Palavras Soltas: Fora com as banalidades! Eu também não sei!

Onde vou arranjar o que é suposto saber? Eu também não sei. As pessoasnão sei relacionam-se com aquilo que não sabemos, e para o qual procuramos uma resposta, não com aquilo que sabemos e queremos passar.

E são tantas as coisas que eu não sei.

Se escrever algo sobre como fazer isto ou aquilo, como escrever um conto ou rever um texto, o que fica na mente dos que me lêem será uma ínfima parte daquilo que considerei serem as “regras” ou o processo da escrita.

Mas, se escrever sobre as minhas dificuldades em escrever um conto, em ter uma ideia válida, em editar um texto, aquilo que as pessoas retiram da situação é o meu próprio processo de aprendizagem. É o “eu não sei, e é óbvio que eu não sei, mas continuo à procura da resposta para isto”.

Falar de coisas que se desconhecem, e partilhar essas dificuldades, faz com que os que sentem as mesmas coisas se relacionem connosco. E faz com que os que não têm o problema sintam que sabem um bocado mais, por experiência própria, sobre o tema.

Isto funciona tudo muito bem quando falamos de experiências reais, do dia-a-dia, as trivialidades com as quais todos nós nos debatemos. Mas, e quando falamos de  temas menos triviais? E, quando escrevemos sobre as dificuldades de um ramo de saber específico? Estará o leitor disposto a aprender connosco? Em partilhar as nossas dúvidas à medida que trilhamos o caminho?

É fácil (será?) envolver um público generalista com as descobertas diárias. Uma boa dose de sentido de humor, uma tendência para a aventura, a coragem para falar dos nossos falhanços monumentais, e estamos lançados.

Quão fácil é chegar àqueles que, para além do generalista, são os curiosos do específico? Os interessados naquela parte do Saber que exige esforço. Quantos de nós não conseguem fazer com que os leitores se relacionem com o que escrevemos? Quantos de nós investem no específico, apenas para descobrir que o frugal e generalista é  o máximo de atenção que nos podem dispensar?

Presumo que sejamos muitos. Mas, neste processo de escritas, sei que não me cativam as frugalidades. Sei que já partilhei mais das minhas dúvidas escritor-existenciais do que faço agora. Sei que continuo com dúvidas no caminho. Sei que se escrevesse sobre banalidades teria um outro envolvimento com o público. Sei que banal/rotineiro/trivial não é o que quero associar ao que escrevo.

E, também sei que, se me guiasse pelo dia-a-dia, não estaria a escrever sobre aquilo que me interessa. Sei que não acrescentaria valor a algo que se lê agora e, daqui a duas horas, se esquece.

São modas que vêm, ficam uns tempos, e são remetidas para o oblívio “engraçoso” do que não serve para nada mais que a única gargalhada que nos arranca (não desvalorizando a necessidade da poderosa gargalhada). Infelizmente, nunca gostei de “conversas” em que o objectivo não seja aprender algo, mas discursar apenas sobre o que não se sabe e, no fundo, não se deseja saber.

Mas posso sempre partilhar o:

Onde raio vou arranjar tempo para escrever?

Ou, onde vou conseguir encaixar as minhas leituras tão necessárias para a minha inspiração?

Como me vou obrigar a escrever a quota mínima diária?

Quando conseguirei desbloquear esta minha inabilidade em começar, e terminar, um texto com mais de meia dúzia de páginas?

Como sossego a mente da incessante pergunta: Para que serve isto tudo?

Porque está a comunicação bloqueada com os que visitam o blog e, pensando bem, com todos os outros também…

Ou, apenas, será que vou conseguir comprar mais um livro que seja? Ou ir à Feira do Livro, sequer?

Ora, tantas perguntas juntas. Chega para demonstrar que também não sei? Que é óbvio que não sei, mas que continuo à procura de resposta para tudo isto… e para muito mais.

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