Olá a todos! Sejam bem-vindos a este blog.
Hoje, convido-vos a explorar um pouco o tema: algumas dificuldades em vivenciar a nossa prática criativa.
Ou, no meu caso, a escrita.
Sobre este artigo: Por vezes, torna-se complicado colocar num formato coerente de texto uma série de ideias que parecem desconexas. Gosto de relacionar temas vindos de diferentes fontes. Estou sempre à procura de incorporar pequenas ideias, e referências, que me ajudem a compreender o que se passa, em determinado tema, na minha vida.
Vamos ver como me saio neste artigo… e na confusão que é a minha presente situação…
Preparem-se para saltar!
Assim, e seguindo esta tradição, dei início ao trabalho criativo desta semana com uma pequena categorização.
Tenho por costume isolar certos períodos, durante a semana, que dedico a pesquisa. Essa pesquisa serve vários projectos. Artigos, vídeos, inspiração criativa, livros, poemas, entre outros.
Ao experienciar algumas semanas difíceis…
(e, posso provar-vos a dificuldade delas se vos disser que mal li algumas páginas, fosse de que livro fosse. Isto só acontece comigo quando algo não está como devia estar. E, há várias semanas que “algo não está como devia estar”)
… tenho procurado novas formas de integrar novidades, na esperança de mudar as vontades.
Não quero acrescentar muito sobre isto. Afinal, nem todas as vivências pessoais são material de escrita, ou para exploração documental. Há coisas que são, e devem permanecer, privadas. E, não é por quebrar o verniz superficial de que a vida online parece ser feita, mas porque, de facto, só a mim dizem respeito.
Podem perguntar: “Então porque estás a mencioná-lo aqui?”
Porque as dificuldades afectam tudo o que se passa por aqui, neste blogue. Os humanos são terríveis a compartimentar…
No início desta semana, batizei o seguinte segmento de duas horas de:
Monday’s IdeaStorm = Tempestade de Ideias de Segunda-Feira.
Porque precisava de arranjar uma estratégia que me pusesse a “funcionar de novo”. Durante umas horas, procurei, e registei, ideias desconexas e diversas. Mas, acima de tudo, dei-me permissão para apreciar este processo de ‘ir em busca de’ novidades.
Também, aproveitei o momentum e comprei as minhas primeiras sandálias de salto alto em oito anos. Porque me sinto melhor daquilo que padeço (parece mesmo que o tempo ajuda a melhorar)… e, porque tenho saudades de usar umas sandálias bonitas. Se tiverem curiosidade sobre isto podem ler o artigo Uma confissão elaborada, onde expliquei o que foi.
No processo de ‘ir em buscar de novidades’, comecei por pesquisar um pouco no YouTube. A longa lista de subscrições de canais produz sempre alguns videos para ver e aprender.
E, para os que Subscrevem este blog, costumo partilhar na newsletter semanal (recebem por email, ao Sábado), os vídeos mais interessantes de cada semana. A ideia é que sejam inspirados por eles.
E, foi aí que encontrei alguma similitude com as minhas dificuldades…
Esta semana, o seguinte vídeo constará dessa lista:
Menciono-o já, se quiserem ir espreitar… e, também, como referência para algumas das ideias aqui, neste artigo.
Ando às turras com os meus projectos escritos e, nas últimas semanas, isto expandiu-se até às minhas leituras, como já tinha mencionado acima. E, quando se expande às leituras, estou em graves problemas!
Neste vídeo, Kate fala um pouco sobre certos sentimentos, ideias e experiências, que assombram os escritores. O acesso de Kate a muitos autores, escritores e aspirantes, potencia que ela faça aquelas perguntas difíceis, e que nós recebamos a visão geral do que foi respondido.
Retiro sempre correlações importantes e, para mim, representam tentativas de explicações de coisas que, também, me acometem.
Durante este vídeo, compreendi a verdadeira necessidade de encontrar um plano… ou, de reencontrar o meu plano, para sair deste momento conturbado.
Criativos, escritores, pintores, ilustradores, designers, escultores, músicos, fotógrafos, videógrafos… Criadores, nos seus vários formatos, vivem certas questões de uma forma muito própria e, de forma diferente, das outras actividades que existem.
Pelo menos, é esta a experiência que tenho. Alguém que vive sob a direcção/orientação de outros para fazer o seu trabalho, tem um caminho muito definido naquilo que pode/deve fazer.
Isto, não é assim para os Criativos.
Recebemos instruções de nós próprios e, muitas vezes, somos os piores gestores pessoais que existem. Temos a sensação de demasiadas responsabilidades a pesar no prato da nossa balança. Temos pouco interesse nos temas difíceis, e mais práticos, da vida criativa (Negócios & Dinheiro).
E, se há um sentimento que nos constringe é a incerteza. Esta falta de Caminho definido é enervante.
