Escrever: Rotinas, Testar Estratégias e Definir Horários

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Olá a todos! Sejam bem-vindos a este blog.

 este artigo contém: rotinas de escritores famosos; 4 pontos para descobrir a rotina ideal; as minhas rotinas de escrita; referências utilizadas.

Nos inícios da sua carreira como escritor, Stephen King escrevia à noite. Era professor, durante o dia, e reservava os momentos antes de ir dormir para escrever. Nesses tempos, ouviu coisas como “porque não vais escrever algo de jeito.” sobre obras que são, hoje, marcos na literatura de horror.

Mais tarde, as suas rotinas transformaram-se em escrever, todos os dias, à volta de 2000 palavras. Acordar, tomar o pequeno-almoço, dar uma boa caminhada de cerca de 5 km, e sentar-se a escrever.

Nora Roberts escreve um livro a cada 6 meses. Noutra fonte, escreve 4 livros por ano. Todos os anos. O seu processo inclui dedicar-se à escrita durante 8 horas por dia, como num trabalho dito normal.

A sua dedicação à escrita é total. Escreve todos os dias. Ao fim-de-semana incorpora outras actividades a seguir ao período de escrita. Relega partes do processo para outras pessoas e, apenas, escreve. Acorda cedo. Exercita-se todos os dias após o período de escrita.

J.R.Ward escreve há 19 anos, todos os dias, seis a oito horas por dia. Todos os dias da semana, e do ano, aumentando as horas de escrita diária quando os prazos apertam.

Ward se não está a escrever, está a correr. E, há muito tempo que decidiu abraçar a vida de escritora e dedica-se a ela por completo.

Haruki Murakami reserva as primeiras horas do seu dia a correr e escrever.  Acorda às 4 da manhã e escreve durante 5 ou 6 horas. De tarde, corre cerca de 10km… ou exercita-se a nadar.

Porque conhecer as rotinas alheias servem a formação das próprias rotinas?

Há uns meses escrevi este artigo: Conhecer as Rotinas Diárias de Criativos Famosos, que me ajudou a compreender que, conhecer as rotinas possíveis para outros, ajudar-me-ia a descobrir aquela que funciona melhor para mim…

… Ou, melhor dizendo, a descobrir como criar a minha própria rotina. (Afinal, não tenho saúde para correr 10 Km, tenho uma filha de 7 anos para educar, faço pausas, e escrevo outros projectos para além dos de ficção.)

Nesta busca pela rotina que funciona, considero que precisamos de:

 1. Conhecer-nos bem.

Pelo menos, reconhecermos em nós as rotinas que temos de facto. Não vale pregar aos quatro ventos que somos um pássaro matinal, quando funcionamos melhor como mochos nocturnos  (vídeo Early Birds vs Night Owls). Também, não vale continuar a apregoar que temos a rotina de adolescentes hormonais e descomprometidos. Tudo muda, até a rebeldia da idade.

Saber quem somos, como funcionamos e o que queremos atingir, são auto-conhecimentos que constroem projectos.

2. Considerar o Tempo que temos.

Sermos francos com o tempo que o projecto vai necessitar para existir. Planear e executar de acordo.

Não é positivo fazer estimativas desajustadas da realidade, apressar a execução, sem atentar ao resultado, ou querer forçar o final. Assim, só coleccionamos má qualidade, desapontamentos e desperdício do tempo investido.

Conhecer o tempo de que dispomos e planear de acordo é o mais importante.

3. Respeitar o projecto em que estamos a trabalhar

Se sabemos o que o projecto requer, é fazer-lhe a vontade. Se não sabemos o que ele requer, é descobrir.

Nisto, o respeito significa proporcionarmos o espaço, tempo e os meios necessários para que o projecto se desenvolva de forma que lhe é natural. Os resultados podem não ser o que esperávamos, mas a viagem vai trazer-nos sabedoria para o projecto, e para todos os que se seguirem.

Aquela ideia de, se te sentes bloqueado vai dar um passeio. As ideias voltarão a fluir e o projecto avança.

4. Avaliar o esforço exigido vs tempo que dispomos

Ponderar quanto estamos disposto, de facto, a exigir de nós para um determinado projecto, em comparação com o tempo em que planeámos executá-lo.

Não há projecto que subsista se avaliámos mal os recursos intrínsecos de que dispomos para o completar.

