Olá! Sê bem-vindo [à minha Biblioteca]… física e virtual, porque nem todos estes livros passaram a existir na estante cá em casa.
Este é o (tão esperado!!!) artigo sobre os melhores livros que li este ano. Adoro revisitar o que li, e relembrar os pormenores que me fizeram apaixonar (ou apenas apreciar com ternura) por um livro.
Como partilhei no artigo Homenagem aos Livros Lidos em 2024, cumpri o objectivo de leitura de 70 livros, e ultrapassei-o, com uns a mais.
Esta imagem, em baixo, é a ilustração da discrepância de totais entre os livros marcados como lidos no Goodreads e as leituras reais:
Se leste o artigo Homenagem aos Livros Lidos em 2024, reparaste que 2024 foi feito de diversidade de leituras. Também foi repleto de qualidade, motivo pelo qual tive dificuldade em comprometer-me com um número para o meu Top de Favoritos do Ano de 2024.
Como não quero comparar alhos com bugalhos, decidi-me por uma divisão entre Clássicos e Modernos. Não são Modernos no sentido de classificação de época literária, mas Modernos porque foram escritos nas últimas três décadas. São livros da actualidade. E, mantenho-me nos livros de Ficção para >15 anos de idade.
Não separei por géneros literários, e não consigo arranjar-lhes uma hierarquia, que reflicta a comparação de uns com os outros. Ou seja, para mim, cada um dos livros desta lista à especial à sua maneira e, encontrou um espaço no meu coração, e na prateleira física e/ou virtual da minha biblioteca.
Curiosamente, não dei 5 estrelas a todos estes livros que menciono. São especiais, chegaram ao Top e, no entanto, não são as 5 estrelas completas… uns são 4.5, 4.7 e 4.8
Assim, começo pelos Livros Modernos/Actualidade
Era um Top 5, que passou a Top 10 e terminou num Top 10+1 menção honrosa. Pronto! Já sabes que eu tenho muita dificuldade em tomar decisões quando implicam excluir livros…
E, vão aparecer por ordem de leitura e não por importância.
“Check & Mate” por Ali Hazelwood
Esta é uma história de amor, passada no universo do xadrez profissional. Mallory é uma jovem — muito jovem — adulta, a lidar com o caos que, a ausência do seu pai, a doença crónica da mãe e duas irmãs adolescentes, causam na sua vida. Recusando jogar xadrez, por motivos que só a ela pertencem, acompanhamo-la a ser, cosmicamente, empurrada de volta ao jogo… de xadrez, entenda-se.
Nolan é o n.º1 mundial do jogo… até ser derrotado por Mallory, num evento de caridade local. Isto despoleta o seu interesse na jogadora, e tudo o que se segue na história.
Digo-vos já que Nolan é uma personagem interessante. Gosto de um gajo que sabe o que quer, e vai buscá-lo (ou buscá-la como é o caso).
Um romance no universo do xadrez profissional o que é, em si, diferente do habitual. Juntamos a mestria, e a boa disposição, com que Ali Hazelwood nos envolve, atirando-nos dois miúdos a sobreviverem num mundo de adultos, que carregam o peso de escolhas feitas sem a compreensão total de tudo o que se passou à sua volta, e temos um livro pronto para nos fazer viver uns bons momentos.
Foi uma leitura que muito apreciei e que confirma que a autora domina esta formula de contar histórias de amor, em universos pouco habituais, e entre personagens interessantes.
“Fourth Wing” por Rebecca Yarros
No Goodreads escrevi: “Obriguei-me a comprar este livro e a lê-lo. Sim, a fama precedeu-o e a escolha que fiz foi mais porque gosto de ler autores contemporâneos e, há muito tempo que não o fazia desta forma. Não me arrependo nada de tê-lo feito. Redescobri o meu gosto por YA, romance e fantasia. Romantasia como lhe chamam, certo? Já li, e reli, e encontro-me, ansiosamente, à espera do próximo volume… algo que não me acontecia há anos.”