A incerteza leva-nos a hesitar. Porque nunca sabemos se estamos no caminho certo para nós, e se devemos continuar.
A hesitação leva-nos a abrandar. Se não sabemos qual o trabalho a priorizar, levamos mais tempo a tentar esclarecer as nossas dúvidas.
Este abrandamento leva-nos à frustração. Queria compreender porque não funciona tudo de forma fácil, rápida e oleada.
A frustração leva-nos a fazer a pior escolha possível: Parar. Porque, parece que já não sabemos por onde ir, e por onde fazer o nosso próprio Caminho.
Um recurso interessante para mim, foi este vídeo aqui:
Jacqueline escreve e vende poemas para viver. É a sua profissão feita de uma forma muito particular… espreitem o vídeo.
Mas, como encontramos este nosso próprio caminho?
Algo sobre o qual já escrevi noutros artigos, como este aqui…
Continuo a idealizar o que foi, é e o que pode ser. E, onde encontro as respostas à minhas perguntas? Por onde materializo um novo trilho?
Não nos sentirmos sozinhos neste processo é algo essencial, para continuarmos a aparecer, e colocar o tempo de trabalho necessário. Mas, se não nos sentimos apoiados, validados, acompanhados, vistos e ouvidos, como continuamos a lutar por cada centímetro desta batalha?
… Com dificuldade.
Hoje, coloquei-me (pela milionésima vez) a pergunta:
Porquê?
A meio de organizar o plano de criação de conteúdos, de imaginar a Tempestade de Ideias de Segunda-Feira, de pôr os meus actos em, relativa, consonância com a minha vontade de fazer este trabalho, perguntei-me: Porquê?
Porque o faço? Porque comecei por fazê-lo? Porque continuo a fazê-lo? Porque não ganho juízo (à luz do que tantos interessados na minha desistência do assunto me sugeriram ao longo dos anos, devido à falta de… dinheiro que a actividade produz)?
Como valido este tempo empenhado? Como justifico os recursos empregues? Como luto por Escrever, nem que seja só por mais um dia?
Como valido esta luta? Esta luta que poucos entendem, justificam ou apoiam?
Não sei. Não importa. A validação alheia é fugaz e contribui pouco para o esforço real de construção de uma (minha) história.
Faço muitas perguntas: O que ensinaria à minha filha se desistisse do meu sonho? Como viveria comigo se o fizesse? Com ela? Connosco? Convosco?
Este blogue não é espantosamente concorrido, mas é regularmente visitado por muitos de vós. Os números são religiosamente mantidos há anos…
É difícil continuar a escrever, e a perseguir actividades, que as pessoas não entendem. Mas, é impossível explicar essa necessidade de o fazer. (Aliás, se precisam de explicação, irão alguma vez entender de facto?)
Como continuar, quando não sabemos por onde ir? Ou, onde arranjar força para ir?
O acto criativo é proibitivo quando desejamos fazê-lo de uma forma profissional. Pelo menos, aquele que não inclua anularmo-nos como criativos, estando às ordens, ou vendermo-nos como mercadoria. Substituir o acto criativo pelo negócio, mais ou menos, criativo pode ser essencial… mas, frustrante e fazendo-nos sentir que estamos numa luta inglória.
E, depressa desistimos quando não estamos de facto interessados em algo.
Sobre a parte Capitalista da coisa, ocorre-me o Manifesto de Nemik, na série Andor:
Transcrição:
Porque me ocorreu este Manifesto?
Porque substituímos o Império pelo nosso grande opositor e ele fica actualizado, e bem mais real.
Numa tradução mais genérica, que convido que apliquem ao tema que quiserem:
Tenta.
A luta constante com o resto do mundo. Sentirmo-nos sós, pequenos, insignificantes. A sensação de liberdade quando criamos algo. Algo que não obedece a imposições ou regras externas. A sensação de que cada peça de arte é uma insurreição. Forçarem as opções, para que não sejamos capazes de ver outras escolhas. O medo de falhar. O medo. Aquele acto único que pode ser a diferença. Nunca desistir. Tentar, sempre.
Quando desejamos Criar para viver, e sobreviver, os desafios que enfrentamos podem ter vários níveis. E, muitas vezes, sentimo-nos a travar uma batalha inglória, fadada ao insucesso.
Procuramos exemplos de outros que pareçam ter o sucesso que desejamos. Tentamos aprender com eles.
Temos muito barulho dentro da nossa cabeça. Muitas ideias, vontades, desejos. E, ao mesmo tempo, muitas experiências negativas, recusas e imposições exteriores.
E, estas coisas que vivemos, temos de encontrar o equilíbrio entre o que podemos usar nas nossas criações, e o que é suicídio criativo puro.
Fez-me lembrar aquela citação, que diz:
Nas últimas semanas, tenho andado à procura do plano sólido que me retire deste momento menos inspirado. E, também nisto o vídeo da Kate Cavanaugh me deu algumas ideias.
