Progresso é melhor do que perfeição. Qualquer escritor, com uns anos de dedicação a esta arte, sabe disto. Ou, devia saberia…
Eu sei que: Eu devia saber…
Podemos afirmar coisas destas, e passar a ideia de não estarmos cientes do que isto implica. Soa a hocus pocus… a incentivo vazio de quem não sabe do que fala.
A verdade é que o progresso é real. O mesmo não se pode afirmar da perfeição.
E, é por isso que continuo a (apoiar e) participar em coisas como esta: The 100 Day Project, sobre o qual podem ler mais aqui…
Porque praticar faz a perfeição…
Era tão bom que fosse assim… Saber (nas minhas entranhas!!) que o progresso é melhor. E, senti-lo também! Mas, na maior parte do tempo só sinto que ando a acartar lixo de um lado para o outro… ou, de uma página para outra.
Stephen King é que percebe disto… e, de outras coisas também…
Ser frontal é a minha melhor (e única) resposta a isto: odeio Progresso. Preferia Perfeição.
Odeio o esforço que envolve progredir em alguma coisa. Tudo o que tenho de fazer para ser, um milímetro que seja, melhor naquilo que quero fazer. Não odeio a parte de fazer em si, apesar de, por vezes, ser uma actividade muito pouco prazeirosa… (eu avisei que ia dizer a verdade… ou, não avisei?)
Não sei fazer de conta que sei fazer muitas coisas, para ser o que procuro ser. Ou, para me sentir melhor com o que faço, e com quem sou, para poder apontá-lo num papel e fazer perfeição. Ah! E, como eu gostava de fazer perfeição escrita… E, no entanto, sei que não existe perfeição. E, se houvesse algo parecido, eu ainda estaria a muitas milhas ao largo…
Não existe uma perfeição a que almejar. Não consigo colocar nada num papel na sua forma de, perfeitamente, terminada. Tenho de colocá-la no papel. Voltar a colocá-la. Ir ler sobre o assunto. Estudá-la. Reformular o que coloco no papel. Repensar toda a ideia. Rever o conceito. Observar quem sou e o que penso. Pôr em causa se quero, de facto, colocá-lo no papel. E, se penso que está pronto para ser colocado no papel, voltar a reflectir se o quero ver em papel. E, no fim, quando pode estar bom para mim… está longe de perfeito.
E, todo esse tempo que empenhei em pesquisar, ler, escrever, e reescrever, ler mais um pouco, abandonar por completo, reformular, voltar a escrever… todo esse tempo foi o caminho do progresso. Compridoooo como tudo!!!
Em cada um destes passos não crio perfeição, mas acrescento qualquer coisa… em especial, quando lhe retiro coisas. Rever, cortar, simplificar, reformular, costumam ser opções que acrescentam valor… e, que me aproximam um pouco mais do que pretendo reproduzir no papel.
Isto é Progresso. Lento. Aprendido por vontade própria.
Se desistisse perante o Progresso, e virasse costas antes de consubstanciar o que fosse no papel, nunca poderei vir a atingir um qualquer estado perto de bom (quanto mais perfeição…).
Se apontasse à perfeição, e não enfrentasse cada minuto do tão sofrido progresso, desistiria de ambos: progresso e relativamente bom.
Porque, se só procuramos a Perfeição, nunca a encontraremos… O tudo (perfeito) ou nada (recuso-me a fazer) não resulta. Excepto no sentar o tutu na cadeira, e dar tudo o que tenho, naquela hora que tenho, para fazer o que quero. Importante é o que o Progresso me traz… quando traz… se for capaz de ver.
Não há atalhos para a consistência no meu trabalho. Tenho de dar cada passo, no meu próprio caminho, de forma a progredir nesta tarefa. É preciso construir cada hora diária com dedicação. Almejar o progresso como o entendo. Odiar cada tarefa chata ou dolorosa… E, fazê-la, mesmo assim.
Tem sido isto que descubro, cada vez que vejo o dia amanhecer, pela minha janela da sala: A consistência traz progresso.
E, ter saúde para isto… não peço nada mais. Precisava de outras coisas? Claro! Todos precisamos, não é assim? Mas tempos houve em que isto (no vídeo) não era sequer possível…
Aparecer para cada manhã. Ter a perfeita consciência da consistência do progresso. E, peço qualquer progresso… mesmo se aflitivamente lento e imperfeito.
Ao dia #10 do #impromptuarium cá vou desejando progressos que ainda não vejo. Apareço. Escrevo. Mantenho o processo (que podem ir seguindo aqui… apesar de não estar a manter a publicação de fotos diária… não estou lá muito focada na parte fotográfica do desafio).
Progresso é melhor do que perfeição. Sim? Ou não?
Gostei. Uma pequena reflexão com efeitos perversos, porque pode obrigar a pessoa a lê-la, pensa-la e, então, entusiasmar-se para mudar de atitudes, se quer ser perfeito. Mas, ser perfeito é uma atitude metodológica de trabalho, um estado com estatuto pessoal, ou nada, ou, igualmente, a própria pessoa? Um abraço.
Olá António, para mim, perfeição é uma armadilha em que caio para não fazer o que sei que quero fazer. É ouvir a crítica ao invés de descomplicar o trabalho. Perfeição não existe. Existem métodos de trabalho e vontade de trabalhar e, vontade de me distrair ao invés de trabalhar… Por isso passo a vida a relembrar-me que prefiro progredir, mesmo que seja só um pouco, a cada dia que passa. E, perdoar-me quando não consigo aparecer para o trabalho como gostaria. Escrever, como qualquer outra arte, passa por muitas coisas diferentes: ler, estudar, observar, imaginar… e, nem sempre consigo dedicar-me a todas como gostaria…
Obrigada pelo comentário. Gostei de reflectir mais um pouco sobre este assunto.
Até breve!