Adoro fotos! Adoro os momentos que as fotos captam…
Aquele sentimento que cada foto desperta em quem vê…
Alegria, indiferença, saudade…
Momentos que quem deseja lê.
São recordações guardadas em papel, tangíveis,
que se podem agarrar com os dedos e segurá-las junto ao coração.
Como se as levasse para dentro de mim, sensíveis,
A todo o sentir da minha ilusão.
São mensagens de Amor, Amizade,
Calor ou Saudade…
É recordar aquela brisa que batia na cara…
Aquele sol que fazia doer a vista,
ou aquela água fria a gelar os pés…
Adoro fotos… mesmo quando odeio a foto,
o momento odiado fica ali, estagnado no tempo.
À espera de ser visto de outra forma…
São mensagens enviadas pelo sentimento.
É verdade! Adoro fotos e a própria palavra “foto”…
Mensagens subliminares, são talvez…
São só momentos sem “porquês”
Adoro fotos…
O Amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p’ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P’ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
Poesias Inéditas – Fernando Pessoa
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…
É a Hora!
Valete, Frates
"Mensagem" Fernando Pessoa