Num mundo de fantasia, onde dragões, magia e guerra são bem reais, Violet Sorrengail é forçada a entrar para o Quadrante de Cavaleiros (de dragões), apesar das suas óbvias dificuldades físicas e inclinações pessoais. Empurrada para uma competição brutal, em que a morte é o resultado provável, Violet ultrapassa incontáveis desafios, sobrevive e faz o que mais nenhum outro cavaleiro de dragões foi capaz de fazer em 600 anos… apenas para descobrir que, tudo aquilo em que acreditava era mentira e que teria de aprender a ser diferente, outra vez, sem perder as qualidades que garantiram a sua sobrevivência.
E, depois, existe Xaden Riorson, o traidor do reino que pretende vingar-se da mãe de Violet por participar activamente na morte do seu pai…
Violet não tem escolha. Tudo o que se apresenta na sua vida requer que ela encontre a esperteza e a força para superar. A sua fraqueza e a sua força são equiparadas, e é sobre a sua personalidade, os seus valores e as suas crenças que esta história se constrói.
Encontram um artigo com uma opinião mais completa, sobre os dois primeiros livros no artigo Opinião: “Fourth Wing” e “Iron Flame”.
Trilogia “The Folk of the Air: The Cruel Prince”, “The Wicked King” e “The Queen of Nothing” por Holly Black
Sobre o primeiro livro, The Cruel Prince, escrevi o artigo Opinião: ‘The Cruel Prince’ por Holly Black.
Estes foram os livros que me tornaram fã das histórias escritas por Holly Black e, quase um ano depois, mantenho que gosto da escrita desta autora. E, não apenas neste género literário, mas noutros. Esta trilogia apesar de, na minha opinião, ter começado de forma um pouco dramática demais, mas sem o impacto real do drama, revelou-se uma história surpreendente e de pormenores bem construídos que fazem o leitor imergir na trama.
Jude e Cardan são antíteses, complexos, falhados, e difíceis de simpatizar com eles. E, no entanto, ambos me cativaram. Gostei e fiquei fã da imaginação de Holly Black.
“Book of Night” por Holly Black
Este foi outro livro que viu uma opinião aqui no blog. Podes ler o artigo Opinião “Book of Night” por Holly Black.
Nele escrevi “Mais uma vez, Charlie sempre dobra o valor das suas más escolhas. Ou seja, não há nenhuma escolha má que ela não possa duplicar e, por cima, fazer ainda pior… assim à laia de apostador viciado.” e, se isto não vos convence a dar-lhe uma hipótese, não sei o que fará.
Foi um livro construído de uma forma tão inteligente que, é preciso reler para apanhar as pistas que, estavam ali semeadas bem à vista e, portanto, escondidas dos incautos leitores. Cheio de subtexto, e de temas das sombras… São-nos apresentadas vários tipos de vivências de pessoas ligadas à magia das sombras. Mas, são os pormenores que nos mostram a possibilidade de uma complexidade maior.
Charlie é uma personagem brutal. Como se escreve na obra: ela é a que dobra sempre a aposta, mesmo que seja a sua pior decisão. E, isto vê-se em tudo o que ela faz. São surpresas que a rodeiam, e que fazem com que tenha adorado esta história e ficado, com antecipação, à espera do segundo volume.
“Gata Branca” por Holly Black
Notam uma tendência? Fiquei fã das ideias criativas, e da execução, de Holly Black.
Esta é uma história para leitores mais jovens que, mais uma vez, me cativou. Cassel é um jovem que vive num mundo em que as pessoas fazem magia e, toda a sua família possui capacidades mágicas que são ilegais (e imorais). Todos menos Cassel, que é humano. E, no meio das suas incapacidades, vive com o peso de ter morto uma rapariga.
A gata que o persegue, acordado ou a dormir, surpreende-o a cada curva. E, no fim, o leitor liga os pontos, e descobre quão retorcidas as pessoas podem ser quando não têm limites físicos ou morais.
“The Secret History” de Donna Tartt
Incluí este livro nos Modernos. Terei feito bem? Acredito que passará a Clássico, mas não sei se já o posso considerar, pelo que permanece nesta lista.
