Jojo Moyes, conhecem?
Foi com um impacto emocional tremendo que terminei ‘Me before you‘ desta autora. Confesso que retive a 5ª estrela porque não consegui superar aquele final… apesar de entender porque não havia outro possível.
Entretanto, li ‘After you‘, ao qual atribuí 4 estrelas, considerando agora que talvez tenha sido um pouco injusta ao classificar ‘Me before you‘ com 4 estrelas, em comparação com este.
Mas, e é aqui que quero chegar, terminei o meu primeiro livro escrito por Jojo Moyes fora do universo que a projectou para a ribalta. E, olha que ela já escreveu uns quantos…
Recebi ‘Um Violino na Noite’ como presente. Considerando o que conhecia da autora achei que ia gostar. E, não me enganei.
Esta história tem um início lento e difícil. à primeira vista, não me identifiquei com nenhuma das personagens apresentadas ao início e, também, não simpatizei com nenhuma.
Mas, foi a tragédia no segundo grupo de personagens que me enrolou na trama. Contemplar a forma como a história poderia desenrolar-se foi parte do entretém que me fisgou. Nada parecia corresponder ao típico enredo que se desenrola de forma linear.
Assim como, vislumbrar o que uma casa pode ser, simbolizar e provocar, em todos os que entram em contacto fugaz ou profundo com ela provocou-me arrepios. A minúcia da obsessão, em que tantos vivem à tangente, é aqui foco central.
O drama de Isabel ressoou em mim. A menina-mulher que se vê perante uma inevitabilidade da vida, e é forçada a crescer demasiado tarde, para responder ao que uma nova fase da vida exige dela.
Até ser empurrada ao último sacrifício, e entregar a parte mais importante de si, em prol do que era preciso fazer para sobreviver nas circunstâncias que se lhe apresentavam. Isto custou a ler.
Acompanhamos o evoluir da situação de Matt, cuja projecção e persistência doentia o levam à beira da loucura, na sua demanda por rectificar uma injustiça cometida contra a sua família, alicerçada na figura central do seu pai.
E, acompanhamos os erros que se cometem quando a dor nos tolda o juízo.
Ao longo de ‘Um Violino na Noite’ contemplamos o que a inveja, a cobiça, o medo, o desprezo, o luto, a traição, fazem às pessoas.
Acompanhamos o reconhecimento do amor pelos filhos, a perseguição de uma carreira em detrimento da dedicação que a vida familiar exige, o peso do divórcio e das escolhas imaturas feitas na vida, o modelo que se pretende ser perante os descendentes e as consequências das escolhas dos adultos sobre as crianças… tudo isto, enquanto contemplamos uma realidade dura mas com algo de idílico (para mim, pelo menos) na vida mais próxima da Natureza e da nossa própria natureza humana.
A propriedade em si, que parece movimentar todos os que vivem à sua volta e alimentar múltiplas e variadas obsessões, e o peso da história familiar que determina escolhas, são os fios condutores de uma narrativa bela, fluída e significante.
Esta história pode não ter tido os melhores inícios, no que à minha opinião pessoal diz respeito (contemplei, durante uns momentos, se tudo o que ia conhecer era pessoas desrespeitosas, calculistas e más), mas terminou com as reviravoltas surpreendentes que acompanham uma boa narrativa.
Talvez tivesse escolhido algumas subtilezas, mais cedo na história, perante o romance efectivo que se veio a desenrolar. Byron surgiu meio de repente… ou foi o que me pareceu.
Assim como no caso de Nicholas, cujo aparecimento tardio na história e as consequências dos seus actos, na trama geral, tornou a personagem em secundária, quando teve um papel fulcral, desencadeador de muitas coisas.
E, Laura. Uma personagem que me soou a modelada, e que tinha muito para crescer emocionalmente, e terminou plana… mais rasa, impossível.
Tudo isto faz parte da construção de uma boa história. Apreciei este livro e as suas histórias cruzadas. Se estiverem a considerar lê-lo, aconselho. Passei bons momentos entre as suas páginas.
E, dias depois, ainda não me saiu do sistema, o que é sempre um bom indício da qualidade de uma história.