Uma enxaqueca pode atirar-nos para uma semana (ou mais) sem funcionar, ou a funcionar num modo cognitivo comprometido. Acordar às 5 da manhã, quando sabemos que nunca iremos dormir antes das 23h e precisamos de, pelo menos, 7 horas de sono não vai funcionar por muito tempo. E, vai esvaziar o poço (criativo) e corroer a nossa determinação.

5. Adaptar-nos

Adaptar ao que é real, ao invés de desejarmos o impossível, e acabarmos frustrados, ou doentes, no processo.

Compreender o que um projecto exige de nós, e quanto de nós próprios lhe podemos dar. Estar atento, e disposto a mudar, quando percebemos que algo não funciona como previsto. Adaptar-nos ao que existe, de facto, e que não conseguimos mudar, por mais que nos esforcemos para isso.

Se há uma parede no caminho, na qual já embatemos, é melhor considerar se podemos contorná-la, se há uma porta para a atravessar, ou se vamos buscar a escada.

Como estes pontos me ajudam a formar as minhas rotinas?

Aceito que cada projecto tem as suas características e precisa de atenção especial. Procuro os momentos adequados para me dedicar a cada um deles. Formo rotinas e testo-as. Vou mantendo o que funciona e descartando o que não produz resultados.

Quando as coisas se complicam a sério, escolho fazer pausas. Nunca afasto o poder de decidir. Posso hesitar, e levar muito tempo a decidir, mas não volto a abdicar das minhas decisões.

Páro, reflicto e decido.

Depois, volto a caminhar, devagar, na direcção que quero que o projecto siga. Não corro porque posso tropeçar e cair. Mas, fisioterapio-me com frequência para reforçar o que precisa de reforço, e melhorar naquilo que ainda é possível.

Ajusto horas de acordar, e de deitar, de acordo com as necessidades pessoais e familiares. Já não fico aborrecida por isso. Não muito, pelo menos.

Por exemplo, fui de férias. Acordava às 6 da manhã. Escrevia por duas horas. Depois, a família acordava e íamos para a praia. Saía de casa reconfortada pela ideia de que o trabalho do dia estava adiantado. Podia regressar e escrever mais um pouco, organizar ideias sobre a história, ou encher o poço criativo com outras actividades. E, isto, para mim, foi descanso.

Soa bem? Foi óptimo, mas não aconteceu por acaso. E, foi doloroso concluir sobre o que precisava.

Em Maio, decidi reescrever o projecto ‘The Shapeshifters #1’.

Porque estava a tentar escrever o rascunho [-0] do #2, e estava a sentir grandes dificuldades. Existiam buracos, grandes buracos, que só detectei quando tentei encadear as histórias. E, certas partes, algumas cenas, ainda não soavam bem. No fundo, eu sabia disto, mesmo se não o quisesse admitir. Porque, sim, depois de sabe o Universo quantas revisões (eu não sei, porque perdi a conta!), concluo que preciso reescrever este livro.

Em Junho, comecei a levantar-me às 6 da manhã para o fazer.

Em Julho, falhei um dia. E, não foi o dia do meu aniversário. Em Agosto, adaptei o horário para as 9h da manhã. As férias escolares da miúda assim o exigiram e só falhei dois dias.

Neste momento, estou no limbo. A escola ainda não começou, e estamos em modo de pré-reajuste à rotina normal. Nem sei a que horas me deito, ou acordo, e regressei à rotina habitual… estou em aceitação de que defino os meus horários daqui a uns dias.

Ainda não terminei a tarefa de reescrever este livro. E, faltará uma última revisão… que não será a última, porque é impossível reescrever e não rever, mais umas quantas vezes, porque se destina a consolidar a história e estruturar, em base sólida, o trabalho que vem a seguir.

“O Tempo perguntou ao Tempo quanto Tempo o Tempo tem…” e aqui a Sara respondeu-lhe que cada projecto terá o tempo de que necessita para nascer, e crescer, saudável.

Continuarei a descobrir os ritmos e rotinas de outros autores porque gosto. Mas esforçar-me-ei, sempre, por descobrir os meus.

E tu? Tens vontade de descobrir os teus ritmos de escrita? Qual é a tua rotina para completares aquele projecto especial?

Deixem as vossas respostas nos comentários.

Obrigada e Até Breve!

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