Como ler mais Clássicos… e sofrer menos por isso

ler mais clássicos

Olá, a todos! Sejam bem-vindos a este [a minha biblioteca].

Ler é uma actividade salva-vidas.

Não consigo contar as vezes que, para mim, assim foi. Sejam obras leves ou pesadas (ler artigo: A leveza da arte e o peso do significado), momentos há em que é num livro que encontramos o escape, e a resposta, ao que nos atormenta. Num livro ou em vários…

Algumas obras, são verdadeiros guias para as vivências do momento presente. Relembro ‘The Power of Now’ de Eckhart Tolle, ‘Comer, Orar, Amar’ de Elizabeth Gilbert, “Persuasão” de Jane Austen,‘The Dark Interval’ Rainer Maria Rilke, entre muitos outros.

Assim como, uma prática de escrita consistente nos alivia da vida diária, muitas outras pessoas, ao longo dos séculos, praticaram em suficiência para nos legar as respostas às nossas perguntas, através dos seus escritos.

Sejam géneros directos como cartas, diários, ensaios, (Rilke, Woolf, Montaigne Austen…) ou seja através de histórias ficcionais (Shakespeare, Marcus Aurelius, Homero,  Tolstoy…) , muito podemos aprender com aqueles que viveram antes de nós.

Mas, porque são os Clássicos tão difíceis de encaixar?

E, não. Não falo do tamanho físico de um tomo qualquer, e do seu lugar na prateleira designada porque, isto, não costuma colocar grandes dificuldades.

Refiro-me aos sentimentos associados à ideia de ler um Clássico.

Começando por “Queria/Devia mesmo ler isto.”… Passando para aquela sensação de “Oh, não!”, assim que a ideia se apresenta… Ou, o “Que chatice!” quando nos obrigam/obrigamos a fazê-lo… E, ainda, o “Mas isto não avança?!” que, ocasionalmente, surge assim que começamos a ler… e, no fim, o “Está diferente daquilo que pensava que era.”

Se pertencem ao grupo de pessoas que não pensa/sente nada disto, ensinem-nos o segredo. Porque mesmo sabendo que irei gostar, por vezes, torna-se muito difícil dar início a um destes gigantes da literatura… só preciso relembrar a minha saga com “Moby Dick” de Melville (podem familiarizar-se com a questão aqui… e aqui…). Existe, há anos, na minha lista de livros a ler em breve.

Se pertencem ao outro lado do espectro e, só a menção a Clássicos, vos faz arrepiar a espinha, não são os únicos.

Não é fácil pertencer a nenhum dos extremos, e não pelo cliché que diz que “é no meio que está a virtude”, mas porque nos extremos não  há desafio. Em ambos os extremos, não há antagonismo para conquistar.

Alguns Clássicos houveram que me cativaram sem qualquer travão. Assim como, outros, não me conseguiram enredar nas suas páginas. Tenho exemplos para ambos os casos.

Fã de “Os Maias”. No entanto, não fico acordada para lá da página 12 de “Aparição”.

Fã de “Frankenstein”, “O Retrato de Dorian Gray”, “Pride and Prejudice”, “The Great Gatsby”, entre outros… Mas, não consegui passar da página 40, ou algo parecido, de “Moby Dick”. E, penei para terminar “Women in Love”.

Mas, como resolvemos esta tentação de fugir aos Clássicos?

Acredito que há formas de o fazer. E, acho que vale a pena insistir nestas leituras.

∞ Começar pelos mais curtos

Escolher as histórias que conseguimos ler num par de horas, ou em poucos dias, ajuda a sentir que conseguimos ler obras clássicas.

Um tomo de 1000 páginas é um peso real, e não apenas em kg, mas aparenta ser um fardo penoso, a cumprir em mais horas do que desejamos dispensar. Assim, escolher as histórias mais curtas pode ser um bom início para fomentar o gosto pela escrita de um autor clássico.

