Olá a todos. Sejam bem-vindos [à minha Biblioteca].
Esta é a minha opinião sobre a experiência de leitura do clássico “O Conde de Monte Cristo”. Sem spoilers, porque não vos quero estragar a experiência.
Há uns dias, partilhei convosco o artigo Leituras em Fevereiro e Desafios de Leitura, onde partilhei o que tinha a decorrer no momento e, do qual constava o livro “O Conde de Monte Cristo” de Alexandre Dumas.
Passando do prazo de dia 29 de Fevereiro para terminar esta leitura, consegui acabar de lê-lo nos primeiros dias de Março e, confesso que, ainda estou de interesses investidos neste livro.
Para começar, quero partilhar convosco o Game of Tomes Book Club, o motivador para esta leitura, neste momento, sobre o qual podem ver aqui…
Este foi o incentivo para a escolha de o ler, neste momento, após tanto de tempo na lista dos clássicos que quero conhecer.
Outro recurso, muito interessante, para a leitura e compreensão deste livro foi o vídeo How to Read The Count of Monte Cristo by Alexandre Dumas por Benjamin McEvoy.
Não costumo ir à procura de grandes opiniões profundas sobre os livros que quero ler. Não gosto de spoilers e como sei que as opiniões divergem, uma opinião alheia pode sempre prejudicar o interesse que eu tenho sobre uma obra. E, todos temos gostos e opiniões diferentes e desalinhadas, por isso, só a minha experiência de leitura é que me poderá dizer se gosto de um livro ou não.
Mas, este vídeo de Benjamin McEvoy, permite-nos descobrir pormenores da execução deste livro, e de variadas opiniões sobre a produção da obra, e mesmo da sua tradução que ajudam a colocar a história sob uma perspectiva mais informada. É mais fácil compreender certas escolhas estilísticas, quando estamos a ler um tomo desta envergadura, e a perguntar-nos porquê? Porque foi escrito desta forma?
Sobre o livro “O Conde de Monte Cristo”
Publicado, pela primeira vez, em 1844 este é um romance e uma história de aventuras francês, escrito por Alexandre Dumas e, segundo fontes, em colaboração com outros autores, cuja publicação foi feita através do formato boletim, entre os anos de 1844 a 1846.
Portanto, os leitores da época puderam esperar que o próximo excerto da história fosse publicado no boletim. E, tendo em conta a história que é, suponho que tenham aguardado com muita expectativa.
O enredo ocorre durante duas décadas, ou um pouco mais do que isso e, a história tem início durante o período em que Napoleão Bonaparte estava retirado do poder, e isolado na ilha de Elba em 1815, e a subsequente tentativa de retomada de poder em França, assim como o restabelecimento de uma monarquia fragilizada.
É nos meandros destas traições políticas que um jovem marinheiro, Edmond Dantès, prestes a chegar a capitão do navio onde trabalha, se vê envolvido em tramas que lhe retiram a liberdade, o pai, a noiva que ele estima acima de quase tudo, e o lançam numa prisão de onde nenhum prisioneiro sai pelo seu pé.
Inocente, Edmond Dantès, mantém-se fiel à sua crença de que o engano que foi cometido será reparado. A morte da esperança, e os 14 anos de cativeiro, operam mudanças profundas em Edmond que, num rasgo de sorte conhece o homem que, em última instância será o instrumento que lhe permitirá escapar da prisão, alterar-se de forma profunda, e mover o mundo para se vingar daqueles que o enganaram.
A vingança, o anjo reparador, ou a mão de Deus, como este homem se vê a si próprio, traz castigos àqueles que lhe fizeram mal. E, nós? O público aplaude enquanto ele demonstra a inteligência dos seus actos, e o seu coração, por trás dos movimentos do mundo.
E, os meus pensamentos sobre esta história…
Instantâneas 5 estrelas, ao ler os primeiros capítulos. A intriga inicial, os mistérios sobre a situação, a sensação de injustiça profunda, sofrimento, e o perigo da aventura, mesmo se entre quatro paredes, foi suficiente para me manter expectante e investida nesta personagem e na sua história.
“Life is a storm, my young friend. You will bask in the sunlight one moment, be shattered on the rocks the next. What makes you a man is what you do when that storm comes. You must look into that storm and shout as you did in Rome. Do your worst, for I will do mine! Then the fates will know you as we know you” — Alexandre Dumas, The Count of Monte Cristo
Primeiras opiniões, após terminar a leitura:
A ler desde o início de Janeiro, quando decidi participar no Game of Tomes, e sobre isto podem ver tudo aqui…). O que foi isto? A sério. Sem drama (sobre uma história feita de drama). UAU!
Terminei esta leitura há 3 dias e continuo imersa nela. Quero reler. Quero anotar. Quero retirar todas as citações importantes. Quero uma filosofia de vida baseada neste livro. *inserir uma asneira aqui*. Fui apanhada, totalmente, desprevenida por esta história.
Sim, é um clássico. Sim, tem subsistido aos tempos e continua a deslumbrar leitores. Mas, não há muito disto que seja importante quando escolhemos ler um clássico com mais de mil e duzentas páginas.
