Cinco Minutos… de Construção Criativa

cinco minutos

Olá a todos. Sejam bem-vindos a esta [pausa de Domingo].

Tens cinco minutos para criar? Só cinco minutos…. e, o produto pode variar entre escrever apenas uma frase (ou palavra. Consigo escrever uma só palavra, certo?), ou desenhar apenas um círculo, ou captar uma foto apenas.

E, isto é uma prática criativa digna.

Infelizmente, quando pensamos na prática de ir criar a nossa arte a fasquia é sempre: fazer a sessão na sua totalidade.

Fazer tudo, ou não fazer nada. Não há intermédio. Não consideramos que uma curta sessão de 5 minutos tenha qualquer valor ou acrescente qualquer coisa.

E, no entanto… A dança do tudo-ou-nada não funciona.

Querer começar e terminar uma obra completa, numa longa sessão, e fazê-lo todos os dias, não funciona.

É medo. É procrastinação.

É garantirmos que, se não sabemos o que escrever no primeiro minuto, desistimos da sessão completa.

É dizermos para nós próprios que, se não conseguimos fazer aquilo que estava na lista, aquele objectivo completo… como escrever, numa sessão integral de seis horas, a cada dia… então, não vale a pena.

E assim, não aparecemos durante uns dias para trabalharmos na nossa arte… meses… anos.

Quando pensamos em criar a nossa arte, pensamos sempre em quem a irá ver. A fasquia é: aparecer e projectar aquilo que criamos, para que os outros possam ver e gostar.

Mas, aparecer é uma ou duas (ou dez) actividades diferentes. E o nosso tempo é escasso, até para a nossa arte (e em especial, se não temos o apoio necessário e continuamos a pedalar na roda do rato).

E, é preciso ir aprender a fazer certas coisas e fazê-las de forma massiva. Como se tivéssemos uma equipa de marketing, a criar conteúdos para publicar diariamente, e publicitar a nossa criação.

Mesmo olhando para essa partilha como parte da arte que criamos, apenas envolvendo outros meios, não nos parece semelhante à ideia que tínhamos do nosso trabalho original.

E, qual a importância de publicitar uma criação que não temos tempo para fazer?

Quando organizamos o tempo, e os objectivos, atribuímos valor `a eficiência, como expoente último dos resultados do nosso trabalho criativo.

Horas a aprender como formular objectivos. Como uns parecem concretizáveis, como outros nunca iriam funcionar connosco, como a sessão de objectivos matinal retira todo e qualquer inspiração para a sessão de trabalho criativo que marcámos como objectivo.

Procrastinação. Tudo isto é procrastinação.

Temos medo de libertar a nossa arte no mundo. O perfeccionismo, acreditarmos que nunca está bom o suficiente para ser visto, mantém-nos manietados.

Passamos horas à procura de soluções para o negócio que não sabemos construir. Passamos anos convencidos de que não sabemos o suficiente para que as nossas obras sejam públicas. Passamos a vida convencidos que não sabemos como o jogo funciona, e que todos os outros aceitam que o objectivo é vender, e tudo farão para o fazer, incluindo cuspir obras imperfeitas a cada cinco minutos para que as pessoas as possam comprar.

O horror que é esta ideia! Atrapalha-nos os pensamentos. Faz-nos duvidar da actividade…

Sair desta roda de rato específica significa criar na obscuridade. Manter-nos a criar, ou procrastinar no anonimato. Criar, e editar, e recriar, mas nunca sair da nossa zona de conforto. Olá, zona de conforto!

Sendo criativos, acabamos a combinar artes, e garantir que nunca nos sentimos em suficiência para completar alguma coisa.

Não funciona. Nada disto funciona da forma que desejamos.

E, não! Não vamos acreditar que, de repente, alguém vai encontrar o que fazemos e retirar o nosso trabalho da obscuridade. Até porque, surgindo a oportunidade, não iríamos querer mostrar um trabalho que consideramos estar incompleto.

Sem falar que, ser inconsistente é pouco gerador de confiança. Procrastinar é uma fraca garantia de que possamos produzir com regularidade.

Criar é um trabalho e, muitas vezes, esquecemo-nos disto.

Pode ser um hobbie. Se assim o desejarmos. E, é aceitar que o é. Mas, se desejamos que seja a nossa actividade principal, é um trabalho. E, no trabalho temos de fazer muitas coisas desagradáveis. Temos de encaixar a necessidade de fazer as coisas chatas.

Como diz a Bluey num dos seus episódios: As coisas chatas são importantes.

Não faltam teorias e estratégias, mais fundamentadas ou nem por isso, sobre as formas como podemos combater estas inseguranças que assolam o nosso trabalho criativo.

Mas, por vezes, conhecê-las não significa que superá-las seja fácil.

Nesta pausa de domingo, em que continuo a lutar contra as minhas próprias restrições ao meu trabalho criativo… (estou bastante bloqueada na trilogia em que estou a trabalhar… e não consigo descortinar porquê… e está a apertar o nó em volta da garganta… e estes bloqueios estão a alastrar-se a outros meios… e é o que é…) vou continuar a aparecer nestes pequenos incrementos à minha escrita.

Porque é melhor ir escrevendo qualquer coisa, e não entupir a conduta do flow criativo, do que ir amuar ali no sofá e não fazer nada.

Manter as sessões de prática criativa digna. Venham de lá os 5 minutos criativos! Que o resto logo se resolverá.

Vá, agora vão lá escrever uma só palavra. Tirar uma só foto. Desenhar apenas um círculo. Criar algo em cinco minutos… e, aproveitar a vossa pausa de domingo.

Sejam os Construtores Criativos, que moldam a sua própria realidade, ao praticarem as suas artes.

E, eu assim farei.

Obrigada e Até Breve!

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4 comentários em “Cinco Minutos… de Construção Criativa”

  1. Bom dia, Sara!

    Obrigada por esta pausa de domingo.
    O que escreves é, não só, uma inspiração, como uma análise nua e crua.
    É verdade. Estamos sempre à espera da “grande inspiração”, daquelas que nos toma o corpo e o espírito e que nos leve a criar a obra perfeita.
    E, com esta ambição como objetivo primordial, esquecemo-nos dos pequenos momentos que até lá nos podem levar.
    Dos tais cinco minutos que serão a construção de algo maior. Ou não. Podem ser apenas cinco minutos de um grande nada.
    Seja como for, no limite, serão um pequeno momento de pausa, tão necessário ao processo criativo. E quem sabe, uma forma de desbloquear bloqueios.

    Até breve.

    1. Olá, Ana.

      Eu é que agradeço o comentário. Sim, acredito que os grandes volumes são feitos de pequenos incrementos… mas, às vezes, até 5 minutos são difíceis de encaixar 😀

      Obrigada,

      Até Breve!

      Sara

  2. Me vejo em meio à algumas histórias por acabar (longas, aliás) e o que tem me ajudado a continuar criando é exatamente esta prática de alguns minutos diários de escrita livre… poesias e contos estão enchendo as páginas do meu fiel caderno. Enquanto as inspirações maiores estão por vir, não deixo de me manter criativa e trabalhar pelas Musas hoje mesmo, da forma como posso. Obrigada pelo post inspirador! Um abraço.

    1. Olá, Monique.

      Obrigada por partilhares a tua experiência, e pelas tua palavras.
      É bom saber que ajudo a inspirar os leitores (Construtores Criativos) deste blog.

      Obrigada,

      Até Breve!

      Sara

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