Porque, sei que sempre preciso de um plano sólido para sair destes sítios incómodos. Não sendo este o primeiro, ou sequer o pior sítio, onde estive. Mas, o que se repete é a necessidade de agir, colocar um plano em prática, puxar-me para cima, pelas margens do buraco que está sempre lá (e para o qual resvalo de tempos a tempos).
Há uns anos, escrevi num dos meus cadernos que este sentimento que me afligia era como um buraco que estava sempre lá. O que mudava era a distância a que estava de cair para dentro dele.
Momentos houve em que Journalling, bullet journal, Diários ou Páginas Matinais ajudaram.
Noutras alturas, foram mood boards, goals boards, até pintar ou mixed media.
Acompanhados de bons livros, e muita meditação, e mediação comigo mesma. Porque saber mediar entre o que quero, e o que sinto, é preciso.
Outra ideia, sobre esta dificuldade em regressar ao trabalho escolhido, que também é mencionado no vídeo da Kate: Ter o tempo para o fazer, não é o mesmo que ter a capacidade mental para fazê-lo.
O que é uma grande chatice!
Ter tempo significa abdicar de outras coisas. E, mesmo, colocar-nos à mercê do que é. Pode ser terrível quando perdemos a direcção. Quando deixamos de ver o sítio onde imaginámos ser o nosso Caminho.
Quando temos tempo, procuramos fazê-lo render. E, equilibrar vários projectos ao mesmo tempo, foi outra opção. Mas, pode ser esquisito e, por vezes, funciona e noutras vezes não funciona.
Vários projectos significam menos dedicação a cada um deles? Ou mais ocupação de tempo com projectos que podem falhar. Todos, em simultâneo.
Mas, ter capacidade mental para aparecer para o nosso trabalho criativo pode ser mais difícil de assegurar.
Energizar o que temos nem sempre é possível. Por mais que gostasse de por em prática o ideal de produtividade. O meu ideal de produtividade. A verdade é que ele soa sempre a tirania. Criar por encomenda é desumanizar o processo.
Quando me empurro durante uma quantidade de tempo considerável, seco a fonte que alimenta a criatividade. E, se a prática constante ajuda a ultrapassar isto, e seguir com os projectos que estão em andamento, a sensação de vazio criativo alastra-se, até tomar tudo.
Outro tema é a sensação de ‘Já devia ter feito. Já devia ter sido. Já devia ter começado… adiantado… terminado. E, no entanto, ainda não o fiz.’
O que a razão nos diz sobre começarmos a escrever tarde na vida, ou levarmos tanto tempo a criar a nossa obra. E, aquilo que a emoção/coração nos diz sobre esses factos, costumam ser duas coisas diferentes. Como lidamos com a diferença?
Não comecei tarde. Também não comecei cedo. Mas, o que me atormenta é que já comecei há muito tempo e não pareço sair do mesmo sítio.
Sempre escrevi. Sempre li. Escrever para este blogue leva 16 anos de prática. Tenho um livro auto-publicado, vários contos e poesia. E, assim se tem mantido. Livros na gaveta (virtual) tenho vários, assim como, contos e poemas.
Nesta não-corrida, fizemos o melhor de que fomos capazes em cada momento. Mesmo que, o melhor, não fosse o nosso melhor potencial concretizado. Ou, pelo menos, a percepção que tínhamos deste. Ainda assim, fizemos o nosso melhor. E, é o que basta. É o que tem de bastar.
É o que repito para mim.
Saí disto com um plano? Deste artigo? Deste momento de pesquisa? Desta Tempestade de Ideias de Segunda-Feira?
Nem por isso. Mas saí um pouco mais aliviada. Ciente que não importa por onde os outros acham que o Caminho deve ser. São as minhas solas que o calcorreiam. São os meus pés que sofrem bolhas. Sou eu que procuro respostas às minhas perguntas. Aquelas, às quais só eu posso responder.
E tu? Onde procuras as tuas respostas? Por onde fazes o teu Caminho? Quanto estás disposto a Caminhar? O que desejas deixar feito quando a história terminar? Onde ganhas inspiração para continuar?
Obrigada e Até Breve!
mas, entretanto…
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Referências:
- artigo Uma confissão elaborada
- vídeo Kate Cavanaugh Writes | past, present, & future concerns | WRITING IS HARD
- vídeo The Poem Store: A Life Changer | Jacqueline Suskin | TEDxSouthPasadenaHigh
- artigo Segue o teu Caminho. Porque devemos persistir na prossecução dos nossos objectivos
- vídeo Nemik’s Manifesto | ANDOR
- vídeo Andor | Maarva Andor’s Monologue | Disney+
- vídeo Film Courage | Why 99% Of Artists Fail – Khoa Le
- Série Andor