, é durante as obrigações que as melhores ideias nos assolam… há que tirar os segundos para as apontar para uso posterior.
Tenho a certeza que alguns de vós usam muitas outras… não se acanhem ao partilhá-las connosco. Conhecimento partilhado é enriquecimento mútuo e, tenho a certeza, que há por aí algumas outras estratégias que nos beneficiariam a todos. Da minha parte, espero ter ajudado qualquer coisinha…
E convosco? Qual é o processo que usam para desbloquear a vossa escrita?
Φ
Este é o segundo artigo de três sobre o tema bloqueio de escritor (podem ler o primeiro aqui…). Espero que continuem a fazer-me companhia pelos meandros das estratégias de superação desta infame circunstância…
ΦΦ
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Tenho tido bastante dificuldade para manter uma rotina de escrita produtiva. Atualmente, tenho usado bastante o celular para isso, além claro de sempre andar com coisinhas que sirvam de gatilhos para inspiração- sejam músicas, poemas, contos ou romances.
Acho que vou tentar mais uma vez andar com um bloquinho e ver no que vai dá. Se desejar e puder, visita lá o meu blog, podemos trocar links.
Um abração.