∞ Começar pelo Top 5 dos melhores

Escolher obras que reúnem algum consenso, em que a maioria dos leitores atribuíu uma boa classificação.

Mesmo que não seja o nosso tipo de livro preferido, pelo menos é garantia de que agradou a muitos antes de nós… de certeza, a muitos como nós, relutantes em pegar num Clássico para ler.

∞ Começar por aqueles com que nos relacionamos

Escolher obras de géneros literários, e temáticas que apreciamos.

Há Clássicos que cruzam vários géneros. E, há temas que sabemos que gostamos de ler nos livros contemporâneos, e podemos apreciar nos Clássicos. Encontrar o que nos agrada é uma forma de escolhermos um possível vencedor Clássico.

∞ Começar sem pressões para terminar

Quando uma leitura vem na altura certa para nós, sabemo-lo. Não é preciso forçar, ou empurrar, ou penar, para chegar ao fim das páginas.

Isto não significa abandonar o livro ao primeiro aborrecimento, ou contrariedade. Significa pensar se estamos, de facto, a apreciar a leitura, e se desejamos continuar.

Se a resposta for “não” a ambas, então arrumamos o livro para outra época da nossa vida. Sem amarguras ou vergonhas. É preferível deixar a porta aberta, para que a história possa voltar mais tarde a nós, do que insistir e ganhar anticorpos, que nos façam associar maus sentimentos a um livro.

∞ Começar e apreciar

Quando começamos a ler um livro, e ele é do nosso gosto, sabemos. Mesmo quando somos surpreendidos pelo que estamos a ler, sabemos.

Soube que The Black Dagger Brotherhood era para mim, no primeiro livro. Assim como soube que a Série de (uma espécie de) recontar de “contos de fadas” de Anne Rice, nunca seria para mim (trauma!!!).

Quando há algo que nos cativa, sabemos. Sentimo-lo.

∞ Começar noutros formatos

Por vezes, acartar um tomo de 1000 páginas por aí é uma ofensa à nossa coluna vertebral. Ou, é difícil encontrar um momento, em que possamos ler as dezassete páginas diárias que um livro exige, no âmbito de um qualquer objectivo que tenhamos. Assim, encontrar um meio de leitura mais amigo torna-se imperativo.

Usar um audiobook, enquanto cumprimos qualquer outra obrigação, ou actividade, pode ser a solução para isto. Ouvir um livro difícil, pode mesmo ser a chave para ouvi-lo até ao fim e, quem sabe, relê-lo, após nos apaixonarmos por ele.

Ou, recorrer ao aparelho de leitura à vossa escolha (kobo’s, kindles e afins…), que não sobrecarrega de peso a mochila, e está disponível em qualquer momento de pausa, transporte ou esperas.

Ler no computador, nos momentos em que estamos à espera que algo se processe, também é uma estratégia que pode resultar… Ou no telemóvel, caso tolerem as letras pequenitas.

Começar…

Mas, no fim, o que interessa mesmo é que possamos dar uma oportunidade aos gigantes que vieram antes de nós. Que, ao lermos aquilo que inspirou tantos outros a seguir a eles, possamos criar o nosso próprio entendimento dos assuntos e da vida. Que, ao praticarmos a nossa arte (seja ela escrita ou de outro meio), possamos recolher as referências tão importantes que dão dimensão, e profundidade, ao nosso trabalho artístico.

Começar por aquilo que os outros produziram, com toda a experiência de vida que os assistiu na produção das suas obras, é colocar-nos em vantagem sobre os temas que desejamos explorar na vida e arte.

Porque, é importante começar… e continuar, praticar, insistir, perseverar. O mundo necessita das nossas artes. Assim, como nós necessitamos daqueles que criaram antes de nós.

Obrigada e Até Breve!

Relembro que está disponível para download gratuito o Compêndio Criativo 2024, cujo objectivo é ajudar-te a colocar no papel o que é mais importante para ti, e que te será útil para este novo ano.

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