Opinião: “Fourth Wing” e “Iron Flame”

fourth wing

Olá a todos. Sejam bem-vindos [à minha Biblioteca].

Hoje, falo-vos sobre dois livros: “Fourth Wing” e “Iron Flame” de Rebecca Yarros… porque, neste momento, eles são uma só história.

Há duas semanas atrás fiz uma espécie de artigo de opinião, cruzando a experiência entre quatro livros diferentes, que tinham povoado os meses de início de 2024.

No artigo Ler é o centro criativo do escritor, perguntei:

O que têm em comum “Fourth Wing”, “The Count of Monte Cristo”, “A Court of Thorns and Roses” e “Middlemarch”?

E, respondi também… mas, sobre isso, podem ler o artigo mencionado. Entretanto, percebi que gostava de escrever um pouco mais sobre esta história e as suas nuances.

Assim, vou ao controverso mundo dos dragões e de um colégio de guerra. Ahh, porque traduzido para português não soa melhor.

E, numa espécie de resumo condensado das premissas iniciais:

Violet Sorrengail é uma jovem de 20 anos, prestes a escolher o seu futuro, chegada a data de entrar num dos 4 colégios de educação que existem em Basgiath, no território de Navarre.

Até há seis meses atrás, preparava-se para a admissão ao Quadrantes dos Escribas (algo que enche o coração a qualquer bookworm por aí…), na tradição do seu falecido pai. Mas, uma determinação da sua mãe, General no Quadrante dos Cavaleiros de Dragões, obriga-a a fazer os testes para aceder à formação neste quadrante.

O problema? Para além do óbvio de ser forçada a escolher algo, para o qual não teve a preparação necessária, e nunca escolheria por vontade própria? Violet é a epítome de uma mulher com doença crónica e o seu corpo, em aspecto e composição, são provas disso.

Menciona-se uma doença que afectou a mãe, durante a gravidez, mas que ainda não temos referências mais precisas. Apenas sabemos que Violet é baixa, não possui grande resistência, ou musculatura, que as suas articulações cedem sem grande força exercida, e ligamentos, tendões e músculos são frequentemente afectados por qualquer movimento mal medido ou exerção especial. Se alguém escorrega e faz uma nódoa negra num joelho, Violent cai e desloca-o.

Mas, nada disto parece ser relevante quando a mãe de Violet determina o seu futuro. Agora, são os seus conhecimentos, e o seu espírito alimentado a ansiar ser Escriba, que a podem salvar dos desafios mortais no Quadrante dos Cavaleiros.

Os candidatos querem matá-la (menos competição), os Cavaleiros dos outros anos querem matá-la (odeiam a sua mãe), os dragões matam todos os que são considerados fracos (e ela é fisicamente frágil), para além de cada desafio de avaliação e preparação que é desenhado para eliminar os menos aptos a serem Cavaleiros de Dragões.

Com estas probabilidades, sobreviver ao acto da morte imediata, qualquer que seja o seu instrumento, é uma tarefa a tempo inteiro.

E, depois, existe Xaden Riorson…

Filho do homem executado, seis anos antes, por liderar uma rebelião contra o regente de Navarre, encontra-se no terceiro ano do Quadrante de Cavaleiros de Dragões. Obrigado a testemunhar a execução do seu pai, assim como todas as crianças filhas dos separatistas, é obrigado a ir para o Quadrante mais mortífero para provar a sua lealdade a Navarre. E, tudo isto com a participação activa da mãe de Violet.

Enquanto as dificuldades se precipitam sobre Violet, também a preciosa informação lhe chega. As defesas mágicas do território estão a cair, os ataques às suas vilas parecem inconsistentes com o que é suposto ser a realidade física do inimigo, e as crianças que foram marcadas para o quadrante, descendência dos traidores executados à sua frente, não são o que parecem ser e, Violet começa a comparar o que aprendeu com o que parece ser a realidade.

Desejando regressar ao Quadrante das Escribas, mas certa de que não fugirá ao desafio do Quadrante dos Cavaleiros de Dragões, Violet opta, uma e outra vez, por defender aquilo em que acredita e defender-se, a si e aos outros, com a clareza de quem não escolhe a morte em tempo algum.

Isto traz-lhe amigos e aliados poderosos. E, mesmo após descobrir que o seu poder mágico é uma espécie de assassínio em massa, são as suas escolhas que a guiam.

Claro que, entretanto, surge um romance com o homem que a odiava acima de tudo, e que admite querer matá-la. E, entre eles parece haver uma complementariedade estranha, logo desde o primeiro momento, que nós vemos e atribuímos ao desenrolar de uma relação, mas que me parece ter mais para contar em livros futuros. E, não acho que seja tudo sobre dragões (não é spoiler… acho).

Alerta: A partir daqui, tem spoilers.

Entre o primeiro livro, “Fourth Wing” e o segundo “Iron Flame”, a história progride de uma forma coesa e, apesar de ter tido alguns conflitos com a edição do segundo, e mesmo com a sua organização essencial, a verdade é que estes dois livros surgem numa continuidade perfeita.

Continuamos a seguir Violet e, agora, Xaden e os dragões com um olhar mais conhecedor do que se passa após um Cavaleiro se ligar a um dragão.

Violet supera os obstáculos, e progride na sua formação. O final do primeiro livro, dá-nos um vislumbre dos verdadeiros inimigos e contradiz tudo aquilo que Violet sabia sobre a sua realidade (e a nossa ficção). E, quando aqueles que era suposto nos protegerem, e em quem confiamos, nos falham toda a perspectiva do mundo muda.

“Fourth Wing” termina com uma nova realidade à nossa espera. Como vão estas personagens lidar com a mudança quase paradoxal nas premissas das suas vidas?

“Iron Flame” é um livro completo junto a uma espécie de novela no final. O sítio onde a história se quebra e daria um final em suspense para o próximo livro não acontece e, ao invés, temos uma série de capítulos com o avanço da história. Não é que não aprecie o facto da autora não ter aproveitado a ambiência diferente para prolongar a história. Kudos para Yarros que não o fez.

Mas, há um tom diferente entre a saída de Basguiath e a parte final da história que, se calhar, não fez sentido quebrar para o leitor… mas, isto é uma opinião pessoal. O primeiro momento de “tudo está perdido” é a cara de Violet. Está coerente e, brutalmente, bem conseguido.

O segundo momento, para mim, não foi o choque que se propunha a ser. Talvez porque, eu não estou a ver a relação entre eles como destinada pelo destino (sim, vi o que escrevi e foi intencional). Acho que há mais ali. E, não por estar relacionado com os star-crossed lovers… ou algo do género.

Acho que já mencionei noutro sítio, a surpresa!!! não me comoveu, o que é uma pena. Não sei se for por não ser novidade, ou se é por sentir que esta relação entre Xaden e Violet não é só sobre sentimentos, mas sobre uma possível simbiose.

Por outro lado, espero não me desiludir mais à frente e não concluir que, afinal foi só um romance de YA, mais do que visto. Mas, não vou pensar nestas coisas para já.

Em jeito de conclusão…

Obriguei-me a comprar este livro e a lê-lo. Sim, a fama precedeu-o e a escolha que fiz foi mais porque gosto de ler autores contemporâneos e, há muito tempo que não o fazia desta forma.

Não me arrependo nada de tê-lo feito. Redescobri o meu gosto por YA, romance e fantasia. Romantasia como lhe chamam, certo?

Já li, e reli, e encontro-me, ansiosamente, à espera do próximo volume… algo que não me acontecia há anos.

Obrigada e Até Breve!

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