Começo por vos advertir que esta é a minha história com o livro “Orgulho e Preconceito” (Jane Austen) e, que deve ser lida em simultâneo com a playlist aconselhada para este tema…
Por vezes, vemos um filme ou começamos a ler um livro e, por um motivo que nem sempre sabemos explicar qual é, não nos identificamos com a obra. Daí até abandoná-la, por completo, costuma ser um curto passo.
E, não vejo qualquer problema nisso. Às vezes, noutras circunstâncias, regressamos a ela, uns anos mais tarde, e somos capazes de apreciar com outro valor.
Noutras vezes, tentamos regressar, porque continuamos a ouvir coisas excelentes, porque notamos burburinho sobre, ou porque se volta a cruzar com a nossa consciência por motivos insuspeitos.
Ou, ainda, noutras ocasiões, não damos uma nova oportunidade porque consideramos que, pode ser a última garrafa de água no deserto, mas não nos serve em particular (e preferimos padecer a vinho…).
Suponho que qualquer experiência nos sirva bem, desde que acautelemos preconceitos, e que a mente aberta prevaleça…. que foi o que me aconteceu.
Não sei há quantos anos vi o filme “Orgulho e Preconceito” de 2005. Não me causou grande deslumbre, porque não retenho qualquer memória sobre o facto, excepto a seguinte:
Aquela primeira declaração de amor e consequente pedido de casamento por parte do Sr. Darcy soou à cena mais mal construída do século.
Isto poderia ter sido impedimento a revisitar a obra, e outras relacionadas.
Porque me pareceu tão insípido?
Agora sei porquê. Faltavam-me conhecimento da história de facto, e dos factos históricos que animam a História e, sobre isto, podem ler mais no artigo Uma prática criativa aconselhada…
Sobre a relação com Elizabeth Bennet
A facilidade de julgamentos, os preconceitos sem verdadeiro conhecimento real das circunstâncias dos que os cercam, o seu orgulho feminino, o caminho até uma maior compreensão da sua realidade, a família problemática, e o desconhecimento da sua própria pessoa, são temas que são chegados ao meu entendimento.
Há uns anos li “Persuasion” trazido de uma viagem a Londres (de um alfarrabista em Notting Hill, sobre o qual podem ler a minha opinião aqui…), e tive bastantes dificuldades com a compreensão da obra em si (agora, também sei porquê! Porque era uma história para ser compreendida por uma mulher mais madura).
Entretanto, posso acrescentar que, desta vez, não comecei por “Orgulho e Preconceito” (2005). Este foi um subproduto da visualização de “Sensibilidade e Bom Senso” (1995), onde me apaixonei pela personagem de Elinor Dashwood… (quando for “crescida” desejo ser assim: exteriorizar mais Bom Senso do que Sensibilidade).
Entretanto, e em busca de saber mais sobre a vida e obra de Jane Austen, li vários livros e vi diversos filmes… incluindo os feitos por apreciadores da sua obra na modernidade (que não interessam para este texto em si, mas que foram esclarecedores de vários aspectos da vida, obra e influência de Austen).
E, assim, me aproximei da temida escrita de Jane Austen em “Orgulho e Preconceito“. A aguardada prenda do Dia da Mãe (que podem ver o unwrapping vídeo aqui…) que li, uma primeira vez, por desfrute puro e, uma segunda, para analisar melhor o que surgiu.
Sobre o livro “Orgulho e Preconceito”:
Uma família de emoções, e relações, complicadas. Uma vida particular e social fortemente condicionada por normas. O amor romântico de vários estímulos e contornos. O amor familiar em desgaste e de vivências opostas. Uma fina ironia naquilo que cobre as escolhas ditas morais de uma sociedade particular. Modos de vida, de ser, de estar, tão diversos entre si, como diferentes dos nossos em prática, mesmo se não em essência.
Se antes não compreendi Jane Austen agora, afirmo com convicção, que sou fã da sua obra.
E, não é por acaso que, seis das suas obras, estão na lista das melhores em Inglaterra.
– Em vão tenho lutado, mas de nada serve. Os meus sentimentos não podem ser reprimidos e permita-me dizer-lhe que a admiro e que a amo ardentemente. – Mr. Darcy
Digo-vos que no filme de 2005, Mr. Darcy até gagueja. Um pormenor de interpretação (e emoção) que só compreendi, após ler a construção até àquele ponto, a metade desta história. Brilhante!
Assim, vejo alterada a minha convicção sobre tantos aspectos da obra de Jane Austen. Apreciei-a, e pretendo continuar a fazê-lo, alargando a minha exposição a outras obras. E, quero deixar-vos o reforço daquela ideia de que é importante conhecer as obras dos que vieram antes de nós.
Apreciar um bom livro. Procurar saber mais sobre o autor e a história. Conhecer como a literatura caminhou até aqui. Permitir que nos inspiremos no que de melhor se tem escrito ao longo dos tempos. Perseguirmos os gostos que nos animam o espírito… Todas actividades de grande respeito…
Assim vos deixo com uma perguntinha…
Aguardo comentários…
Obrigada e Até Breve!
Obrigada Sara pelo descrição e o desabafo sobre o a Jane Austen. De fato acho que os livros dela, devem ser lidos várias vezes para entendermos tão perfeito e profundos são. Muitas vezes, temos que ter imaginação para podermos perceber os diálogos. Que são extremamente indiretas.
Obrigada, Roya, pelo comentário. Verdade que ao lermos mais vezes compreendemos melhor e, continuo a achar que, são uma experiência nova a cada leitura 😉