Aviso: Este artigo é um pedido pessoal para dedicar uns minutos deste dia à nossa arte e à vida criativa.
É verdade que as segundas-feiras podem ser dias terríveis. Nem todas são. Não o são para todas as pessoas.
E, sem esquecer que, para muitos de nós, as segundas-feiras, não representam o início da semana.
A minha semana, por exemplo, começa ao Sábado, mas só porque prefiro começar pelo tempo de pausa, para planear os dias de trabalho.
E, por aí?
Já experimentaram trocar as voltas à semana?
É uma experiência interessante de se fazer. (Partilhem o vosso ritmo semanal nos comentários, por favor)
Também prefiro evitar a segunda-feira para iniciar seja o que for.
Segunda-feira costuma ser aquele dia em que é suposto regressar ao sítio onde a chama criativa é soprada até à quase inexistência logo, tentar começar algo num dia como este, não é para mim.
Ou talvez tenhamos a sorte de estar a fazer o que queremos fazer. E, nada de apagar chamas criativas por aí. Se for esse o teu caso fico, genuinamente, feliz por ti.
Qualquer que seja a situação, precisamos ver o que queremos fazer, e dedicar-lhe o tempo necessário sem misericórdia.
Como li algures, ficar à espera do fim-de-semana para ir para a farra, quando o único motivo que temos para festejar é a falta de vontade de regressar à vida dita normal, não é um motivo de festejo.
… Ou, vir para casa cansado, e descansar em versão ausente da vida, a consumir tudo o que passa num ecrã, não é descanso.
… Ou, lamentar-se que queria isto e aquilo, mas não fazer nada que consista numa actividade que o aproxime do que diz que deseja, não é avanço.
Sei que não é fácil. Sei-o até aos ossos!
Levei mais de uma década nessa montanha-russa semanal, e passei outros tantos anos a tentar criar práticas que me ajudassem a mudar isto. E, ainda não é algo esculpido em pedra e que não desaparece. Se não me regrar, tudo se esvai para outras actividades.
Não é fácil vir para casa, depois de 9, 10, ou mais, horas num cubículo suga-almas qualquer, e ir trabalhar naquilo que se deseja, na nossa arte, num produto, numa ideia qualquer…
Todos os dias, o que temos é vontade de virar um vegetal plantado no sofá, e não de aparecer perante uma página em branco qualquer (ou qualquer que seja a vossa prática criativa de eleição).
Mas, o que para mim é o pior, é quando sentimos que nos levam a alma durante o dia e, à noite, quando estamos desprovidos de tudo o que é básico ao ser humano (serenidade, calma, felicidade, paz…), precisamos criar qualquer coisa.
Quando temos o poço vazio, porque nada lá colocámos e, depois, esperamos retirar dele algo criativo. Este é o verdadeiro desafio.
Em cada um destes momentos, e já passei por eles todos, e mais… ao que me agarro é numa pequena actividade qualquer. Algo que me faça sentir inspirada, que me relembre do que é criar.
Procuro colocar uma minúscula semente de criação dentro do poço, seja qual for o meio (um vídeo, um filme, um livro, um documentário, um desenho…).
Procuro bloquear o tempo, que preciso, para uma determinada tarefa criativa. Afastar-me de tudo (nem sempre de todos) e respirar qualquer coisa… criativa.
Ninguém nos dá o tempo para o fazermos.
O tempo é nosso, pessoal e intransmissível, para usar. Por isso, não podemos esperar que alguém nos autorize a reservar esse tempo para as nossas criações.
E, também, não ganhámos o direito ao tempo para o fazer. Não ganhámos a liberdade financeira (na maioria dos casos, é disto que se trata) para o fazer.
Mas, se pensarmos bem, não precisamos de autorização para usar o nosso tempo para uma actividade criativa. Só precisamos da nossa própria autorização.
E, a única coisa que nos pode fazer mudar esta vida cheia de segundas-feiras, é parar de desperdiçar o tempo livre que temos, a sentir pena de nós próprios, e sentar o tutu na cadeira, (ou encostar no sofá como, muitas vezes, é só o que as minhas costas toleram), e fazer o que precisamos fazer. Seja o resultado bom, mau ou terrível, não importa.
Encontrar, nesse momento, nessa curta actividade a satisfação necessária que me diz que volto amanhã. E, no dia a seguir. E, no outro, também.
Levei muitos anos a concluir isto. E, nem sempre o faço com sucesso.
Tento perdoar-me pelos dias em que não consigo. Focar-me naqueles que o faço. E, encontrar outras pessoas que, como eu, tenham sugestões ou práticas que me ajudem a melhorar este aspecto.
É o que há. E, é o que temos. Só podemos tentar fazer o melhor que podemos disto… mesmo quando não temos vontade.
Por isso, que este Domingo sirva para planear a semana, incluindo uns minutos para qualquer coisa criativa, seja em modo colocar no poço (criativo) ou retirar deste (num formato qualquer).
E, se não conseguimos fazer nada disto, não faz mal. É procurar manter-nos positivos, tentar qualquer coisa e acreditar que, o resto lá virá.
Bom Dia
Parabéns e obrigado pela escrita positiva e incentivadora.
Mando-lhe saudações da costa atlântica de Barra dos Coqueiros, Sergipe, nordeste do Brasil.
Obrigada, Cisino. Um bom dia para si também.