E, não é importante, apenas porque podemos não nos apaixonar pela história. Podemos aborrecer-nos, não ver os méritos para além da prosa, ou encontrar dificuldades em vários cantos da narrativa, entre muitos outros problemas, dos quais, a nossa cada vez menor capacidade para manter a atenção a conteúdos longos é sempre um factor a equacionar.
Por isso, dizer-vos que me apaixonei por esta narrativa é o mínimo que posso fazer para vos incentivar a esta leitura. Ainda estou em modo deslumbre e espero poder escrever mais sobre isto em breve… sobre o livro, não o deslumbre.
5⭐️ mais houvesse (para ler).
“Moral wounds have this peculiarity – they may be hidden, but they never close; always painful, always ready to bleed when touched, they remain fresh and open in the heart.”— Alexandre Dumas, The Count of Monte Cristo
Num segundo momento, escrevi:
É agora? Será agora que escrevo uma opinião decente? Este foi o livro que comecei a ler em Janeiro, quando decidi participar no Game of Tomes…
Mas, pouco mais consegui acrescentar que me satisfizesse.
Num terceiro momento, completo:
Esta é uma história de vingança, de injustiça, de tristeza e de perdão. Mas, em simultâneo, esta é uma história em que se procura superar as desgraças e a forma diferente como cada personagem o fez.
Esta é uma história que mostra que a inteligência, quando aplicada, supera todos os obstáculos. É uma história de vivências partilhadas, graças aos mais diversos sentimentos que não apenas amor, ódio, ou amizade.
Esta é uma história em que o ódio e a tentativa de se ser o anjo redentor, ou aquele que pune os criminosos, dá-nos variadas nuances e perspectivas sobre os dilemas morais da nossa existência.
Cada personagem cresce de formas que servem a vingança, e que não nos deixam com sentimentos contraditórios só porque sim. Há motivos para cada sentimento contraditório que vivemos nesta leitura. Quando começamos a pensar que na necessidade de perdão, foi porque a história foi desenhada de tal forma em que nos é propício pensar dessa forma. Quando pensamos que o perdão e o retomar do que se perdeu faria sentido, encontramos a nossa experiência a ditar que nunca poderia ser assim. Não se retira o que nos foi feito, só se pode perdoar, e deixar ir.
Esta história é feita dos mais diversos temas, e com início numa época histórica complexa, tempo em que a Monarquia e Napoleão Bonaparte competiam pelo poder em França e nos países em redor, que impelem a justiça a ser executada de formas que apenas servem interesses daqueles que têm planos em avançar no seu próprio meio social e em riqueza. Qualquer semelhança com a realidade actual não é pura coincidência. É a natureza humana.
Mas, é quando a injustiça se conjuga, de tal forma, que a dimensão das maldades infligidas a um jovem é difícil de suportar (para quem lê), que se abre todo um novo plano de sacrifícios que possibilitam a punição de todos os que, merecendo tanto ou mais a prisão efectiva, vivem em abastança.
Nós vibramos quando o Edmond lhes leva aquilo que eles merecem e pensamos se deveríamos estar a torcer por perdão.
Colocamo-nos perguntas importantes. Magicamos em implicações morais. Procuramos conter a satisfação daquilo ao que os nossos valores não se podem subjugar. E, no entanto, tudo isto é desenhado para nos fazer pensar sobre aquilo que seríamos capazes de fazer e porquê.
Sobre a história, coloquei muitas perguntas:
O crime de roubar dinheiro é menos grave? O perdão é concedido porque já chegava de maldades feitas em nome da vingança? Desistir do amor verdadeiro é motivo para punição? Coexistir com traição é possível? A desgraça impossibilita a felicidade futura? A morte dos coniventes com os praticantes de crimes, seja qual a natureza dos seus crimes, é justificável? Há vida, mesmo que haja fortuna incontável, após a morte psicológica e pessoal de um indivíduo? É a lealdade fácil de comprar? O que significa a honra numa sociedade tão deturpada nos seus conceitos existenciais? Punir os filhos no lugar dos pais, ou em consequência dos actos parentais, é impossível de impedir? A bondade é punida, enquanto a maldade prospera? O grande amor não realizado não permite compromissos? E, o perdão da traição, por parte daqueles que amamos, é impossível?
Parece que esta opinião me deixa com tantas perguntas quantos os momentos que impulsionam esta história magnífica. E, é assim que deve ser.
Como partilhei acima: Quero reler. Quero anotar. Quero retirar todas as citações importantes. Quero encontrar um fio condutor, porque a vida parece tão rídicula hoje, como era naqueles tempos, em que uma denúncia infundada tem a força para destruir vidas e de construir castelos de cartas (ou de poder).
5⭐️
ADORO O SEU BLOG. Interessante. Muito bom.
Olá, Maria.
Obrigada pelas suas palavras. Fico muito feliz por isso.
Até Breve!
Sara
Queria ler
Olá, Merian.
Se gostas de histórias com muita emoção, aventura e mistério, esta é história para ler.
Pessoalmente, adorei. Tornou-se num dos meus livros favoritos de sempre.
Até Breve!
Sara