Enquanto temos medo das coisas impedimo-nos de as viver. Impedimo-las de acontecer.
Dizer que queremos muito algo, seja em voz alta ou para nós próprios, não muda nada. Podemos dizê-lo mas se não o sentirmos realmente, se não encararmos o que queremos com calma e aceitação, com verdadeira vontade que aconteça, nunca será uma realidade.
Arranjamos subterfúgios. Um mar de desculpas. Tudo e mais alguma coisa para que nunca se torne realidade. Somos (a) parte activa do nosso próprio conluio que nunca nos deixa alcançar, parar o medo, e viver.
Sentamo-nos à secretária e dizemos para nós próprios que queremos o sonho. Queremos vivê-lo. Ser melhores e mais produtivos. Mas, na verdade, sentamo-nos à secretária e o que experienciamos é medo. Vivemos os nossos milhares de panoramas de ‘E se…’ ao invés da abstracção do processo criativo.
Imagina que abrias o e-mail e tinha um convite para algo muito público, uma reunião com uma editora, ou algo do género. Como te sentirias? Imagina que tinhas dois anos de revisões pela frente, uma alteração profunda na tua obra, um contrato pronto a assinar amanhã, uma viagem de promoção pelas escolas/livrarias de todo o país… Imagina.
Sentiste o friozinho na barriga? Tremeste só ao considerar a possibilidade? Apeteceu-te correr para debaixo dos cobertores na tua cama? Desistir de tudo?
Como podemos querer o que queremos e, depois, ter medo disso? Como atraímos as coisas boas se somos constantemente assaltados pelas ansiedades e receios? Como nos acalmamos se apenas a possibilidade nos afecta? Como seria se se tornasse realidade?
Sou escritora. Sou formadora. Sou bloguista. Sou tantas outras coisas que exigem algo disto que tanto nos assusta. Odeio falar em público. Tremo. Mas, a cada vez que o faço, tremo um pouco menos. Gaguejo (eu, que não gaguejo!). Hesito. O tempo lima-nos as arestas. A nossa atitude elimina o medo. Continuo a não gostar de falar em público, como a maioria dos humanos normais. Mas, a cada hipótese, tremo menos. Hesito menos. Não gaguejo. Adoro dar voz ao meu trabalho e, isso, é o que ajuda a vencer o medo. A paixão favorece a argumentação.
Talvez o melhor seja ignorar o sonho. Ignorar o medo. Trabalhar. Esvaziar a mente, e o coração, da ansiedade. Mandar às couves o medo. Será o que for. O que tiver de ser.
Atraímos as coisas à medida que vamos estando preparados para elas… Mesmo que não saibamos que estamos prontos.
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4 comentários em “Palavras Soltas: É preciso querer (mesmo)”