Abri a página e comecei a ler. O mundo desapareceu. Reconheces o sentimento? Aquele que me diz: sei que tenho nas mãos um livro especial, quando as primeiras frases me arrasam, prendem e impossibilitam de o fechar.
Não sei bem o que esperava desta obra. Sei que tem sido um aclamado sucesso. Sei que a autora sabe, exactamente, o que está a fazer, pois nota-se nas suas palavras. Sei que o género literário que se criou, inspirado no contexto desta história, mas não apenas inspirado por ela, tem subsistido aos críticos e vai permanecer.
Estas personagens (e o leitor) são afectadas por comportamentos incentivados pela mentalidade de grupo, as influências imorais de adultos, pouco conscientes do impacto que têm em mentes mais jovens e impressionáveis e, como o pior acto imaginável, se transforma em perdoável com uns retoques justificativos.
Foi fácil, colocar-me do lado dos que tomam más decisões, baseadas na falta de maturidade, e pouco domínio real da necessidade de aceitar a responsabilidade pelos nossos actos.
Foi fácil reconhecer o bullying que sofremos nos sítios mais inesperados, e onde era suposto estarmos seguros.
Foi fácil deslumbrar-me por tantos pormenores, mesmo se já não me encontro na fase impressionável do início da vida adulta. Este é um livro ao qual pretendo regressar e, sei que há outro, entitulado The Little Friend, que se apresenta como interessante ao nível deste.
“The Raven Boys” de Maggie Stiefvater
Blue é uma rapariga, nascida numa família de habilidades paranormais, cuja sua capacidade é ser um sifão que aumenta as capacidades dos outros. Desde que nasceu que, Blue tem uma profecia atribuída, que diz que ela matará o seu verdadeiro amor quando o beijar.
Gansey faz parte de um grupo de rapazes, que frequentam um colégio particular, para os filhos dos muito ricos. No seu círculo mais próximos de amizades contam-se 3 rapazes cujas aparências enganam, mas os corações alinham-se com Gansey e a sua missão. Há anos, que Gansey procura um rei adormecido, através das linhas de Ley. E, esta sua missão fá-lo cruzar-se com Blue.
Numa das actividades paranormais da família de Blue, esta conhece Gansey. Nesse momento, é claro que ele estará morto no decorrer do próximo ano.
E, estas são as premissas para o primeiro livro desta série de 4. Cada um dos outros livros é inesperado, e especial, à sua maneira. Infelizmente, sinto que nos afastamos cada vez mais da trama principal, que sim, dura até ao último livro, e progride de formas cada vez mais esbatidas, até se resolver no último livro… mas, confesso que perdi o comboio do impacto das reviravoltas desta história. Concedo que é uma história para jovens adultos, algo que não sou, e que já li em quantidade para conhecer a maioria das reviravoltas possíveis… daí estar à espera de ser positivamente surpreendida. Até, porque falamos da escrita da Stiefvater, que não desaponta.
De qualquer das formas, este primeiro livro conta na lista dos melhores de 2024, pelas possibilidades imaginativas que cria, e uma perfeita execução no primeiro volume.
“Bride” por Ali Hazelwood
Num mundo em que os seres sobrenaturais, como vampiros e lobisomens, são reais e coabitam com os humanos, há uma noção de paz muito delicada. Homens, vampiros e lobisomens odeiam-se. E, no processo de assegurar que estes seres convivem, e vivem, em estabilidade são as crianças a alavanca que mantém a sede de poder controlada. Ou será?!
Misery é vampira. Em criança fora moeda de troca entre vampiros e humanos. Em adulta, a seu integração é impossível em qualquer uma das comunidades.
Lowe é o Alfa responsável pela comunidade de lobisomens. Os dois são forçados a um casamento de conveniência, uma circunstância que o poder instituído recomenda, mas com a qual ninguém concorda ou aceita.
O que acontece entre Misery e Lowe é inesperado e bem contado. Mais uma vez, Ali Hazelwood não falha em surpreender. Numa história, que tinha tudo para ser cliché, a autora consegue fazer-nos viajar por um mundo novo, e passar bons momentos.
