“Faz o que amas e ama o que fazes.” A melhor lição de vida que conheço.
A melhor sob qualquer que seja a perspectiva.
Não há nada melhor que viver sem se sentir contrariado. Nada melhor do que não se ser obrigado ao que quer que seja. Nada melhor do que Ser Feliz. Não é ‘Estar Feliz’ é ‘Ser Feliz’. (Porque momentos de tristeza e sofrimento todos temos mas, não é aí que vamos estacionar o nosso automóvel. Vamos procurar o sítio com a vista para o mar, que nos relembra que a vida é mais do que isso, e nós somos mais do que esses momentos difíceis.)
Fazer o que se ama, e amar o que se faz, é amar quem somos. E, esta, é uma lição difícil. Tão difícil que temos a necessidade de repeti-la periodicamente. Mas esta é a única lição de valor.
Amar quem somos é algo que muitos de nós não sabem como fazer. Ninguém nos ensinou isto. Não tivemos lições de amor-próprio. No máximo, tivemos algumas lições de auto-preservação e mais nada. Nunca, ninguém, nos ensinou a amar o que somos.
Aliás, na maioria dos casos, ensinaram-nos a desprezar-nos. A olhar para nós próprios como sacrificáveis. Como se amar-nos fosse algo de indulgente e, portanto, arrogante e desnecessário. Importante seria a forma como os outros nos viam. Como éramos percepcionados pelo mundo. E a aprovação alheia era aquilo que nos movia.
Isto é um hábito terrível e não é amar o que somos. Isto é odiarmo-nos pelos piores motivos. Afinal nós somos a pessoa que melhor nos conhece. Conhecemos todos os nossos defeitos. Vemo-nos como somos e só sabemos relembrar as nossas piores características… aquilo que nos envergonha.
Tudo o que criamos, a nossa Arte, vem de nós próprios. Tudo o que queremos ser vem de nós, deste Ser, Corpo e Mente que temos. Tomar conta de nós não é ser indulgente porque, se é de nós que tudo vem, faz sentido que cuidemos da fonte de onde tudo vem… de onde vem a nossa Arte. E, só quando entendemos isto, é que podemos crescer como pessoa e como escritor.
Não é indulgência tirar uma hora para ler algo que nos acrescente. Assim como, não é indulgente usarmos uma hora para dar um passeio. Ou desfrutarmos de uma hora (ou mais) ao estarmos com aqueles que amamos. E, sem dúvida nenhuma que não é indulgente, arrogante, ou desnecessário, cuidarmos desta nossa forma de vida e daquilo que fazemos nela.
Tudo o que criamos vem de nós. Se não nos amamos como podemos amar aquilo que fazemos? E, como podemos fazer aquilo que amamos?
Com os olhos da minha filha, com poucas semanas de vida, postos em mim pergunto-me como vou quebrar o ciclo e ensinar-lhe esta lição.
E tu? Cuidas da tua Arte? Cuidas de ti?
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