Olá a todos! Sejam bem-vindos a este blog.
Hoje, feriado, um dia mais tarde do que é habitual ao lerem a [Pausa de Domingo] (já não é domingo!), quero partilhar convosco uma ideia para esta semana sobre:
O impacto dos temas difíceis na nossa criação artística.
Mas, primeiro, um pouco de contexto:
Quem subscreve o blog por email, e por inerência desta subscrição lê a newsletter semanal, já está ao corrente do evento pessoal que teve lugar há uns dias: o aniversário da minha filhota.
Nas semanas anteriores a este gigantesco evento pessoal, e por mais motivos do que o óbvio, dedico muito tempo a planear, e concretizar, os planos de festejo que a ocasião merece.
Costumo passar muitos, e concretizantes, momentos a construir objectos, e a planear as experiências que vão ajudar a tornar o dia de aniversário dela numa ocasião especial, que possamos recordar com carinho.
Não falo de grandes gestos de opulência, porque não há recursos para isso, mas de elementos simples em que ela se sinta amada e envolvida.
Este ano, alguns destes gestos envolveram rolos de papel higiénico decorados, autocolantes, as criações dela em Roblox, uma história à hora de deitar sobre o evento mais importante da nossa história como família, e muito carinho dispensado nos momentos certos.
Durante os curtos anos em que a tenho comigo, com todas as dificuldades e recompensas que ser mãe me trouxe, não me tem faltado material de escrita.
E, não apenas sobre a experiência em si, mas sobre a loucura que afecta todos os que contactam connosco nas diferentes capacidades.
Desde pessoas que não dispensavam um olhar na minha direcção e, assim que começam a ver uma grávida saem da sua normalidade, e são extremamente afáveis e prestáveis, percorrendo todo o espectro até, àqueles que não sabem lidar consigo próprios, ou os seus problemas pessoais com a maternidade, e castigam quem já está fragilizado, e só a tentar lidar da melhor forma que sabe, com mudanças que outros nem sonham que existem.
Mas, não é sobre isto que vos quero falar. Não são queixas de injustiças sofridas, ou o crescimento que o sofrimento nos traz, nem o reverso feliz – por vezes tão difícil de ver – dessa medalha.
Aquilo de que vos quero falar é do que significa aceitar os temas difíceis na vida.
Aceitá-los, e aceitar o seu papel, directo ou a trabalhar na sombra, sobre o trabalho artístico que mantemos.
Estava a reler umas notas, e cruzei-me com o guia para os artigos que escrevo para a [pausa de domingo]. Nesse conjunto de ideias estava esta:
“Os temas podem ser difíceis e, nesta semana que passou, tivemos uma perda no mundo das artes plásticas que fez muito do seu sucesso a trabalhar temas difíceis (Paula Rego). Mas são estes temas difíceis que fazem com que o trabalho artístico seja importante. Mostramos quem somos, e como os outros são, e esperamos construir um mundo mais atento, e informado e, se possível, um mundo melhor.”
Há sempre algo a acontecer no mundo. Guerra, fome, ganância, injustiça, morte, decisões questionáveis. E, em simultâneo, há sempre o reverso dessa medalha: amor, compaixão, protecção, carinho, compreensão, empatia…
É o balanço entre as duas, a compensação que acontece naqueles momentos, que nos mantém aqui. E, é a compreensão sobre o poder dessa balança nas nossas existências que trazemos para a nossa produção artística. É esse poder que queremos em toda a criação artística.
Quando desenhamos sobre a coisa mais importante para nós; Quando escrevemos sobre o momento mais feliz da nossa existência; Quando cosemos aquele buraco na roupa daquela pessoa; Quando moldamos aquela flor em barro; Quando montamos aquele boneco em pasta de açúcar; Quando paramos para escutar alguém; Quando mostramos aquele sentimento que alguém se escuda de sentir;
Quando aparecemos para o nosso processo criativo, estamos a dar uma hipótese para esse equilíbrio.
Quando aparecemos para os nossos temas difíceis com compreensão, tentativa de aceitação e vontade de mostrar as pessoas como elas são e, o que elas podem ser, se assim o escolherem, mostramos a arte como um reflexo real de quem somos.
Aquilo de que vos quero falar é da necessidade de enfrentar os temas difíceis.
Porque é o equilíbrio entre crescimento e os temas difíceis que nos fazem continuar. É a superação desses tempos que nos ajuda no acto criativo. É o motivo pelo qual a arte existe, para trazer compreensão e esperança, e para nos ajudar a lidar.
Com as dificuldades crescemos e, quem sabe, em suficiência para criar arte melhor, e com maior significado.
Quando aparecemos para o que fazemos, com o valor daquilo que aprendemos nas dificuldades, é certo que há-de haver um resultado. Que seja algo que construímos com noção, com intenção, e para melhorar o mundo. O nosso mundo individual e aquele que nos rodeia.
Que o resultado seja positivo. Que o vosso feriado seja positivo. Que a vossa arte seja contributiva e de valor intrínseco.
Desejo-vos um excelente feriado.
Com muita criação artística.
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