“Succubus Blues” por Richelle Mead
Esta foi uma releitura que eu andava a prometer-me há anos. Volto a colocá-la na lista dos favoritos, apesar de constatar que ainda me recordava de grande parte dos eventos e que aquela pequena falta da emoção da descoberta me fez apreciar este livro de outra forma.
Georgina Kincaid é uma succubus. Sobrevive por absorver a energia vital dos homens com quem tem relações sexuais, enquanto vive uma existência no mundo dos mortais. Tem um emprego normal, numa livraria, com amigos humanos, assim como amigos sobrenaturais. Mas, Georgina debate-se com aquilo que precisa fazer para sobreviver. Algo que ocorre, desde que não viu outra solução, senão vender a sua alma ao Inferno, há muitos séculos atrás.
Neste primeiro livro, começamos a desvendar o mistério que é Georgina, e tudo o que a rodeia de esquisito e inesperado. Como é uma releitura, sei para onde tudo isto vai e, no entanto, aprecio a viagem num universo de sobrenatural, más escolhas e desejos impossíveis de concretizar. Um livro que não envelheceu mal, tendo em conta o avanço tecnológico (usam-se telemóveis, mas ainda não são apêndices indispensáveis, como seriam se a história fosse escrita hoje).
“Jade City” de Fonda Lee
Ora, se este não fosse uma surpresa agradável, não sei o que seria. Num mundo em que a magia recebida das pedras de Jade, organiza a sociedade em famílias poderosas, que controlam o comércio e uso dessa pedra, e que as pessoas normais não toleram usar, algo que ambicionam, sem enlouquecer.
O ambiente é o de grandes sindicatos familiares de criminosos, organizados para defenderem a sua posição e sobrevivência. Num cenário, altamente carregado de influências asiáticas, de lutas de kung-fu, e conflitos inter-geracionais, somos levados de traição em traição, de conflitos e de honra, até atingirmos a destruição da sociedade tal como se conhece no início deste livro.
Numa obra que está muito bem construída, cheia de magia e de realismo, e tão criativa que só pela novidade merece ser lida. Confesso que, acredito que precisava de um pouco de revisão ao excesso de explicações em certas cenas, no entanto, é perdoável. As personagens ganham uma dimensão, que nos faz viver a sua história, e sentir a perda quando esta acontece.
Este livro, foi uma surpresa que me cativou e, mostrou como certos temas podem ser criativamente reconstruídos.
E, a Menção Honrosa vai para:
“The Serpent and the Wings of Night” por Carissa Broadbent
Esta é mais uma história com vampiros. Mas, sem conotações negativas sobre o tema.
Confesso que gostei do universo. Carissa reinventou uma espécie de história explicativa para a existência de vampiros. Gostei das voltas que a personagem principal (humana) dá e quanto sofre com elas. Oraya (os nomes são um pouco a mais para o meu gosto, mas é o que é!) é uma lutadora, mesmo se inocente na sua vivência. Na sua luta solitária contra o resto do mundo, encontra um aliado inesperado. Raihn (nomes…) revela-se complexo, interessante e promete surpresas para os livros a seguir.
Mais uma vez, acredito que este livro teria beneficiado de uma revisão — com olho ao corte de material de enchimento desnecessário — porque não é preciso explicar tudo a quem lê.
[Um LOTR com 500 páginas é delicioso. Os livros correntes, que escrevem ao quilo, e não revêem para cortar o que se subentende e não faz falta, são só aborrecidamente compridos.]
No entanto, acho que este livro tem material para ser a menção honrosa de 2024. Foi cativante, criativo, e deixou espaço para imaginar o que virá a seguir.
Concluindo…
Peço imensas desculpas pelo comprimento deste artigo. Reparo que já passei das 2500 palavras… mas, acho que necessitei de cada uma delas para partilhar convosco o que estes grandes livros trouxeram à minha imaginação durante o ano de 2024.
E, se não for pedir muito, peço que fiquem a aguardar o artigo com os meus Clássicos Favoritos, lidos em 2024.
Agradeço a atenção e, se leste até aqui, acredita que tu és o/a maior!
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