Começo hoje. Começo agora. (na pausa de Domingo)

pausa de domingo

Porque nos é fácil acreditar que somos preguiçosos, mas não temos facilidade em acreditar que somos escritores?

(substituam a vossa arte de eleição no termo ‘escritores’… pintores, cantores, artistas, criativos…)

Quantos de nós, senão todos, ouvimos algo indesejado sobre nós, os nossos sonhos, ou projecções alheias sobre o nosso futuro?  E, quantos de nós, senão todos, lutamos para não deixar que essas opiniões alheias nos moldem?

Como naquela célebre frase…

les brown

Ou: não permitas que a opinião de outros sobre ti se transforme na tua realidade.

Porque é tão fácil acreditar nas maldades que os outros pensam de nós? Tão fácil acreditar nas conjecturas infundadas sobre o nosso próprio futuro, ou as nossas escolhas?

Porque achamos sempre que nos falta alguma coisa para sermos o que queríamos ser? Que nunca estamos prontos, completos ou capazes?

Nem tudo pode ser trauma de infância, posterior, ou baixa auto-estima!

Tem de haver mais qualquer coisa aqui…

E, não vamos para um caso extremo como o de Van Gogh (ler mais sobre isto aqui…). Esse é o exemplo que nos persegue a nós, pobres almas, a quem foi explicada a miséria humana da carreira de artista, enchendo-nos os ouvidos de fomes, doenças, loucuras e misérias pecuniárias e humanas.

O que mais há aqui?

Porque continuamos a fustigar-nos com a dúvida e a insegurança?

A minha teoria passa, primeiro, pela síndrome de impostor que carregamos.

Em segundo, porque acreditamos que se não trabalhamos a tempo inteiro em algo, e trazemos daí o nosso completo sustento, não somos os profissionais que desejamos ser.

Em terceiro, porque deixamos que o medo tome conta do trabalho de condutor desta viatura (o criador).

A Síndrome de Impostor em que desvalorizamos tudo o que fazemos. Nunca, nada, será suficiente (quanto mais bom!). Sobre a minha escrevi aqui…

Como nos convencemos disto? É o que me pergunto a mim.

O trabalho remunerado a tempo inteiro é possível. Mas, enquanto é preciso organizar a nossa vida e as nossas despesas, e a maioria de nós não tem como viver de outro rendimento que não seja a força do seu trabalho, é normal fazer outros trabalhos a par da nossa arte.

O trabalho remunerado em áreas diferentes das nossas artes também é habitual.

Não somos os únicos. As biografias de muitos, antes de nós, falam-nos das suas vidas como profissionais noutras áreas. Acumular é normal, desejável e, em muitos casos, fontes de inspiração para as nossas obras.

O medo como condutor da viatura… como Liz Gilbert ilustra, numa curta história de vamos todos dentro de um carro, o Artista, a Criatividade e o Medo. Todos vão na mesma viagem, mas o último não pode opinar sobre nada da viagem e nunca pode guiar o carro.

É preciso colocar tempo, e trabalho, nos nossos dias, que seja relevante para a arte que queremos fazer.

É preciso viver e pagar contas.

É preciso cuidar de filhos, parentes e limpar a casa…

É preciso acreditar que somos em suficiência para estas tarefas todas.

Isto significa assumir um compromisso connosco, em que usemos o nosso tempo (dito) livre, para construir o que desejamos.

Sobretudo, para usarmos o tempo que temos, apreciando a arte que desejamos fazer. Ter o máximo gozo em criar o objecto que desejamos elaborar.

Não nos vamos entreter com nada que nos leve o resto da alegria de viver, em especial, quando estamos a acumular as outras partes chatas da vida.

Somos capazes de viver neste mundo, e fazer aquelas coisas que não pertencendo à arte em si são essenciais, e executar aquela arte que nos motiva? Sim.

Como?

Um minuto de cada vez. Sem medos. Sem opiniões alheias a ditar o caminho. Sem pensar no que ficou para trás, ou no que pode vir lá mais à frente. Repetindo:

Começo hoje. Começo agora…

Façam o que gostam e Boa Pausa de Domingo.

***

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Obrigada e Até Breve!

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